Tráfico de Carne Humana
17-06-2016 - Henrique Pratas
Vou pegar noutro tema que é muito melindroso, mas como gostamos de dizer quem tem medo fica em casa e mesmo assim não sabemos se nos pode acontecer alguma coisa.
Hoje numa cervejaria que existe perto do meu local de trabalho assisti a um espetáculo perfeitamente abominável e que estamos a passar pela denominada época de defeso do futebol, assisti de poltrona ao modo de funcionamento de três pseudoempresários, a falar à mesa do almoço sobre hipotéticas contratações para diferentes equipas de futebol que não as principais, porque eles não têm andamento a este nível, estamos a referir-nos a jogadores que atuam em equipas do escalão secundário e como os rapazes, mercantilizam é este o termo correto jogadores de futebol das diferentes partes do globo.
Assisti e ouvi a conversa de um deles com um representante de uma equipa alemã, ele convencido que ninguém o entendia, falou em alemão em alto e bom som, só que eu percebi tudo e fiquei completamente arrepiado com os valores que estão em causa e que esta gentalha ganha milhões à custa da ignorância alheia e até me custa a acreditar ou não que jogadores de uma prática desportiva alinhem nestes esquemas. Garantias nenhumas, promessas muitas, resultado assistimos ao tráfico de carne humana apenas com o intuito destes “miseráveis” empresários poderem amealhar algum dinheiro com esta atividade, nesta altura do ano e poderem passar o resto do ano de barriga para o ar, não há maneira de isto ir ao lugar, só os trafulhas e os indigentes conseguem sobreviver nesta maldita sociedade dita “desenvolvida”, mas diariamente podemos assistir a cenas como estas.
Então o espetáculo foi delicioso de se assistir, três homens sentados, a desconfiar de tudo e de todos cada um com seu telemóvel ou mais, vendo imagens de jogadores em ação e fazendo chamadas para aqui e para acolá a ver se conseguem encaixar este jogador ou outro para fazerem uns cobres, que cena mais ridícula, achei eu, mas meus caros é o que temos o ESQUEMA, a ALDRABICE e o ENGODO, porque o objetivo deles é sacar umas massas valentes sem darem garantias quer ao jogador quer ao desenvolvimento da prática desportiva nos Países onde exercem a sua atividade, ou nos quais têm contato. Deparei-me por instantes com um Mundo completamente do nosso, onde a virtude é fazer o contato na altura certa e jogar com a aflição de quem precisa de ser encaixado para além de jogar ganhar uns cobres.
Como lhes escrevi assisti a este espetáculo durante a minha hora de almoço e não paguei mais por isso, quando se aperceberam que eu os estava a topar, começaram a falar mais baixo juntando mais as cabeças em cima da mesa, para que não me apercebesse do que estavam a tratar aperceberam-se disso tarde, são pouco inteligentes, espertos são-no de certeza, mas inteligência é coisa que desconhecem. Interiormente ri-me que nem um desalmado, porque assisti a uma cena de baffons do mais ordinário possível, a certa altura antes de falarem olhavam para mim para ver se eu estava a olhar, como já fiz muitas “viagens” e aprendi com pessoas à séria como proceder nestas situações, fiz-me desentendido e distante de tudo o que se passava à minha volta, consegui com esta postura convencê-los que não me estava a aperceber de nada, entretanto no meio de isto tudo um liga para o Brasil para falar com um jogador com urgência, como este não tivesse atendido o telemóvel deixou recado na caixa de correio eletrónica e eu desatento apercebi-me que a mensagem foi “ liga-me que tenho uma bom clube para jogares, já liguei duas vezes e não me respondeste, ou estás ou não estás interessado oportunidades como esta não aparecem todos os dias. Como podem sentir a agitação era muita, um deles entretanto levanta-se e vai falar para o telemóvel para a porta do restaurante para que os outros não se apercebam do negócio que está a fazer e provavelmente para não ter que dividir as comissões recebidas por esta prática que não sei como classificar.
O intuito de partilhar esta minha vivência é de vos escrever que o Mundo não é dos inteligentes é dos espertos e que vivem à custa de expedientes e quem é sério nesta sociedade feita não sei de quê, quem vingam, são os trafulhas, os aldrabões, os vigaristas que pouco valores acrescentam à sociedade e que vivem à larga sem nada fazerem a não ser mexerem-se nos pântanos e nos subterfúgios que abundam nesta sociedade, quem vive do seu trabalho, é profissional honesto e com princípios, vive mal e porcamente a contar os dinheirinhos para poder chegar ao final do mês, isto é que é uma igualdade de tratamento, o beneficio vai sempre para o lado dos malandros, será que vivemos num País em plano inclinado?
Henrique Pratas
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