Eutanásia
04-03-2016 - Henrique Pratas
Bastonária dos Enfermeiros chamada com urgência ao Parlamento. PS quer "cabal esclarecimento das declarações" de Ana Rita Cavaco à Renascença. Socialistas querem "evitar o alarme social".
O PS entregou esta segunda-feira no Parlamento um requerimento para a audição urgente da bastonária da Ordem dos Enfermeiros, na sequência das polémicas declarações à Renascença sobre eutanásia.
“No passado fim-de-semana, em entrevista à Rádio Renascença, a Senhora Bastonária da Ordem dos Enfermeiros admitiu alegadas práticas de eutanásia no Serviço Nacional de Saúde. As declarações proferidas sugerem que a eutanásia possa ser uma prática pontualmente aceite por profissionais de saúde, prejudicando desta forma a confiança dos doentes e dos seus familiares, pondo em causa a prevalência do princípio da autonomia individual", refere o requerimento.
"Para o cabal esclarecimento das declarações proferidas e com o intuito de evitar o alarme social, considera o Grupo Parlamentar do Partido Socialista, ao abrigo das disposições regimentais e constitucionais em vigor, ser urgente requerer a audição da Senhora Bastonária da Ordem dos Enfermeiros."
O Ministério Público vai abrir um inquérito na sequência das declarações da bastonária da Ordem dos Enfermeiros. Em resposta à Renascença, a Procuradoria-Geral da República esclarece que “sempre que tem conhecimento de factos suscetíveis de integrarem a prática de crimes, age em conformidade através da instauração do competente inquérito”.
Também o Ministério da Saúde deu ordem à Inspeção-geral das Atividades em Saúde para abrir um inquérito e apurar a verdade dos factos.
A Ordem dos Médicos considera "gravíssimas" as afirmações de Ana Rita Cavaco, uma vez que envolvem médicos e enfermeiros na alegada prática encapotada de crimes de homicídio.
Em declarações esta segunda-feira aos órgão de Comunicação Social, a bastonária afirmou não ter dito "que se tinha cometido ilícito nenhum”, mais acrescentou que, "Sugerir alguma coisa, discutir um assunto não configura nenhum ilícito.
Discutir não é crime, sugerir não é crime, falar sobre as questões não é crime", disse.
De facto discutir ou falar sobre este tema não constitui ilícito de nenhuma espécie, mas quando existem doentes que morrem sem causas aparentes e volto ao caso do meu familiar que por um triz não faleceu, começamos a questionar as práticas médicas realizadas por médicos e enfermeiros, isto é que é grave, nenhuma pessoa que desse entrada num Hospital ou Centro de Saúde não deveria sentir a sensação desagradável que pode ser a última vez que lá entra. Nós chegámos a ponto de saturação tal que se cometem erros/falhas, que para mim são graves e para os designados profissionais de saúde é apenas um lapso, pudera não é corpo deles que está em causa, é preciso ser profissional naquilo que fazemos e no caso da saúde ainda mais, aquilo que eu noto é que ao entrarmos num Hospital deixamos de ser pessoas para passarmos a ser euros e ser tratados como meras mercadorias, claro que no meio desta “fauna” toda existem pessoas que são profissionais e que exercem a suja profissão com a maior dedicação, mas isso são honrosas exceções, que deviam constituir um exemplo para os outros, mas não o sistema que implantaram privilegia os primeiros. Esta é verdade tanto no público como no privado.
A eutanásia é uma matéria muito sensível que quer uma ampla discussão da sociedade portuguesa e como sabem mexe com matérias muito delicadas como por exemplo a religião e a cultura de cada um dos indivíduos.
Para mim a posição está muito clara, já há muito que pensei sobre esta matéria e entendo que depois de esgotados todos os meios científicos, técnicos e médicos para que eu sobrevivesse sem qualquer qualidade de vida e constituísse um fardo para os meus familiares, apoio claramente a decisão de cada um poder fazer a sua opção, a minha seria claramente a da eutanásia, depois de esgotados todos os prazos, os meios técnicos e humanos, gostaria de ter a minha dignidade até ao último momento. Já estou a ouvir algumas vozes a dizerem então não nos tratam com dignidade durante a nossa vida e vão-nos tratar com essa mesma dignidade quando já estamos com os pés para a cova. Concordo convosco perdeu-se o respeito e a dignidade, características pelas quais se deveriam pautar uma sociedade dita evoluída, mas não é assim como sabem, mas uma coisa lhes posso escrever enquanto uma sociedade não recuperar estes valores não vamos a lado nenhum e eu costume dizer que as pessoas precisam de ser bem tratadas é em vida depois de mortas já não precisam de nada.
Eutanásia sim, mas com condições perfeitamente claras e depois de esgotados todos os meios ao alcance de quem exerce uma atividade médica, como acontece em alguns Países Nórdicos.
O que me assusta é que a eutanásia esteja já a ser praticada de forma encapotada, quero eu dizer com isto, que estejam a morrer pessoas por falta de cuidados médicos, de equipamentos, de enfermeiros e de profissionais da saúde, conheço situações em que pessoas morreram com uma Cépsis (Septicémia), infeção generalizada por falta de darem antibiótico em quantidades necessárias e suficientes para que seja debelados os focos de infeção, alguns chamam a isto incúria, eu não o encaro como tal porque se há pessoas que não podem nem devem falhar são os profissionais de saúde sejam eles médicos ou enfermeiros.
Com as pessoas não se brinca, admito dúvidas quanto aos efeitos de uma medicação ou de um ato cirúrgico, o que não admito é que nessa situação não se faça um controlo apertado para ver ao segundo as reações do paciente, para se tomarem as medidas corretivas entendidas por convenientes, porque volto a repetir PESSOAS são PESSOAS e não objetos.
Alguns pensarão ao ler estas minhas linhas, este “tipo” é utópico, admito, mas há uma coisa que não admito a ninguém é a falta de profissionalismo em qualquer das áreas onde exercemos funções com especial acuidade na SAÚDE e na EDUCAÇÃO, que são para mim os dois pilares mais importantes que sustentam uma sociedade e onde o Governo dos Países deveriam apostar forte e feio.
Para terminar vamos quer mais um Comissão Parlamentar para nada e conversar/discutir sobre os nossos destinos de forma séria, educada e sem ideias pré-concebidas isso não somos capazes, não queremos ou não nos deixam fazer.
Henrique Pratas
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