Edição online quinzenal
 
Segunda-feira 15 de Setembro de 2025  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

Em defesa da pedagogia emancipatória, também em Timor-Leste!

17-04-2015 - M. Azancot de Menezes

A educação e formação de crianças, jovens, homens e mulheres para uma sociedade do conhecimento, verdadeiramente justa, livre, democrática e solidária tem sido o desafio que tento lançar através das minhas reflexões. Faço-o enquanto cidadão do mundo e agente de mudança, em consonância com uma postura militante e coerente, sempre reformista e de questionamento, uma atitude que não tem outro objectivo senão o de contribuir para a emancipação de homens e mulheres, como seres humanos.

Em contexto neoliberal, num processo global hegemónico caracterizado por relações sociais e produtivas excludentes, educar crianças, jovens, homens e mulheres com um novo perfil para a sociedade de todos nós é um desafio encantador para qualquer educador com pensamento crítico e subscritor de uma pedagogia emancipatória.

Ser educador com pensamento crítico significa saber relacionar educação com economia, significa saber articular educação e política, significa pensar em educação e cultura, portanto, significa saber olhar a educação numa perspectiva pluridimensional em busca da emancipação do educando para o libertar, sendo necessário convidá-lo à reflexão e à sua emancipação, a única forma de o ajudar a interpretar e compreender a complexidade mundial.

Ao falar em complexidade, estou a pensar que os diferentes elementos que constituem um todo são inseparáveis, como o económico, o sociológico, o psicológico, o afectivo, o político, ou seja, como afirmou Edgar Morin, a complexidade é a ligação entre a unidade e a multiplicidade e portanto remete-nos para a formação de uma consciência humanista e ética de pertença da espécie humana.

Defender a pedagogia emancipatória é apostar e desejar uma escola diferente, com moral, intercultural, que funciona com respeito absoluto pela identidade cultural e social de cada um dos seus alunos e nas suas pessoas diversas, virando-se as costas ao privilégio, à corrupção e ao autoritarismo.

A pedagogia emancipatória requer por parte do educador uma nova prática profissional que ultrapasse as dimensões monoculturais e autoritárias, e defenda processos pedagógicos verdadeiramente avançados e que substitua a pedagogia mitigada e autoritária que não permite o progresso do aluno e a construção de significados pelo próprio aluno.

A pedagogia emancipatória implica um compromisso do educador, através da pedagogia, para a construção de identidades críticas, numa pedagogia comprometida com a libertação de jovens, crianças e adultos, em busca da emancipação humana.

Esta reflexão faz um apelo especial à educação axiológica, à ética e à deontologia profissional, a pensar no ser humano enquanto cidadão do mundo, nas suas diferentes dimensões éticas, afectivas, culturais, sociais e políticas. Talvez por estas e outras razões entenda que a formação de professores tem particularidades em relação à formação de outros profissionais porque, não tenhamos dúvidas, há particularidades intrínsecas à profissão docente, daí ser legítimo afirmar, é necessário estudar pedagogia para ser professor, pois, só um docente com agregação pedagógica tem “lentes pedagógicas” para saber interpretar o comportamento de crianças e jovens na escola e fora dela.

O que estou a propor é também problematizar a agregação pedagógica que define o profissionalismo docente, ou seja, não é apenas a questão da existência de bons ou maus professores, o que se questiona é o que fazer e como fazer para que todos os profissionais da educação compreendam as razões que justificam a necessidade e a urgência da educação axiológica nas escolas e as principais resistências a essa educação axiológica tão necessária e que pela sua ausência pode comprometer todo o processo de reconstrução nacional de qualquer Nação.

Tentei mostrar algumas boas razões para a importância da pedagogia emancipatória. Por outro lado, conforme tentei ilustrar, o modelo de formação de professores que predomina favorece a aquisição dos conteúdos a transmitir, colocando em plano secundário as dimensões axiológicas da educação.

Se desejamos o desenvolvimento global e integral das crianças, jovens e adultos nas várias vertentes, éticas, cognitivas, afectivas e humanísticas, não tenhamos ilusões, ter-se-á que repensar seriamente o modelo actual de ensino de formação inicial de professores, deixando-se de sobrevalorizar a componente científica baseada exclusivamente na atomização de conhecimentos científicos e passarmos a atribuir mais importância às dimensões pedagógica, social e axiológica no âmbito do processo de ensino-aprendizagem.

Díli, 11 de Abril de 2015
M. Azancot de Menezes
Partido Socialista de Timor
Rua Colégio das Madres, Balide, Díli, Timor-Leste

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome