Que raio de pais, são estes?

19-06-2015 - Francisco Pereira

Fiquei surpreendido esta semana com um comunicado dessa coisa chamada Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), que ao que parece é uma espécie de maçonaria das associações de pais, essas excelentes agremiações de rapaziada que gosta de se promover socialmente e pouco mais, além de serem completamente minadas pela partidarite miserável, as associações de pais servem para quê?

A meu ver para muito pouco e a maior parte das vezes mal e a destempo e por coisas sem importância, alguém viu, por exemplo, as associações de pais, manifestarem-se contra a aberração do acordo ortográfico? Não viram, pois não, teriam tido aí uma excelente oportunidade de lutar pela qualidade de ensino dos seus filhos, se é que é isso que os motiva.

Alguém viu, por exemplo, as associações de pais, manifestarem-se contra a obscena descapitalização da Escola Pública, com os contratos obscenos de dinheiros públicos a financiarem o ensino privado, retirando assim da Escola de todos os fundos necessários que são enviados para a Escola de alguns, e que engorda a conta dos amigos e promove as negociatas da Educação. Não viram, pois não, teriam tido mais uma excelente oportunidade de lutar pela qualidade de ensino dos seus filhos, se é que é isso que os motiva.

Alguém viu, por exemplo, as associações de pais, manifestarem-se contra o vergonhoso sistema de manuais escolares, essa verdadeira máfia do papel, que ano após ano, sancionada por Governos miseráveis, esburga os pais sem mais aquela. Não viram, pois não, teriam tido ainda mais uma excelente oportunidade de lutar pela qualidade de ensino dos seus filhos, se é que é isso que os motiva.

Alguém viu, por exemplo, as associações de pais, manifestarem-se, contra o miserabilismo que se instalou nas escolas, com a falta de condições generalizada, com a falta de pessoal auxiliar, com a falta de formação profissional desse mesmo pessoal, com os ordenados miseráveis desse pessoal, que como continuo a insistir é uma componente essencial do ensino e merece ter uma carreira própria com formação de excelência e salários decentes. Não viram, pois não, teriam tido de novo ainda mais uma excelente oportunidade de lutar pela qualidade de ensino dos seus filhos, se é que é isso que os motiva.

Tristemente, os senhores da CONFAP, que não devem mesmo gostar dos filhos, estão mais interessados em dizer que as crianças têm férias a mais, que no Verão só deviam ter um mês de férias, cito as criaturas “Será que as famílias, na sua maioria, tem – (tem em vez de têm, logo por aqui se vê a qualidade desta CONFAP, deve ser do acordo ortográfico) – possibilidade de ter mais do que um mês de férias?

Mas meus caros senhores da CONFAP, a questão aqui é a das crianças, não é das famílias, as crianças que depois de um esforço e de uma pressão terrível, muitas vezes imposta por paizinhos tontos e patetas, necessitam de descansar, e não conheço nenhuma família que tenha mais de um mês de férias, o que não invalida que as crianças necessitem de descansar, mais uma vez acredito que estes senhores da CONFAP, não devem gostar muito dos seus filhos.

O que espoletou esta reacção, patética, dessa coisa chamada CONFAP, foi uma recomendação a saber a Recomendação 03/2015, que propõem uns dias de férias no Outono para os miúdos recuperarem o fôlego e para que as escolas possam também respirar. Medida inteligente e acertada, a par da maioria dos países ditos desenvolvidos, fiquei então surpreendido com a tirada da CONFAP, não sei o que pensar, ou esta gentinha não gosta realmente dos filhos ou existem outros interesses e ou forças de pressão que forçaram estas patéticas e patetas declarações, haverá aqui dedo de Crato?

Em declarações a um jornal o presidente desta coisa chamada CONFAP, declara à boca cheia o seguinte, “…que as aulas deveriam "começar no início de Setembro e terminar apenas no final de Julho", ou seja, os alunos teriam apenas um mês de férias no verão.” Tenho pena dos filhos deste cavalheiro, tenho muita pena dessas crianças, por terem semelhante criatura como pai, pobres miúdos.

E o senhor presidente, como já se viu um especialista em questões educativas, continua, "Começo a recear que as escolas tenham mais pausas do que aulas. Toda a gente se queixa de que os programas são extensos e os alunos não têm tempo para aprender e tirar dúvidas.” Esta tirada é por si só demonstrativa que as associações de pais não servem para nada, então o camarada ao invés de criticar os programas hediondos, patéticos e sem qualidade, questiona antes as pausas. É muito triste que as associações de pais andem entregues a este tipo de gente.

Pobre da educação de um país, que a juntar a Ministros de qualidade miserável, junta professores medíocres, escolas sem condições e pais do pior, um verdadeiro guisado que não augura nada de bom para as pobres crianças, que já negligenciadas e mal educadas não conseguirão desta Educação mais nada de útil. É com tristeza que vejo este estado de coisas, mas fazer o quê, os senhores cheios de si mesmos, vão continuar a estragar a vida de todos com fausto e dedicação e que se lixem as crianças.

Francisco Pereira

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