Hospital de Santarém
04-03-2016 - Henrique Pratas
Esta semana tenho escrito sobre o que se passa na saúde, tem sido o meu principal foco de atenção, porque se passam coisas inacreditáveis nesta área.
Relativamente a este Hospital traz-me à memória um acontecimento ingrato e mais uma coisa que não devia ter acontecido. Há uns anos atrás, poucos, o pai de um amigo meu, que vivia no Arripiado, teve que dar entrada de urgência do Hospital, porque padecia de um problema intestinal grave.
Deu entrada na sexta-feira e vai para o SO aí ficou meteram-lhe soro, procedimento normal e usual em todos os Hospitais e vá de esperar para fazer mais exames complementares de diagnóstico, esperou-se até desesperarmos até que um médico nos vem dizer que ele precisava de ficar internado devido ao facto de ter que fazer uma ressonância magnética e que só poderia ser feita na segunda-feira. Na segunda-feira perguntei eu, sim só pode ser na segunda-feira porque quem trabalha com o equipamento é uma pessoa que vem de Coimbra e aos fins de semana não se podem fazer estes exames porque não possuímos pessoal habilitado para o fazer. Eu fiquei verde, azul, eu sei lá então um Hospital Distrital estava reduzido a estes serviços mínimos, aí ganhei consciência que de facto temos diferentes Países dentro de um próprio País, por mais que questionasse o médico para que ele me explicasse o motivo e a razão aceitável para que tal acontecesse, não obtia respostas, fiquei-me com a minha indignação e como todos nós reduzi-me à minha insignificância e à minha incapacidade para fazer qualquer coisa, havia que esperar e nada mais.
Na segunda-feira o bendito operador e conhecedor de por a máquina a fazer ressonâncias magnéticas, lá chegou e a máquina funcionava e tudo, esse senhor não foi dos primeiros a fazer o exame porque entretanto chegaram outros pacientes urgentes e tiveram prioridade. Quando chegou a vez dele fez o exame e foi para o quarto, mais tarde ao cair da noite entra o médico esbaforido pelo quarto a dentro sem pedir licença a ninguém a situação era mais grave do que se pensava os intestinos tinham dado nós e estavam todos torcidos, perante tal quadro a cirurgia era o indicado, mas a equipa só estava disponível no outro dia pela manhã, já não foi preciso a pessoa que se torcia com dores e com razão para tal tinha falecido entre a noite de segunda-feira e a manhã de terça-feira.
O que é que vocês pensam disto pergunto eu, isto não é uma forma de eutanásia encapotada, questiono, então uma pessoa entra numa Unidade Hospitalar gravemente doente e não é assistido convenientemente.
No texto que lhes escrevi sobre este assunto, alertei para estas ocorrências que são muitas e devem ter reparado que nunca escrevi sobre o dinheiro que a alterações de medidas pode trazer ou não, porque nestes casos o que é importante é a vida das pessoas o dinheiro é secundaríssimo ou se quiserem de pouca importância, não há dinheiro nenhum neste Mundo que cubra a vida de uma pessoa seja ela quem for, mas se quiserem ir por aí também posso ir fazer medicina preventiva e criar hábitos de saúde é francamente mais saudável e mais barato, portanto não venham com essas dos milhões que se gastam na saúde porque é mentira. Eles apenas se gastam porque se faz medicina curativa e aí sim há que deitar mão o tudo e às vezes não chega para salvar a vida de uma pessoa, se se mudar de paradigma e começarmos a educar os nossos jovens que têm que ir ao médico regularmente e educarem-nos a serem saudáveis, criando uma estrutura de saúde necessária a este modo de funcionamento certamente que o nível de saúde no País melhora significativamente e os custos reduzem-se substancialmente.
Importa fazer uma ressalva, provavelmente estas medidas não são bem acolhidas por alguns dos elementos que se movimentam nesta esfera de atuação, mas o interesse e o bem-estar dos portugueses e3stá acima de tudo, escrevo eu que não sou político.
Termino fazendo uma menção a uma notícia que surge hoje nos jornais, que a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais na Saúde traz um custo acrescido 40 milhões de euros, será que só conseguem olhar par os custos e os benefícios disso não falam, como seja a criação de emprego, a não emigração dos nossos jovens e um melhor tratamento dos doentes, isto não é contabilizado ou está tudo bem na Saúde, não há nada para melhorar?
Henrique Pratas
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