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NÃO QUEREMOS A NOSSA PÁTRIA SEM ESPERANÇA (7)

20-03-2015 - Neto Simões (*)

“Aqui na ocidental praia lusitana, os dias não estão fáceis e a culpa não é das chuvas. Em quem podemos confiar?”

Nem a cegueira dogmática e o fanatismo ideológico da inevitabilidade, da politica orçamental sem alternativa, justifica a brutal destruição do tecido social e estrutura produtiva com o pretexto do controlo do défice e da divida. O PM sabe que o sucesso do ajustamento e do “milagre económico” da sua lamentável governação é mistificação. É mais um engodo de um governo que sente necessidade de afirmar em congresso que é social-democrata! Mas nem ele sabe o que é. Estamos perante um enorme esbulho de uma classe política que nem consegue afirmar uma ideologia. Apenas o neo-confiscalismo sustentado na autocracia.

As instituições financeiras colapsam e demonstram uma fragilidade enorme, as instituições reguladoras, por norma depois das ocorrências dizem: nós sabíamos, mas não temos meios, instituições e organismos do Estado, em áreas vitais como a Administração Interna e a Justiça dão-nos sinais preocupantes, que se traduzem em falta de confiança.

Como é possível um PM – a quem alguns já chamaram de estadista? - dizer com todo o descaramento e convicção que “Queremos as pessoas, com todos os seus sonhos no centro da transformação” a grande maioria do jovens com sonhos quase os “obrigou a emigrar e em relação aos outros arranjou uns estágios pagos para que a taxa de desemprego (oficial) baixasse. Uma personalidade desta merecia já ter sido demitido há muito e levar uma grande carga de ………. O tempo fará justiça.

Por outro lado, a própria crise tem-se vindo a sustentar com a falta de confiança nas instituições. E falta de confiança dos mercados radica na credibilidade de uma estratégia onde não se vislumbra crescimento nem perspectiva de convergência que aumenta com a desconfiança em relação ao projecto europeu.

Somos um país que alimenta novelas, polémicas, boatos e, não raras vezes, dado a estados de alma. Somos também um país em que o segredo de justiça é lei oca, sem aplicação eficaz. Somos um país que tem defeitos na política, com interesses económicos e movimentação de influências, na justiça, que falha e é lenta, e também na comunicação social, muitas vezes tendenciosa e especulativa. Sabemos de tudo isso e com tudo isso vivemos enquadrados pelas leis que temos. Ora, todo este caos na vida pública em Portugal merece reflexão, contudo merece também muita serenidade.

O que nos deve preocupar na actual situação, como cidadãos, é a inexistência de políticas públicas que favoreçam a solidariedade social e coesão nacional que não são capazes de mobilizar a sociedade para ultrapassar os desafios que nos colocam a antever roturas do sistema politico num regime em risco de desmoronar.

Em democracia nunca pode haver apenas uma solução de pensamento único para impor uma Politica. É, neste quadro político, que têm de ser ultrapassadas as divergências e ser alcançado o compromisso necessário para as melhores soluções, que o povo português merece.

Não deixa de ser preocupante constatar que existe défice de elites, e as que existem têm défice de responsabilidade, bem como líderes sem idoneidade e credibilidade que prometem o que não cumprem.

Afinal quem tem “esperteza saloia” (vitupério ao líder da oposição PS), quando o primeiro-ministro (PM), na oposição, disse conhecer bem a situação do País: "… a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento."; “Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir nem cortar mais salários…”; “…. têm direito às suas reformas e às suas pensões e as manterão no futuro, sob pena de o Estado se apropriar daquilo que não é seu”; "Como é possível manter um governo em que um PM mente?". Haverá legitimidade política?

Lição a reter: os políticos estão a salvar os partidos. Parece que o melhor governo é não haver governança. Não se pode acreditar no que dizem estes agentes políticos, porque o que escrevem não é para ser levado a sério e o que dizem não corresponde ao que escrevem. É gente não confiável.

É mais grave ainda o défice de “alma” da sociedade muito alheada da vida do País e que não é exigente no escrutínio da classe politica. A ignorância, incompetência e irresponsabilidade é uma combinação explosiva de quem governa. Com impunidade e desigualdade não haverá coesão social e a resiliência dará lugar ao direito de resistência.

O País, isto é, a Nação e o Estado (a expressão jurídica da primeira) estão em estado de coma. Sim, Portugal já passou por muitas provações e muitos outros renascimentos. Em todos os casos as “elites” foram traidoras e Portugal renasceu dos seus povos, das comunidades concelhias. Sempre assim foi e também assim será, na próxima.

Alternativa à “dissolução nacional”, à liquidação do “projecto afonsino”, não passa pelo actual sistema político nem por projectos “ideológicos”; ela passa por Muito Trabalho (fazer o que tivermos de fazer, sem parasitismos), por Patriotismo (assegurar a viabilidade e autonomia da nossa comunidade nacional com base na responsabilidade e na solidariedade), por Democracia (representativa com capacidade revocatória de mandatos, participativa e inclusiva, onde todos os portugueses caibam) e por Honestidade (sem mentiras, manipulações e corrupções).

Hoje como no passado é preciso acreditar nas capacidades e determinação dos portugueses e em Portugal como uma nação coesa. É preciso dar uma expressão política ao descontentamento, existindo sempre uma alternativa em política. E a inevitabilidade da Politica de austeridade acabou.

“A pobreza é a pior forma de violência” (Gandhi). E eu atrevo-me a acrescentar a falta de Educação pública. Contudo, o “fanatismo orçamental” conduz ao empobrecimento nunca resultou, porque está errada e choca contra a realidade tendo sido subvertia por alguns economistas de acordo com os interesses da Alemanha. Democracia e pobreza são incompatíveis! Isto é, mudam de políticas ou o regime será mudado. O fim dos governos começa quando deixam de ouvir a crítica.

O povo é que tem força e devia saber usá-la. O governo deixou de ser do povo, pelo povo e para o povo. É preciso romper o axioma do MEDO que este governo quis impor para paralisar os portugueses. Agora é uma questão de congregação, de coordenação, e pode ser que alguém surja" a liderar o processo. O inesperado não avisa.

Os Portugueses deviam constituir um movimento transversal a toda a sociedade com grande capacidade de mobilização, que permita utilizar todos os meios eficazes para interromper de forma mais célere e radical com a designada "revolução tranquila" que não foi sufragada e está a ser implementada, com o pretexto do programa de ajustamento e do pós troika. Só assim é possível estripar todos os focos político-partidários no desafio ao Estado de direito Constitucional que os militares juraram defender com o sacrifício da própria vida. O povo pode substituir os políticos, mas estes nunca poderão trocar de povo.

A falta de coerência, ética e responsabilidade devia assustar-nos enquanto cidadãos deste País, porque estamos a empurrá-lo para uma desobediência civil ou direito de resistir consagrado constitucionalmente. Será isso que querem? Se isso que desejam então os PORTUGUESES terão que esquecer os partidos e organizarem-se, pois o tempo já é curto para muitos de nós. E é chegada altura de tomarmos nas nossas mãos o nosso destino.

Não queremos a nossa PÁTRIA sem esperança e à beira de um rio triste! Não queremos perder Portugal nem por silêncio nem por falta de alma ou renúncia. A Constituição prevê o direito à RESISTÊNCIA... Saibamos usá-lo porque a governação e intervenção dos órgãos soberania não tem correspondido ao exigível em ponderação, racionalidade e sobriedade. E continuam a considerar que não há crise Institucional e pode haver democracia sem cidadãos. Mobilizar, agregar para novo rumo Portugal.

(*) Neto Simões, Capitão-de-Fragata SEF (Reserva )

 

 

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