Meninos, meninas e outros monstros!
22-05-2015 - Francisco Pereira
Dificilmente existirá algo mais terrível, que uma criança, são pequenos ditadores, que não conhecem regras, egocêntricos, cruéis e maus. Não se queira mal às crianças por isso, faz parte da natureza humana e aqueles seres humanos frágeis e em formação, exibem as características que lhes asseguram a sobrevivência.
Se numa fase inicial aquilo que, a olhos adultos, pode parecer crueldade é apenas a curiosidade natural. Ainda assim parece difícil percebe depois de um pouco mais crescidos se essa “crueldade” advêm da curiosidade ou se é espoletada por erros e ou abusos no processo educativo, por parte da família directa ou de cuidadores.
Leva-nos este discurso inicial à análise dos casos recentes, falo do caso da morte do jovem em Salvaterra de Magos, do caso do espancamento de um outro jovem na Figueira da Foz e mais recentemente de uma criança de 12 anos atada a um poste dentro da escola despida e depois fotografada por rapazes com 17 anos, idade mais que suficiente para ter algum juízo.
Falo com o à vontade de alguém que desde 2001, se dedica de forma profissional aos acompanhamento e estudo deste tipo de fenómenos, desde essa data que lanço alertas em acções de formação, conferências e seminários ou sempre que sou convidado para o fazer, sobre este tipo de questões e sobre o tipo de sociedade que estamos a deixar criar.
Esses casos acima citados são emblemáticos daquilo que hoje se passa nas escolas e nas suas imediações e da maneira cada vez mais selvática que crianças e adolescentes adoptam para o seu dia a dia. Nem tudo é bullying, muito não passa apenas da mais completa falta de educação, disciplina e regras de comportamento que a não serem adquiridas nesta fase de estruturação, serão responsáveis pela emergência de adultos completamente desequilibrados, como aliás cada vez mais verificamos, gente com idade de ter juízo que se comporta como adolescente.
É de perceber que teremos um problema sério daqui a muito poucas décadas, é fácil também perceber onde radica tudo isto. Em primeiro na galopante ausência de Estado, no desgaste das figuras da Autoridade e na perda de poderes das instituições.
Junte-se aquele caldo perigoso, a ruína completa da Educação Pública, de que o actual Governo é apenas mais um dos criminosos, pois a bem falar, nos últimos 30 anos, a súcia que passou pelo Ministério da Educação pouco mais fez do que destruir, arruinar, malbaratar e esbanjar.
Com tudo isto junto, mais a tradicional lassidão nacional e propensão para a malfeitoria, como se viu em Lisboa a propósito da comemoração do triunfo dos empurra bolas. Ali foi bem visível, que de parte a parte, polícias e cidadãos, o quanto falha em termos de Educação, o quanto falha em civismo, urbanidade e decência, dizia eu, com toda esta panóplia de factos concorrentes, o que se augura não é nada de bem, antes o desastre.
Estamos a criar uma sociedade de monstros egoístas, analfabetos e brutos, e a culpa é nossa enquanto sociedade, sempre mais preocupados com as lantejoulas do que com as reais necessidades, senão atente-se, neste momento os papás, estão muito mais preocupados com os exames mentecaptos dimanados de um Ministério igualmente desprovido de intelecto e com as festarolas dos ditos “finalistas” e por finalistas entenda-se, não como anteriormente, que era finalista quem acabava o curso na Universidade, hoje a pobre criança é finalista da Pré, é finalista da Primária e assim por diante, naquilo que é mais uma ridicularia labrega desta sociedade de ineptos.
Esta preocupação com o acessório quando mesmo à sua frente os seus filhos quase soçobram e deveras pavoroso, e agora centro-me essencialmente nos pais, a quem o espoliar da Educação não parece incomodar, a quem o criminoso Acordo Ortográfico não parece incomodar, a quem a violência nas escolas parece não incomodar, e a quem a falta de qualidade curricular parece não incomodar, a quem nada parece incomodar excepto as festarolas e as fotografias nas redes sociais, que gente é esta?
Está fácil de perceber, que um país com Governos miseráveis, gera essencialmente uma sociedade miserável, que país miseráveis, geram essencialmente crianças miseráveis e futuros adultos incompletos e inúteis, desprovidos de regras, de Educação e de capacidade de amar o seu próximo em conformidade com as regras da civilidade, ora um país onde a Educação falha é um país condenado, como se vê muito bem por esse mundo afora o que não falta são disso exemplos, e tudo aponta para que venhamos a ser isso mesmo, um país absolutamente falhado!
Francisco Pereira
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