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O Aníbal das Medalhas

12-02-2016 - Henrique Pratas

Nestes últimos dias temos assistido a condecorações e mais condecorações realizadas pelo Presidente da República em final de mandato, eu não sei se inevitavelmente terá que escoar todas as condecorações que tem em stock, ou se quererá ficar para a história por ter sido o Presidente que atribuiu mais condecorações a maior parte delas imerecidas.

A última que tive conhecimento vai ser atribuída ao Ex- Ministro das Finanças, aquele que fez um aumento colossal dos impostos, de seu nome Vítor Gaspar, mas que nada tem a ver com os reis magos, ao contrário destes que distribuíram, incenso, mirra e ouro, este tirou-nos tudo o que havia para tirar menos a pele.

Não sei não me interessa e não quero saber qual o critério utilizado para a atribuição destas condecorações à última da hora, eu pensava que era por bons serviços prestados à Pátria, mas não me parece, a avaliar pelo nome que lhes indiquei anteriormente que só não nos arrancou a pele porque não conseguiu e comparando com as condecorações que foram aos militares que estiveram na Guerra Colonial, afigura-se-me, como pouco decente a atribuição a estes “bastardos” que nada fizeram pelo País a não ser malfeitorias, não nos podemos que o mesmo Presidente que agora atribui condecorações a torto e a direito foi o mesmo que condecorou Zeinal Bava, Administrador da Portugal Telecom, que posteriormente se veio a verificar que tinha feito uma gestão ruinosa na referida empresa, se o critério é este então condecorem-se todos os presos de delito comum e ainda penso que os dias que lhe restam de “reinado” não vão chegar para cumprir tal tarefa.

O que eu não gosto mesmo nada é que se deem estas condecorações a quem só fez patifarias neste País, porque comparando com quem deu o “coiro” por este País e foram condecorados no dia 10 de junho, por bons serviços à Pátria, se está a cometer uma injustiça se não ofensa a estes últimos que de uma forma abnegada deram o que melhor tinham para dar por uma Guerra para a qual apenas foram convidados a participar e mais nada lhes foi perguntado se estava de acordo ou não, tinham que ir e não podiam estrebuchar, porque ordens são para cumprir mesmo que não façam sentido nenhum. Entre estes últimos já tinham ocorrido muitas injustiças porque alguns que deviam ter sido condecorados o não foram porque não eram bem queridos do regime, outros foram-no a título póstumo e outros ainda foram-no porque faziam parte dos “eleitos” das hierarquias militares ou dos detentores de cargos políticos. Questionam-me vocês onde é que está a diferença, só lhes posso responder que em termos formais não há diferença nenhuma, os “fiéis” a este regime democrático por mais barbaridades que cometam são condecorados, aqueles que de facto fizeram e fazem alguma coisa por este País são esquecidos como os militares que andaram na Guerra do Ultramar e deram o melhor se si nos melhores anos da sua vida. A ingratidão é imensa, então e o Povo anónimo deste País que se sujeita a todos os despautérios vindos das orientações politicas e que sofrem agruras com os cortes nos vencimentos e nas pensões não são condecorados por isso, o que recebem em troca são mais promessas de cortes nos seus rendimentos, adiamento do retorno às 35 horas de trabalho semanal, talvez para 01 de julho ou final do corrente ano, não se sabe e vai ser de uma forma criteriosa, só de pensar nesta forma de o fazerem já estou com os dois pés atrás, porque entendo que chegada a altura vai haver uma ausência de critério, ou critérios que não são entendíveis por todos. Quero eu fazer notar que esta matéria vai ser tratada à velocidade de um cágado convalescente.

Bem vamos ao que interessa, tenham cuidado e estejam atentos não vos caia em vossa casa alguma condecoração inesperada, por isso vos deixo aqui este aviso para que estejam preparados para o efeito e depois não se admirem, mas já ficarão na posse de alguma coisa que vão poder aos vossos filhos ou netos, mas preparem bem o discurso para que quando eles lhes perguntarem porque é que receberam a condecoração, tenham a resposta na ponta língua, preparem-se.

Henrique Pratas

NB – O título deste texto foi inspirado numa personagem da novela “Roque Santeiro”, Zé das Medalhas.

 

 

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