Isso é lá com eles
05-06-2015 - Francisco Pereira
Esta semana, estive uns minutos a ouvir o senhor Isaltino. Adorei ouvir o homem, falar de corruptos e de corrupção, de mafiosos e trafulhices, apontar o dedo à falta de seriedade, foi simplesmente hilariante, ainda que tenha sido muito pedagógico e esclarecedor, ademais vindo de um profundo conhecedor da área.
As atoardas do bom do senhor Isaltino, leva-nos às considerações do Nicolau ao tempo do Renascimento que dizia que a ética e política são coisas que não combinam. Aliás basta olhar para os nossos políticos para percebermos, o quão verdade tal facto é. Mas eu arrisco ir mais longe e completar a frase de Niccolò, com outros substantivos que parecem também não combinar com a política, por exemplo a honestidade, a decência, o intelecto, a hombridade e a honra.
Todos os anteriores citados conceitos, parecem ser estranhíssimos, à nossa miseranda classe dirigente, que parece em antes pautar as suas actuações pela miséria intelectual, pela falta de ética, por quase nenhuma honra, pelas mais pulhas indecências e por muita falta de honestidade de integridade e nenhuma hombridade.
A pulhice é o apanágio principal do político nacional, a torpeza de carácter, a mentira e tudo o mais, que faz parte do cardápio do bom trafulha, e mesmo aqueles que se safam das vigarices são moralmente muito questionáveis. Assumo naturalmente que existiram almas minimamente decentes, claro que sim, mas esses coitados, nunca chegam a lado nenhum, nem a secretário de estado vão, quando muito deputados, é o máximo que podem almejar, mas lá no fim da lista e só serão eleitos por sorte, porque a parte de leão, fica para a “creme de la merde”, os madraços e os pulhas, essa elite nacional que se perpetua através das juventudes partidárias e do abandono e lassidão a que os cidadãos votaram as decisões sobre o seu futuro, “isso é lá com eles” ecoa por todos os corredores do Parlamento.
Ainda há pouco a propósito deste tema, ouvi os senhores da ASAE a queixarem-se da intromissão dos políticos, criando uma espécie de “lista VIP” de empresas que não devem ser importunadas, claro que o ministério se apressou a desmentir, desmentido esse que é a mais cabal prova daquilo que todos sabemos, os políticos sem ética nem moral, pressionam, instituições, tribunais, polícias e tudo aquilo que querem a seu bel-prazer, todos sabemos que isso é verdade, jamais o conseguiremos provar, as teias são demasiado fortes, mas esse é o “modus operandi”. Há pelo menos 300 anos que assim é.
E esta falta de decência e de ética, leva consequentemente à corrupção, leva ao nepotismo, às redes tentaculares que dominam o país e espartilham a liberdade e a Democracia, que ficam adiadas para “ad calendas Graecas” sempre que os interesses particulares estão em causa, o mais terrível desta situação é que a extensão da mesma no tempo, gera um sentimento que o velho Plauto chamou “homo homini lúpus”, e esses homens lobos rapaces atacam o seu semelhante atingindo-os na sua dignidade, vergando-os aos seus interesses e apoucando a Democracia.
Somos governados, por biltres, por pulhas, por adúlteros e canalhas e isso não são efabulações, são factos e não queremos saber. A mentira é na boca dos políticos a maior das verdades, sendo que aquilo que é hoje dogma amanhã foi apenas uma incorrecta interpretação de algo dito “off the record”.
Não precisamos de santos imaculados, não precisamos de sebastiões redentores nem de messias salvíficos, precisamos apenas de pessoas que coloquem a honestidade, a ética e a moral acima dos interesses nefastos das mafiosas partidocracias, precisamos de gente honrada e decente, ao invés da súcia asquerosa que temos na política, abençoado será o dia em que isso suceder, no entanto temo bem que por cá, seja difícil, tal acontecimento.
Francisco Pereira
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