Carta aberta a um Primeiro-ministro
06-03-2015 - Francisco Pereira
Escrevo-lhe com elevada consideração, aliás com a elevada consideração que qualquer ser vivo me merece. Não veja vossa excelência nesta missiva, qualquer ataque à sua pessoa, qualquer interesse político obscuro ou simples aproveitamento, não, escrevo-lhe com a maior das sinceridades, com muita preocupação e com o esclarecido intuito de o ajudar, esse é o meu dever de cidadão, até porque sei que é pessoa deveras ocupada e dada a esquecimentos, não sendo perfeito.
E por falar em perfeição, permita-me que lhe confidencie que sabemos que não é perfeito, basta aliás olhar para a sua governação para perceber essa falta de perfeição, mas nós os cidadãos vulgares pagadores de impostos, donde aliás provêm o dinheiro que lhe paga o ordenado, apenas desejamos ministros capazes, honestos, diligentes, intelectualmente activos, preparados e que zelem por nós, afinal somos quem paga, e queremos o melhor homem possível para o cargo.
E por falar em homem, questiono-me com reserva e preocupação, pois vossa excelência ao fazer a destrinça entre homem comum que diz ser e por outro lado homem político, leva-me a questionar se existirão de si, um, dois ou mais alter egos, ou uma quase multiplicidade “pessoana”, que ao poeta ficava bem mas que a si, me levanta preocupação, pois poderá ser sinónimo de perturbação de personalidade, bipolarismo ou qualquer outra perniciosa doença do foro psiquiátrico, e digo isto porque, atente no exemplo, se um cidadão desonesto for político, continuará a ser desonesto, não perde essa qualidade, má, por ser político, por ser autarca e ou ministro, por outras palavras um homem não é dissociável das suas qualidades intrínsecas, e defeitos, por mor da função, podendo apenas ter desempenhos mais assinaláveis numas áreas do que noutras, ainda assim o “core business”, vê que gosto de si, até utilizo palavrões neo liberais de que tanto gosta, dizia eu que o âmago desse homem permanece inalterável, mesmo que aos olhos daqueles que ama, da família e dos amigos, pareça ser um super homem.
Ora como a arenga já vai longa, passo ao propósito que me levou a escrever-lhe estas singelas linhas, e que considero um dever de cidadania, dado que para além de vossa excelência ser uma pessoa muito ocupada e como se verificou anteriormente com aquela minudência da Tecnoforma e actualmente com os pagamentos à Segurança social, ser uma pessoa dada a esquecimentos e desconhecer situações.
E por falar em desconhecer, diziam os antigos “ignorantia legis neminem excusat”, perdoe-me vossa excelência esta minha mania das expressões latinas, ainda por cima dirigidas a um pobre tecnocrata licenciado em Economia, mais habituados a outro tipo de metalinguagens e pouco dados ao culto literário, mas para seu conhecimento traduzo livremente a expressão que diz que o desconhecimento da lei não exime o seu cumprimento, logo vir à televisão dizer que desconhecia a questão da obrigatoriedade do pagamento da segurança social, é no mínimo um pouco desprovido de intelecto, para ser simpático, mas percebe-se dadas as suas elevadas preocupações.
Ora exercendo o meu dever de cidadão preocupado e participante, quero ajuda-lo, e a minha singela ajuda é deixar-lhe a informação sobre o calendário fiscal, para que não volte a incorrer em omissões, por via claro do esquecimento, aliás é muito comum as pessoas esquecerem-se de pagar impostos, poderá também confirmar com a senhora Albuquerque ou visitar o portal das finanças, para verificar a veracidade da informação que ora lhe deixo.
Abril
30 |
Modelo 3 e anexos - 1ª fase (Categoria A e H) - transmissão electrónica referente a 2014 |
30 |
Modelo 3 e anexos - 2ª fase (restantes categorias) - entrega em papel - referente a 2014 |
Maio
31 |
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Modelo 3 e anexos - 2ª fase (restantes categorias) - transmissão electrónica referente a 2014 |
P.S. – Em relação à Segurança social, os pagamentos são mensais, acaso vossa excelência não saiba e ou se tenha, como é perfeitamente normal, esquecido.
Creia-me um seu humilde criado,
Francisco Pereira
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