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Não se vive, sobrevive-se

27-03-2015 - Henrique Pratas

Neste momento e desde há alguns tempos os cidadãos deste País não vivem, sobrevivem e para isso tem que “lutar” muito para o conseguirem fazer, não entrando em qualquer tipo de esquema ou de favorecimento, quero dizer estar de uma forma digna na sociedade.

Este Desgoverno levou-nos a todos nós, com honrosas excepções dos VIPs, que acumulam riqueza sem nada fazer e espezinhando cada vez mais quem tem como rendimentos apenas os rendimentos do trabalho que executa por conta de outrem ou das pensões de reforma, entretanto foi-nos dito que os cofres do Estado estavam cheios, com o nosso dinheiro, esqueceram-se de acrescentar.

A pouca vergonha, a falta de carácter, chegou a este ponto estas afirmações só são compagináveis com as que foram produzidas no tempo de Salazar, tantas pessoas a passarem fome e não há o mínimo de decoro nas afirmações que se fazem, isto é simplesmente repugnante, para mim já chegámos a esta fase do quero posso e mando, qual a diferença para os tempos da ditadura? A única que existe é o facto de podemos produzir as afirmações que entendemos e criticar as medidas que são tomadas, mesmo assim temos que as fazer com certo cuidado para que não ocorram represálias sobre quem as produz.

Ontem o Supremo Tribunal de Justiça pronunciou-se de forma favorável à devolução dos complementos de reforma dos trabalhadores do Metropolitano, que estavam consagrado em sede de acordo de empresa feita pelos gestores nomeados pelo governo e pelos representantes dos trabalhadores, a ser cumprida esta decisão do Tribunal é mais uma prova do mau carácter e da incapacidade deste Desgoverno em cumprir e fazer cumprir os acordos firmados entre entidade patronal e representantes dos trabalhadores, coisa a que são avessos. Apregoam aos sete ventos que a Concertação Social é um desiderato do Desgoverno mas na prática, quando se sentam à mesa para negociar leva apenas uma e penas só uma proposta que aprovam à viva força com o beneplácito da União Geral de Trabalhadores (UGT) e outros Sindicatos que de sindicatos só têm o nome, a defesa dos interesses dos trabalhadores é o que menos interessa, as matérias supervenientes são os “altos” interesses do Desgoverno e daquelas que dão cobertura a uma Concertação Social que não existe de facto, no nosso caso vertente a UGT. Sendo a Concertação Social um dos pontos considerados como essenciais nos acordos internacionais (UE e Banco Central Europeu) e assim se mostra ao Mundo que em Portugal a Concertação Social é uma realidade, falsa, existe apenas porque conforme já escrevi a UGT fez e faz todos os fretes aos diferentes Governos em trova de favores. Não será por acaso que o ex-secretário geral da UGT se perfila para ser o novo Presidente do Conselho Económico e Social.

Assim não vamos a lado nenhum os desejos dos trabalhadores são diferentes dos detentores do capital e eu que participei em negociação salarial e de condições de trabalho, não faz mal nenhum a ninguém que existam posições diferentes é normal, o que não é normal é as pessoas não se sentarem à mesa e não discutirem sem preconceitos ou ideias pré-concebidas o futuro das empresas/organizações e dos trabalhadores que acrescentam mais-valia ao que lá se produza seja em que sector for.

É urgente que se retome esta actividade salutar de discutir ideias, rumos, caminhos, objectivos, metas o que quiserem, mas que seja feita de uma forma aberta sem posições rígidas decorrentes de teorias neoliberais que está provado que não levam a lado nenhum, a não ser à desgraça de todos nós.

Relativamente à decisão que foi tomada pelo Supremo Tribunal de Justiça, só espero e desejo arduamente, primeiro que seja cumprida pelo Estado e depois que constitua jurisprudência para outras empresas que tinham consagrado em sede de Acordo de Empresa o pagamento de complementos de reforma, caso da CARRIS, é da mais elementar justiça a reposição do pagamento destes complementos que este Desgoverno de forma inqualificável e ignóbil, deixou de honrar os compromissos então assumidos, a vida das pessoas não se compadece de atitudes desmedidas e despudoradas de qualquerpinga de bom senso ou de fundamento jurídico, os actos praticados em meu entender são considerados como “ terrorismo de Estado”, não queremos isto nunca o quisemos, mas se for esse o caminho que este Desgoverno ou outro com semelhantes intenções quiser trilhar cá estaremos para lhes dar a devida resposta, vivemos um tempo em que a decisão é ou eles ou nós e nesta decisão a minha opinião e opção com toda a certeza é nós.

Os cidadãos deste País merecem que lhes seja devolvida a capacidade de poderem viver a sua vida como querem e desejam ninguém deveria poder interferir nesta decisão, temos um grande caminho a percorrer, primeiro recuperarmos o que perdemos e depois devolver às pessoas a possibilidade de participar na definição do seu futuro e deixar à sua consideração a possibilidade de construírem a sociedade onde querem fazer a sua vida, criar os seus filhos e há ainda um processo que temos que desenvolver que é “ viver em sociedade”, respeitando as diferenças existentes entre os cidadãos qualquer que seja a sua condição ou actividade profissional que desenvolvam.

Lisboa, 25 de março de 2015

Henrique Pratas

 

 

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