DIVAGAÇÕES
13-02-2015 - Henrique Pratas
Começo por lhes escrever este texto sem qualquer título, mas espero que ele apreça no decurso do mesmo.
O que agora lhes trago decorre do facto de o Des) Governo ter anunciado com pompa e circunstância acesso a 13.000 doentes com Hepatite C, alguns deles contraíram a doença no próprio Serviço Nacional de Saúde.
Conhecem tão bem como eu os meandros do ponto a que chegámos, após uma longa duração conseguiram chegar a acordo para a aquisição de 13.000 doses de medicamentos, só que entretanto morreram pessoas, ainda há dois dias acabou por morrer uma senhora que infelizmente não pôde usufruir do medicamento.
Eu pasmo, como é que se pode brincar com a vida das pessoas, como é que a vida das pessoas pode estar dependente de uma negociação? Não entendo, nem muitos de vós conseguirá entender as razões que presidem a estas decisões, então uma pessoa em fase terminal tem um medicamento que é prescrito pelo médico, a prescrição arrasta-se pela burocracia Hospitalar, as ordens que têm é para retardar o processo porque se está em negociações com o laboratório que produz o medicamento. Isto, não faz sentido nenhum é perfeitamente inacreditável e nós POVO, continuamos encolhidos e indiferentes a estes desmandos.
O Primeiro-Ministro ainda teve o desplante de afirmar que para estas situações havia sempre dinheiro mas com cautelas. Eu questiono quem é que pode decidir sobre a vida de uma pessoa, qualquer membro deste Des) Governo? É assim que se tratam as pessoas? E nós POVO andamos encolhidos, com medo e à espera de “escapar” a esta situação. Mas hoje alguém que nós não conhecemos pode ser vítima deste estado de coisas, mas amanhã pode ser connosco, sim ninguém deve pensar que fica de fora, todos nós estamos sujeitos aos desmandos deste Des) Governo.
Se não fosse triste este episódio fez-me lembrar os anos 80 em que exercia funções de negociação e contratação coletiva em que às vezes por 2 escudos e cinquenta centavos, não se celebravam o acordo mas no dia seguinte, após um pré-aviso de greve fechava-se o acordo, é certo que a primeira situação é mais grave que a segunda, mas esta “rapaziada” goza com as pessoas deste País a seu belo prazer, nada lhes acontece.
Vou comentar convosco uma situação que vos ajuda a conhecer-me, o filho da senhora que faleceu com hepatite C esteve ontem presente na reunião da Comissão de Saúde da Assembleia da República, onde estava o Ministro da Saúde, admiro a calma e o estado que ele consegui manter, porque se tivesse ocorrido comigo, tinha dado uma série de murraças na tromba daquele suposto Ministro, sei que não resolvia nada, mas ficava aliviado e estou perfeitamente à vontade para vos escrever isto, porque em 1980 quando o meu pai faleceu devido a incúria médica, este esqueceu-se de lhe dar uma dose de antibiótico adequada à perfuração intestinal que o meu pai sofreu. Isto foi-me dito ao fim de 14 dias após o acidente e depois de o meu pai ter iniciado o processo de recuperação, quando me foi dada esta informação pelo cardiologista, pois o médico zinho, que supostamente o estava a tratar e que simultaneamente era o Diretor e representante da Companhia de Seguros no Hospital, não teve coragem para me dar a notícia, provavelmente adivinhou o que lhe sucederia. Eu vim para baixo, depois de passar pelo quarto onde estava o meu pai e só trocarmos um olhar e o olhar dele disse-me tira-me daqui, enquanto dois enfermeiros tentavam encontrar-lhe veias para lhes poder dar uma dose cavalar de antibiótico, o que não conseguiram, como escrevi eu vi para baixo para as Urgências do Hospital o médico quando passou para poder sair para a rua, quase que entrou pela parede dentro do lado contrário onde eu estava e apressou o passo e ala que se faz tarde, nesse espaço de tempo dei um murro tão grande na parede que esta ficou abaulada.
Mas enfim não somos todos iguais.
Temos assistido a isto tudo encolhidos, envergonhados, medrosos não sei como se aguenta tanto sem que se tome as medidas mais convenientes nestas situações.
Durante o dia de sexta-feira, dia 6 de janeiro de 2015, ficámos a saber que o caos nas urgências dos Hospitais está generalizado e nós POVO vamo-nos ENCOLHENDO.
Um ex-Presidente da República afirmou que os ladrões de pequenos delitos estavam detidos e os grandes ladrões andavam em liberdade plena.
Hoje também vi na televisão que uns fulanos compraram fardas da GNR e fizeram-se passar por autoridade, fizeram operações de stop, tudo o que é da competência de tal força paramilitar, é certo que já estão presos mas que segurança têm os cidadãos ao serem mandados parar por uma brigada da GNR. Nenhuma, escrevo eu.
Mas ocorrem mais factos, ouvi por exemplo um Administrador nomeado para o BES de seu nome João Moreira Rato, ir à Comissão de Inquérito criada no Parlamento para o esclarecimento do que se passou no BES e fiquei envergonhado, como é que aquela personagem pode ter sido nomeado Administrador do Banco, ele mal conseguia falar, só sabia dizer, han, han…, até que o Presidente da referida Comissão, pessoa que não gosto Fernando Negrão, teve que o chamar à atenção para as não respostas que estava a dar, dizendo que as não respostas eram passiveis de responsabilidade criminal, uma vergonha, e é isto o que temos de melhor na nossa sociedade.
Vários militares que estiveram envolvidos no 25 de abril de 1974 e outros que vieram a aderir à posteriori, fazem declarações e mais declarações contra o atual estado de coisas e ação nenhuma, será que vamos continuar encolhidos como cães à espera que não nos façam mais mal.
Entretanto temos o jogo de futebol entre o Benfica e o Sporting é o que o pagode quer, o resto se verá a seu tempo.
Lisboa, 6 de fevereiro de 2015
Henrique Pratas
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