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A Vida que não vivemos

08-04-2016 - Henrique Pratas

Estamos numa fase em que tem nas mãos o destino do País não permite que os seus cidadãos viam a vida na sua plenitude, estão a causar danos irreparáveis nas pessoas, mas poucos se interessam por isso o que interessa é o seu bem-estar.

Falo com muitas pessoas e todos me dizem que estão fartos, que não querem saber do que os políticos fazem ou dizem, simplesmente querem que os deixem em paz, mas nem isso conseguem, porque lá vem um aumento inesperado ou uma doença súbita e lá se vai a estabilidade que tentam manter à viva força contra ventos e marés, mas não conseguem porque existe sempre um imprevisto.

Estamos todos na antecâmara da “morte” agonizando, desfazendo-nos aos pedaços e deixando morrer um pedaço de nós todos os dias, a bandidagem está a conseguir os seus objetivos que como muito bem sabem são retirar-nos um pouco de nós todos os dias e estão a consegui-lo por meio do cansaço, a maior parte de nós está esgotada, farta, exausta eu sei lá que mais.

Ontem falando com um amigo, que está muito longe de ser retrógrado e um homem com muita vontade de viver e com objetivos claros e bem delineados na sua cabeça, com uma família sólida, disse-me: “Independentemente de tudo tenho que te dizer uma coisa, que não vais gostar de ouvir, vivia melhor no tempo da outra senhora do que agora, a liberdade que dizem que conquistámos com o 25 de abril de 1975, até isso nos foi retirado, estou confuso já não sei quais são os melhores tempos”. Nunca esperei ouvir isto vindo de quem vem, amigo de longa data nos bons e nos maus momentos, está desesperado, não por dificuldades financeiras, mas porque se encontra refém desta paz podre que se instalou neste País, ainda me disse que já não aguenta mais, mas também equacionou qual é a alternativa e não encontra, já está reformado, mas gostava que as condições do País lhe proporcionasse a ele, aos filhos e aos netos fossem outras é uma homem revoltado, enganado e desgostoso, com muitos que encontramos pelo nosso País fora.

Espero que os detentores do capital que tem liberdade para fazer tudo e mais umas botas estejam contentes e felizes, porque a eles não lhes falta nada e até já recuperaram mais do que aquilo que igualmente lhe foi subtraído corretamente em tempo oportuno. O crime compensa para os mais poderosos, já para os menos afortunados pela sorte, esses são punidos exemplarmente, os primeiros são condecorados e elogiados, ora como é que este País se endireita ou toma rumo em que vejamos alguma luz ao fundo do túnel.

Estralhaçaram isto tudo os pais têm que ajudar os filhos casados ou não, estes ficam cada vez mais tempo em casa dos pais não têm possibilidades de lá saírem, ajudam também os netos, porque entendem que o devem fazer porque vêm as dificuldades dos filhos que não têm tempo nem dinheiro para ser pais, as famílias estão desorganizadas e sem futuro vivem o dia-a-dia porque não sabem o que é que lhes pode acontecer hoje, agora, já, desformataram o que era o núcleo principal de uma sociedade as famílias e conseguiram-no através de medidas de coação psicológica, de intoxicação e de inversão de valores e nada é por acaso, muita gentalha contribuiu par este processo de forma mais direta ou menos, mas há culpados par a situação a que chegámos e não sabemos onde é que isto vai parar.

Mas voltando ao desabafo com o meu amigo que nunca esperei ouvir, pois ele é um Homem, com experiência de vida, optou pela marinha mercante para não fazer a Guerra Colonial, mas teve que lá andar pelo menos 10 anos da sua vida era o preço que tinha que se pagar para não ir à Guerra, pagou-o bem caro, para quem conhece um pouco desta atividade, na altura menos desenvolvida tecnologicamente que hoje, onde as inspeções aos navios se compravam para que estes pudessem navegar em suposta segurança, depois de ter transportado muitas munições para as colónias na proa do navio, sujeito a que um desacerto numa manobra o navio fosse pelos ares lá andou e com muitas histórias que tem partilhado comigo, já pai de dois filhos, quando pôde dizer basta disse-o, apesar de já+ ter atingido o posto mais alto dentro da hierarquia na classe da marinha mercante, queria tempo para estar com os filhos e com a mulher, ou seja a família, aquele núcleo essencial a uma sociedade desenvolvida, a custo e com perdas salariais substantivas, conseguiu-o, reformou-se antes da idade legal de reforma, pois já se encontrava cansado e farto disto tudo, aliás ele utiliza muitas vezes uma expressão que é perfeitamente elucidativa, “estou farto de meninos” e acrescenta sempre para que não sobrem dúvidas, “meninos no mau sentido da palavra”.

Produzida a sua afirmação eu nem sequer argumentei porque ele tem razão e aí outra expressão vem “olha deixa lá ver o que é que acontece e depois logo se vê”, são estas incertezas que nos dominam, onde se promove a incompetência, os incultos para não escrever os selvagens e o que vamos encontrar à frente das organizações do Estado e Privados são gentinha com este perfil que querem estar bem com Deus e com o Diabo, que fazem de conta que não têm opinião, para poder exercer cargos para os quais não têm o mínimo das competências, porque se derem lucro abotoam-se com os dinheirinhos extras, quando dar bronca o Zé paga e se derem prejuízo o Zé paga na mesma.

Quero eu dizer nós os Zés deste País estamos bem fo..dos porque a nossa alcunha é o pagante, bem nos basta pagarmos com prazer um copo, um almoço ou o que quer que seja a um amigo, ainda temos que pagar os erros intencionais que outros cometem por conveniência própria para melhorar a sua bolsa, estamos bem lixados estamos ou como dizem na aldeia dos meus pais fomos bem encavados.

A única coisa que nos resta é escaparmos a estas atrocidades que se cometem todos os dias e viver um dia de cada vez sem futuro no horizonte.

Henrique Pratas

 

 

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