A inteligência Social e Institucional, onde param?
13-05-2016 - Asilva
Desculpem...
Mas isto é um jogo de barro à parede, mesmo chato.....
O jornalista, o doutor, o Sr. Rafael Barbosa têm o direito à sua opinião sobre a existência ou não do CM, ou do colégio do Sagrado Coração de Jesus etc. Os que frequentam, sustentam e mantêm o CM e a Instituição Militar têm outra opinião, logo têm e devem de apresentar os seus argumentos e ponto.
A questão dos afectos é uma telenovela, se houve erro ou comportamento humano e pedagógico menos adequado no CM, como antigos professores e o subdirector sugeriram que se averigue , corrija e esclareça . Desde 1995 têm os instrumentos psicopedagógicos adequados.
Fui desde 1993 a 2007 responsável, no exercício de várias funções no CPAE : chefe do Gabinete de Estudos, do Gabinete de Psicologia de Subdirector e Director, pela avaliação psicológica dos candidatos ao IMPE,CM, Odivelas, ESE e AM, nunca foi levantada qualquer questão quanto à orientação sexual ou dada qualquer instrução sobre exclusões quanto à mesma, desde que o comportamento sexual, como todos os demais, higiene, disciplina, maturidade (esta muito importante e também se refere à actividade sentimental e sexual e à autonomia), por exemplo, fossem os esperados no contexto da socialização da nossa civilização (não somos índios, nem tatus, claro) e das instituições existentes , como faz parte do perfil de competências de cada função, e é uma exigência comum a todas organizações inteligentes, eficientes e civilizadas, o que, dentro dos parâmetros legais, constitucionais e morais vigentes necessariamente tem de levar em linha de conta a cultura organizacional de cada instituição.
Parece evidente que se o órgão militar responsável pela avaliação destas dimensões não exclui, no momento da avaliação ninguém, por causa da sua orientação sexual não pode, a não ser arbitrariamente, alguém que foi selecionado ser excluído por causa da sua orientação sexual. Porém, outra coisa será que no caso do CM ou noutro local , por acontecimentos sobrevindos de natureza diversa, depois de se fazer tudo o que deve ser feito ao nível psicopedagógico e humano no caso do CM se considere que um dado aluno Y estará melhor noutra escola, o que, só deve ser feito no limite e depois de auscultada a criança ou adolescente, e a mudança deverá sempre ser feita até ao limite das possibilidades no fim do ano lectivo, e seria isto que, na minha opinião, deveria ter sido esclarecido, concreta e objectivamente, com a salvaguarda do bom nome das eventuais crianças ou adolescentes envolvidos, que segundo uma ex-professora existiram, como o declarou numa atenta aberta e os vários e-mail referem como uma prática consagrada, como a melhor para proteger os visados .
Se o que fica dito e os esclarecimentos claros sobre a realidade não forem suficientes, então, estamos num ambiente de má vontade, mas também não se deverá tentar fazer crer que o subdirector do CM estava a reportar-se a alucinações suas, ninguém acredita nisso, e quase todos pensam que algo existiu, mas como em Portugal se tornou um hábito as telenovelas egocêntricas, sem uma perspectiva multidimensional, despida sim de afectos às pessoas, calculadas cognitivamente e em franca violação dos princípios mais nobres e universais do Humanismo e dos Direitos, esta saga continua com argumentos... enfim... sem osso, sem afectos e, mesmo, pior sem cérebro no que à lógica diz respeito. Como dizia Piaget não se procure lógica por tudo quanto é sítio, porque não existe, mas há matérias em que é imprescindível usá-la, e este caso parece-me um desses. Julgo que agora até a posição, anti-doutoral do PSD na oposição, poderia facilitar a compreensão de que os argumentos baseados na exclusiva e suposta autoridade dos seus autores pode ser falaciosa e só servir para os crentes.
Concluindo:
Se na avaliação das candidaturas de admissão a orientação sexual não é tida, nem achada, não pode haver depois nenhuma descriminação, a não ser por práticas discricionárias e abusivas, ponto. Outra coisa é o problema concreto de x e y e da escola, que têm de merecer no concreto a melhor resposta que proteja os interesses das criança/adolescente, dos outros, da qualidade das interações, o que, deve ser analisado e objecto da melhor intervenção psicopedagógica, como noutros casos, desde 1995, se fizeram com êxito.
Infelizmente estas intervenções de uns e outros são quase sempre baseadas em pré-noções, convicções, atitude apologética ou de crítica contundente, e com completa ignorância, mesmo arrogante, de que nestas matérias há conhecimento cientifico: psicologia, pedagogia e o processo civilizacional que permitem as melhores respostas, que nunca serão milagres.
Mas tudo isto revela o que somos, perante uma questão concreta divagamos, divagamos. Esquecendo o facto, em si, e o que pode ser mobilizado para solucionar a questão neste caso: quer seja a da eventual prática de um comportamento explicito ou velado de descriminação sexual; quer a de negar a razão de ser do colégio, baseando-se nestes casos, o que, a acontecer revela a mesquinhez conceptual de tão doutos escribas., ou seja, da piolheira Nacional no seu melhor, como desde o seculo XIX Eça diagnosticou.
E uma vez mais sugiro que, na minha opinião, a disciplina do estudo de situação permitiria equacionar as melhores modalidades de acção e evitar a casuística, mas esta é o que está dar. Mesmo sofrendo de preguiça intelectual, emocional e civilizacional brilha-se, logo para que se cansar?
Asilva
De como Rafael Barbosa escreve sobre o Colégio Militar- texto de David Martelo- 05 Mai16
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