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Direito à Vida

13-02-2015 - Henrique Pratas

Gostaria de vos escrever sempre coisas agradáveis mas acontecem que de facto só vistos contados não são capazes de acreditar.

Ontem por volta das 15 horas da tarde uma avó que estava acompanhada do seu neto na fila de espera para obter uma consulta, para o neto de 6 anos, desde as 7 horas da manhã, que apresentava sinais de diarreia, magro, escanzelado, seco, tosse, estado febril e à primeira vista mal alimentado numa Unidade de Saúde, foi “acolhido” pelas horas que lhes indiquei e que rapidamente o viu e em poucos segundos e com parcas letras o remeteu para as urgências do Hospital, norma que contraria as orientações dada pelo Ministro da Saúde e de quem superintende nesta área de actividade.

A rapidez no diagnóstico ficou a dever-se à pressa em que a médica tinha para sair pois possui um consultório privado e já estava atrasada para começar as consultas que lhe dão dinheiro e a criança que tem todo o direito à vida e assistência médica, foi tratado da forma que vos descrevi.

A médica esteve muito mal e eu pergunto aqui abertamente onde é que está o juramento de HIPÓCRATES que fizeram, costuma-se dizer quem mais jura mais mente e é bem verdade.

A avó e o neto mal alimentado e em particular ontem que nada comeram até às 15 horas para serem tratados daquela maneira, escondiam uma situação que todos nós nos devíamos envergonhar, porque decidimos em consciência quem queremos que nos GOVERNE, apesar de não ter contribuído em nada para que esta gentalha fosse aleita, não me imiscuo das minhas responsabilidades enquanto cidadão.

Quando a senhora se dirigiu ao guichet alguém lhe perguntou, então como está o menino e perante esta questão desabou uma série de factos que não deviam de acontecer. Era ela que tomava conta do neto pois a filha e o pai da criança não queriam saber dele, a criança vivia com a avó que tinha uma pensão “dourada” de 375,00 € e quando a questionaram porque é que não ligava aos pais para saber do estado do filho, a resposta saiu de imediato, desligam-me logo o telefone na cara, eles, nem a minha filha nem o pai ca criança, nunca o visitam sequer, quanto mais contar-lhe problemas. Questionada sobre o que é que a criança tinha jantado, sim porque isto já é um luxo para algumas pessoas, a senhora muito delicadamente respondeu que um bocadinho de atum com pão e aí apercebemo-nos que não tinha comido nada ou que em alternativa atum para quem está com diarreia não seria a melhor dieta.

Mas as coisas não ficam por aqui, questionada então o que é que a médica disse, prontamente e envergonhada, respondeu mandou-o para o hospital, mas eu não posso ir porque não tenho dinheiro, ainda não recebi a minha reforma, ela ainda não chegou, como sabem existem pessoas como neste caso que recebem a reforma através de vale do correio e ontem só era dia 11 de fevereiro e o “bendito” vale não tinha chegado e a senhora não tinha dinheiro, nem para se alimentar nem para levar o neto, que é mais do que um filho para ela, ao Hospital para ser tratado.

É triste não é meus amigos mas é a pura realidade isto passa-se no nosso País com mais frequência do que pensamos, será que as pessoas merecem este tratamento, é óbvio que não.

Não sei que volta temos que dar a este País mas estas coisas não podem acontecer.

A solução que foi tomada foi uma solução de remedeio de um mal que urge uma solução de fundo e de raiz, uma vez mais a solidariedade de algumas pessoas trataram de solucionar a questão junto de outro MÉDICO, que viu a criança que constatou que ela estava mal alimentada, medicou-a par tratar a diarreia e a tosse e na minha opinião tomou a melhor decisão pediu a alguém que a levasse a “casa” com a avó, arranjaram-se alimentos para menos dois ou três dias, medicamentos e alguém ligou para a “casa” da senhora por volta das 22 horas para saber como estava a criança.

A alegria manifestada através do contentamento que a avó manifestou ao telefone foi inesquecível, transmitiu a mensagem afinal alguém quer saber de nós. O menino está melhor muito obrigado, eu não sei como agradecer, não é para agradecer o que é preciso é que ele melhore e se for preciso alguma coisa passe pela Unidade de Saúde.

Até ao momento em que decidi por isto no papel o estado de saúde da criança contínua estável e a evoluir favoravelmente e a senhora já recebeu a sua pensão “dourada” chegou hoje.

Eu só me apetece perguntar e se fosse um caso de vida ou de morte por um dia a vida de uma criança estava em causa, porque a reforma não chega para todos os dias dos meses, até quando vamos continuar nesta estado de coisas?

Sim até quando, querem continuar neste marasmo apodrecido, neste pântano bolorento, até quando meus amigos…………..

A solidariedade que reina entre as pessoas ainda vai aguentando algumas situações, mas até quando se consegue aguentar esta situação, até quando…………

Lisboa, 12 de fevereiro de 2015

Henrique Pratas

 

 

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