Os tontos!
24-07-2015 - Francisco Pereira
Portugal é um país de tontos. Verdade inquestionável ao verificarmos os dados sobre a saúde mental cá do burgo. Diz um relatório de 2013 que Portugal apresenta a prevalência mais elevada de perturbações mentais (22,9%) entre oito países europeus e é o segundo a nível mundial, entre nove países analisados.
Atendendo a estes números, fica provado aquilo que dissemos no início deste texto, somos efectivamente um país de tontos. Para alguns de nós ainda será familiar a imagem dos alienados vestidos apenas de pijama ou só usando um velho guarda pó puído que deambulavam pelas ruas nas imediações do antigo hospital Júlio de Matos em Lisboa, por ali andavam a cravar cigarros e moedas, na sua grande maioria eram pobres diabos inofensivos, se bem que havia um ou outro mais agressivo quando a pedincha não surtia efeito, essa imagem foi durante muitos anos emblemática do estado da saúde mental em Portugal.
Tenho ouvido muito raramente falar em política de saúde mental, ora, entre nós as políticas de saúde mental fazem-se notar especialmente pela sua ausência. A saúde mental é algo que como não traz votos, é relegada para as calendas, o que num comprovado país de tontos faz todo o sentido e não augura nada de bom.
O actual governo merceeiro, não será talvez muito pior que todos os outros anteriores que já eram uma porcaria, mas andará seguramente na mesma linha de miserabilismo no que à deficiência toca. Os deficientes em Portuga são uma espécie de marginais enjeitados, de que ninguém quer saber, e se falarmos de doença mental então pior.
Esta semana circulava um artigo de jornal sobre um pai que por ter tatuagens viu a sua criança ser rejeitada numa qualquer escola privada, deu-me vontade de rir, que muita gente se apressou a condenar, e bem, o facto, mas que desconheçam que é isso que se passa com os portadores de problemas mentais e ou cognitivos, severos, moderados ou suaves, pois essa coisa da “inclusão” só funciona, e mal, na escola pública, onde a farsa do ensino especial lá vai tapando o Sol com a peneira.
Eis-nos um país de doidos, onde os mesmos são atirados para a sarjeta, escondidos, esquecidos e rejeitados pelos que se crêem normais e mentalmente sãos. Governo atrás de governo tem passado e o fio condutor é sempre o mesmo, menos dinheiro, menos apoios, menos de tudo e sempre menos dignidade e menos respeito por cidadãos que não se podem valer a si mesmos. A saúde mental em Portugal, tirando honrosas e poucas excepções, não existe, Portugal não cuida dos seus deficientes, este país é um pardieiro que apenas premeia madraços e escumalha variada que enche de subsídios e borlas, os outros essa grande massa silenciosa que se dane.
Francisco Pereira
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