Sócrates, carácter é preciso

13-05-2016 - Eduardo Milheiro

A Inauguração do Túnel do Marão contou com a presença de José Sócrates - na qualidade de ex-Primeiro-Ministro que lançou a obra - o outro, o mentiroso compulsivo do ex-Primeiro-Ministro Passos Coelho que dirigiu a caranguejola - que parou a obra e depois avançou com ela novamente - não compareceu, fez bem, a festa não era dele e fez questão de afirmar que mesmo que fosse ainda Primeiro-Ministro não iria, mandaria o Ministro da Economia. Diz isto o homem que inaugurou tudo, penso que até casas de banho; diz isto o homem que inaugurou uma escola quando já não era Primeiro-Ministro.

No que diz respeito a Sócrates, penso que tem de ser mais comedido. A sua absolvição passa pelo folclore, como se andasse em campanha eleitoral. Eu sei que existe a presunção de inocência, mas ele não pode esquecer-se de que é acusado de crimes gravíssimos que, a serem verdade, são uma vergonha para a política, para o País e para quem o elegeu - a serem verdade não será só ele a levar com a onda de choque - a ser inocente, todos lhe devemos um grande pedido de desculpas, mas por agora a opinião pública não acredita nisso.

Dar-se ao disfrute de ir para o Marão… é verdade que foi convidado pelo Primeiro-Ministro António Costa, como se fosse uma estrela de Hollywood, mas está mal. Tem de se resguardar e não aumentar a desconfiança do povo em relação à promiscuidade dos políticos, tem de fazer o período de nojo e esperar que o Tribunal fale e o declare inocente ou culpado. Depois disso, penso que então deverá fazer o acerto de contas com os seus inimigos, ou não.

Estas actuações têm o reverso da medalha: como já muita imprensa e analistas disseram que António Costa de resguardou e não aparece em nenhuma fotografia com Sócrates, e dizem eles que foi porque quis assim, não quis misturas.

É preciso decoro e dignidade. Não pode ser como se fosse um desses elementos desse jet-set nacional que para aí existe composto só por “cromos e penduras”, comem rissóis e croquetes e aparecem nas revistas cor-de-rosa. Tem de ter a dignidade que os políticos devem ter. Mas ele tem de ter, foi Primeiro-Ministro e Secretário-geral do maior partido português, o PS.

Pois é Sócrates, carácter é preciso.

Eduardo Milheiro

 Voltar