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Novos tempos e as mesmas linguagens

10-01-2014 - Eurico Henriques

Talvez este seja o meu primeiro texto para o ano de 2014. A arte da escrita, umas vezes boa outras nem tanto, constitui uma das atribuições que considero ter desenvolvido ao longo destes tempos que me acompanham.

O tempo traz consigo várias mudanças, o que sempre se tem afirmado. A propósito disso lembro o poema de Camões sobre a Mudança – que constitui o tema dos Jogos Florais da Associação do Património para este ano. O “nosso celebrado poeta” foi um andarilho que percorreu “Seca e Meca e o Vale de Santarém”. Pode ser que interpretem esta afirmação como uma forma gongórica de celebrar alguma coisa, mas o que pretendo dizer é exatamente isso: andou por terras desconhecidas à procura de segurança e de uma vida melhor. Mas voltou pobre porque, nos lugares por onde caminhou, esteve sempre sujeito aos senhores que daqui partiam.

Aqui as coisas não mudam, ou então tardam em mudar. A mudança é uma miragem q ue se vê em determinadas alturas e, também, se sente, mas depois tudo regressa aos princípios.

As linguagens que utilizamos para comunicar estão em transformação constante. Hoje há uma necessidade de conhecermos os processos de comunicação que estão à nossa volta. A informação mais recente que obtive diz que o facebook estará desativado num futuro próximo pois que os jovens não querem os pais na mesma plataforma digital comunicativa. Esta constatação traz consigo a certeza da diferença que há entre gerações e da capacidade que os mais novos apresentam para encontrarem os seus próprios caminhos.

A encontrar novos caminhos estiveram os que, sendo da minha geração, procuraram um mundo melhor. Lembrando esses tempos recuados e, com eles, a fase do acreditar nas doutrinas que se diziam redentoras do homem e – com a condescendência de então – da mulher, traz a certeza de que não se deve acreditar no que não vemos ou não podemos avaliar com certeza.

Há uma raiva surda que vai acompanhando o nosso tempo. Ela resulta da impotência, ou então do acordar com a realidade que temos. As linguagens que se utilizam, sempre adulteradas pela utilização de metáforas e de floreados enganadores, deixam uma sensação de desconforto.

Eurico Henriques. Lic.ª em Hist.ª e Mestre em Comunicação.

 

 

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