DEMOCRACIA FINANCIADA PELOS CAPITALISTAS… ONDE FICAVA O POVO NESTAS FOTOGRAFIAS?...
08-04-2016 - Matos Serra
RECORDANDO
Durante o ciclo de governação a que o passado quatro de outubro, felizmente, pôs cobro, recordo que, num dos diários da nossa praça, (Diário de Notícias de 21/08/14) exemplar que guardei para memória futura… ao cimo da página dois, e apanhando, ainda, o canto superior esquerdo da página três, víamos os barões do dinheiro com que era pago o baronato neoliberal a que muitas e até honestas boas vontades continuavam a chamar “DEMOCRACIA” com que, se sustentava o desmando plutocrático a que, impropriamente, a dupla do poder, continuava a chamar Estado de Direito – direito dos mais fortes… dizia eu que não ando cá só para ver passar os comboios.
O quinteto, figurado, dos compradores da democracia engendrada entre mentiras ao povo e pagamentos às falanges dobradas aos neoliberais e subordinadas à cleptocracia instituída, estava ali postado, não como cinco Madalenas arrependidas mas como importantes compradores de poder com que se afirmavam DDT nacional, quero dizer, donos disto tudo. O meu bem haja ao DN desse dia que me deixou memória…
Nesses cimos de página, dois e três, esse quinteto representava alguns dos mais importantes financiadores dessa democracia cavaco/coelhista que poderíamos abreviar para, simplesmente, cavaquista. Ali se destacavam as venerandas figuras representativas do capital bancário, em plano primeiríssimo, o Salgado, como financiador mor das campanhas do então, e, infelizmente, para a História do País, Presidente da República, e de outras importantes excelências pardas dum ARCO que, então, ainda continuava a perdurar… mas, também lá figuravam outros passarões, gente que se tem mostrado com muitas afinidades a essa democracia tal como ela nessa fase se afirmava e ali se mostravam, nos seus ares seráficos, os senhores Oliveira e Costa, Jardim Gonçalves, Abdul Vakil e João Rendeiro… e eram mencionadas as somas com que cada qual havia contribuído para a cavaquista eleição.
Muito maior poderia ser este friso para a mobília ficar mais completa, porque trastes… desta gama, é o que não faltaria para completar o stock.
Ao centro, da página dois, via-se o patrão dos financiadores, senhor Ricardo Salgado, ostentando um sorriso de orelha a orelha, numa pose segura de quem manda ou mandava… vê-se que falava com o financiado Senhor Cavaco Silva que ostentava um meio sorriso inseguro, a caraterística da pose da subserviência e da submissão.
Não era de admirar que as poses fossem as que eram… Salgado vem de uma família que, ainda antes do sec. XX e do Salazarismo, já dominava e mandava em Portugal e que teve facilidade de continuar mandando e dominando, ainda com mais prepotência, quando um pobretana de Santa Comba, que cursou a expensas dos patrões, submisso e leal servidor dos princípios e valores dos donos desta Pátria, ascendeu a líder deste estado onde o provincianismo, o providencialismo e a preparação de mentalidades submissas eram as regras base para engendrar o poder de estado… Cavaco Silva, defensor dos valores neoliberais, não obstante vir de uma família do povo humilde e honrado do seu Boliqueime natal, é um submisso servidor dos DDTs deste país a quem os princípios e valores do 25 de Abril nunca assentaram lá muito bem.
Sobre o lado esquerdo da imagem das duas figuras, uma de proa e a outra de broa… estava, ou está…porque o jornal ficará em arquivo para propagar, ao futuro, esta verdade… o título a grandes parangonas, a preto: “FAMÍLIA BES” FOI GRANDE FINANCIADORA DA CAMPANHA DE CAVACO.
Claro que o título dá apenas um cheirinho da verdade… Onde se lê
CAMPANHA deveria ler-se CAMPANHAS… e onde se lê “FAMÍLIA BES deveria estar escrito “FAMÌLIAS PODEROSAS” do empresariado bancário, industrial, comercial e especulador.
Porque, realmente, foi esta clique de poderosos que sempre têm financiado e continuarão a financiar, nesta fase da desgraça nacional, a clique dos serventuários neoliberais, seus dobrados e fiéis servidores… assim como na primeira fase da recuperação capitalista neoliberal financiaram o Senhor Mário Soares, a quem, nas últimas campanhas em que participou, já com o processo restaurado, concederam algumas espécies de esmolas, não viesse o diabo tecer alguns enganos nas suas cavaquistas previsões.
O que me admirava e continua a admirar-me, era que, perante essa imoral opereta bufa, a parte maioritária do povo, muita gente corrida, em termos salariais, a vencimentos mínimos, continuasse a chamar democracia ao poder engendrado pelos DDTs e assumido pelos subordinados do neoliberalismo dominante, financiados em campanhas, ignominiosamente pagas pelos mesmos DDTs e tenha continuado a dar –lhes um voto expressivo, embora não suficiente que os autoriza, nesta fase em que foram arredados do poder, a ter veleidades de que, em breve regressarão para continuarem a implementar o seu tipo de escravatura… E, depois, ainda dizem – “povo aguenta, aguenta” … E o povo com umas idas a Fátima e outras ao futebol… umas larachas dos pregadores de serviço, tipo José Manuel Fernandes e afins… e com as campanhas eleitorais sempre bem lubrificadas, quero dizer… bem financiadas para darem corda aos mercenários da comunicação… poderá trazê-los de volta.
Nem todo povo aguenta e vai na onda… mas uma boa parte continuará a dançar este baile mandado pelos mestres do bailinho, os DDTs.
“Que povo é este em que tanta gente continua a viver nos antípodas da consciencialização social”?
Matos Serra
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