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"O regresso aos valores"

20-12-2013 - João Vasconcelos Costa

Na sua coluna habitual das segundas feiras, no Público, Correia de Campos manifesta-se a favor de um debate sobre as esquerdas e até enumera críticas que se fazem ao PS, mas só para as rebater. De qualquer forma, considera que

“(…) é tão importante regressar aos valores: à solidariedade, à cidadania, à cultura, à promoção do ambiente sustentável, à defesa do património e da história, à igualdade de género. Ou promover os paradigmas da inovação, da ciência e do conhecimento, da educação e saúde públicas, usando de mão firme sobre os poderes fácticos, sejam eles económicos, financeiros ou externos. Retomar as lutas de sempre contra a violência, a agressão territorial, o racismo, a xenofobia, o proselitismo dominador, a perversão nas relações de proximidade ou mesmo familiares, a tortura. Conhecer e prevenir os riscos, como a corrupção, o paternalismo, o amiguismo, a demagogia, o desperdício. Lutar por um modelo económico que demonstre que monopólio não rima com concorrência, direitos não rimam com privilégios, negocismo não rima com inovação.”

Tudo isto importante porquê? Para que o PS possa ter uma posição clara de esquerda liberal (ou centro-esquerda) perante o eleitorado, dando-lhe expectativa de uma governação diferente do que temos tido, se obtiver maioria absoluta, ou com abertura à sua esquerda, se não tiver essa maioria?

Nada disso. Leia-se:

“Eis por que é tão difícil e desagradável debater o que seja hoje a esquerda socialista ou social-democrata, depois de exemplos frustrados. Tanto mais que parte dela está liquefeita na Grécia, reduzida ao osso na Espanha, inepta na França, diluída em disputas pessoais na Itália. Mas é imperioso o debate sobre o caminho a seguir, quando ela hoje partilha o poder em coligações com a direita, como na Holanda, Bélgica, Irlanda, Dinamarca, Áustria, Finlândia e agora na Alemanha. E, muito provavelmente, em breve em Portugal.”

Este discurso de “realinhamento” do PS com a sua matriz social-democrata não passa afinal de manobra para parecer que uma coligação com a direita não é uma aliança sem princípios e para não ser acusado de mais conciliações com a política de direita. E ainda há dias, numa extensa entrevista ao Diário Económico, Correia de Campos defendia (como também tem feito Francisco Assis) que a única saída das próximas eleições era uma coligação PDS-PSD, eventualmente com o CDS.

Mas, como político traquejado que é, Correia de Campos deve ter consciência dos riscos de tal declaração tão brutal para boa parte (é certo que não todo) o eleitorado do PS, aquele que ainda se sente socialista. Por isso, vai dizendo que a coligação terá outra política, porque “certamente”, após a sua derrota eleitoral, Passos e Portas vão ser substituídos nos seus cargos partidários. Agora, parece que já precisa de vir juntar mais um argumento de tranquilização das “bases”: programa diferente não só por PSD diferente mas também por PS diferente, “regressado aos valores”.

 

 

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