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Estamos num estado de direito, ou estamos no “estado a que isto chegou”!?

07-02-2014 - Eduardo Milheiro

Delapida-se o património nacional - seja cultural ou económico - faz-se tudo e vende-se tudo como se vivêssemos numa república das bananas e normalmente por meia dúzia de tostões!

Apetece-me recordar as palavras que Salgueiro Maia disse aos seus homens antes de partirem para Lisboa, na noite em que Portugal foi libertado da ditadura, que hoje algumas vezes dou por mim a pensar se não terá sido um sonho que tive e que na realidade não passou mesmo disso:

Capitão Salgueiro Maia: “Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos"

A propósito da polémica tentativa de venda em leilão pela Christie's , que a própria cancelou em virtude das condições pouco claras em que as obras chegaram a Londres para venda, os responsáveis portugueses fazem o nome de Portugal ficar mais uma vez manchado pela forma pouco clara como trata dos assuntos do nosso país, nesta política de “vão-se os anéis fiquem os dedos”, porque a ficarem dedos gostava de saber, para fazer o quê!

Apesar do parecer da DGPC (que transcrevo a seguir), tudo avançou com se não houvesse, nem estado de direito, nem um país onde os cidadãos e as instituições têm de ser respeitadas:

A Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) considera que “os procedimentos legais” em torno da expedição para Londres das 85 obras de Joan Miró que estão nas mãos do Estado desde a nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN) “não foram cumpridos”. Esse facto foi denunciado à Secretaria de Estado da Cultura a 15 de Janeiro, quando também reiterou que seria do interesse do Estado adquirir a colecção. A Lei de Bases do Património Cultural obriga a que a saída de bens culturais seja precedida de uma comunicação à DGPC com pelo menos 30 dias de antecedência, o que não aconteceu.

Este nosso país está a atingir o limite do suportável e o futuro não é risonho, que o diga quem no mês passado viu os seus vencimentos levarem um corte enorme, mais não houve porque vão ser efectuados só para depois das eleições europeias como forma dos portugueses poderem pensar que as coisas estão a mudar. Efectivamente não estão, estão é a ser enganados, pela mais hipócrita e desavergonhada forma de fazer política pelos partidos que suportam o governo.

A propósito deste estado a que chegámos, disse o Presidente da Associação Nacional de Sargentos:

O presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS) defendeu hoje uma "revolução de mentalidades" e revelou que os militares vão estar "ao lado" dos portugueses quando estes se convencerem de que "a mudança está nas suas mãos".

"O discurso do não há alternativas, de que não vale a pena votar, o facto de haver mais de 50% de abstenção é um sinal claro de que essa consciência ainda não está tomada. Sucessivos responsáveis políticos têm conduzido o povo português a este estado de alguma letargia e de algum desacreditar. Isso não é inocente", sublinhou António Lima Coelho, em declarações à Lusa à margem das comemorações do 31 de Janeiro de 1891 no Porto.

Para o responsável, quando "o povo português se consciencializar de que está nas suas mãos a mudança de que o país precisa, pode bem ter a certeza que os militares, e os sargentos em particular, estarão ao seu lado a defender os valores democráticos, da liberdade e os valores e princípios inscritos na Constituição".

Esta comunicação demonstra na prática como estão os sentimentos dos portugueses. Diria eu que a bomba está feita, só está à espera que alguém acenda o rastilho. É o que na verdade pode acontecer se o poder não começar a actuar com bom senso e continuar nesta senda de empobrecer os portugueses, nesta economia que quer encontrar um equilíbrio pelo corte dos salários e das pensões dos nossos cidadãos, tornando a mão-de-obra mais barata para fazer o ajustamento que a Troika exige.

Espero que este estado a que chegámos mude rapidamente, se não for a bem que seja a mal, mas que mude.

Eduardo Milheiro

 

 

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