Camarate
10-04-2015 - Henrique Pratas
Onde “param” os milhões do Fundo de Defesa Militar do Ultramar?
Foram ouvidos dois antigos inspectores da PJ que investigaram a queda do avião a 4 de Dezembro de 1980. Para um deles, a tragédia de Camarate tratou-se de um acidente.
Foram retomados os trabalhos da X ComissãoParlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate, queestavam parados há cerca de ano e meio. Os deputadosouviram os peritos que auditaram o Fundo de DefesaMilitar do Ultramar, os quais admitiram não saber paraonde foi a quase totalidade do dinheiro.
Em 1982, o Fundo de Defesa do Ultramar tinha 2,5milhões de euros, aproximadamente 18 milhões de eurosaos valores actuais. Mas em 1993 ficaram no fundo 145mil euros, cerca de 246 mil euros aos valores de hoje.
Em 11 anos "desapareceram" 17 milhões e 755 mil euros.
Fernando Lobo do Vale, que chefiou a equipa de peritosda Inspecção-geral de Finanças, reconheceu peranteos deputados que não há documentação.
Onde está o dinheiro ? Onde foi aplicado? A equipa deperitos assegura que há apenas indicações sobregastos efectuados, nomeadamente em obras, masapenas num curto período de quatro anos, entre 1982 e1986.
Fernando Lobo do Vale lembrou que na época muitasempresas não tinham contas-corrente, devido à"desorganização que o país vivia", fruto do 25 de Abrilde 1974.
Questionado sobre os negócios do material de Defesa,reconheceu apenas que existia alguma "opacidade".
Tragédia foi "acidente"?
Durante a manhã foram ouvidos dois antigosinspectores da Polícia Judiciária que investigaram aqueda do avião, em que viajavam entre outros, o entãoprimeiro-ministro Francisco de Sá Carneiro e o ministro da Defesa Amaro da Costa.
Joaquim Gonçalves alegou que um problema de saúdelhe tinha afectado a memória e que se lembra de"muito pouco" do que aconteceu há mais de 30 anos,recordando apenas que o caso de Camarate foientregue a um seu colega - Pedro Amaral - que, na
altura, era estagiário.
Já Paulo Condenso Franco, outro antigo inspector daPolícia Judiciária, afirmou que em sua opinião atragédia de Camarate se tratou de um "acidente".
Presidida pelo deputado social-democrata José MatosRosa, a comissão de inquérito ao caso Camarate visaaveriguar as "causas e circunstâncias em que, no dia 4 de Dezembro de 1980, ocorreu a morte do primeiro-ministro,Francisco Sá Carneiro, do ministro da DefesaNacional, Adelino Amaro da Costa, e dos seus acompanhantes".
Camarate foi um “acidente” isso já todos nós sabemos de cor o que importa agora esclarecer é onde é que param os cerca de 18 milhões de euros que desapareceram do Fundo de Defesa do Ultramar, será que o dinheiro também tem pernas? Se nos dessem esta explicação talvez esclarecem muita coisa, eu tenho a minha opinião que por agora me reservo ao direito de não a escreveragora, guardando-me para uma altura mais oportuna, investiguem, auditem, façam o que tenham que fazer mas expliquem-nos para onde foi o “dinheirinho”.
Henrique Pratas
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