Dar corda aos sapatos para ficar com a TAP?
05-06-2015 - Francisco Louçã
No seu romance “Grandes Esperanças”, Charles Dickens, um dos escritores que melhor retratou o século XIX, apresentava assim o mundo vertiginoso que estava então a surgir: “Perguntei-lhe qual era a sua profissão. ‘Capitalista’, respondeu-me. Suponho que me viu percorrer a sala com o olhar, porque prosseguiu: ‘Na City. Não me vou contentar em empregar os meus capitais a segurar navios. Vou comprar ações numa boa empresa e conseguir um lugar no conselho de administração. Vou também ocupar-me um pouco de negócios mineiros. E nada disto me impedirá de fretar alguns milhares de toneladas para mim próprio. Creio que farei negócios com as Índias’. E os lucros serão importantes?, perguntei. ‘Assombrosos’, respondeu.”
Dizia Pires de Lima aos dois candidatos a comprar a TAP: vamos a não se contentarem em empregar os capitais em aviões. É preciso ir mais além. Os lucros serão assombrosos.
Parece que o Estado está disposto a ficar com parte da dívida (ou toda?), em troco de trinta milhões. Assombroso.
Francisco Louçã
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