País de luxos
30-01-2015 - Francisco Pereira
Portugal é um país de luxos e de gente que gosta de exibir o luxo e a vaidade. A pompa e a circunstância fazem parte de qualquer festa e ou festarola de aldeia, resumindo adoramos presumir, e essa presunção tem sido um dos nossos grandes problemas.
Possuir um carro, em Portugal é um luxo. Excepto claro está, se o proprietário, for dono de mais do que uma viatura, de preferência topo de gama, e utilizar inclusivamente a viatura oficial que lhe está atribuída por qualquer funçãozeca, para todos os outros casos, ter carro é um luxo, isto num país onde muita gente se não tiver um carrito, mesmo que seja um chaço a cair de maduro, não consegue ir trabalhar dado a não existência d transportes públicos, dignos desse nome.
Ser o proprietário de uma casinhota qualquer, miseravelmente construída por construtores civis e empreiteiros mafiosos, licenciada por municípios mentecaptos e fiscalizada por fiscais corruptos e ainda financiada por banqueiros gananciosos, casinhota essa que o feliz proprietário hipotecou logo após a compra e pela qual paga juros mercenários, dizia eu que ser proprietário de tal habitação é um luxo.
Luxo que não existe se o feliz proprietário for dono de várias casas no valor de milhões e se forem casas de praia e ou de habitação em aldeamentos privados, aí não há luxo, existe apenas um diligente investidor, muito distante do vaidoso que comprou um apartamento T3 num qualquer subúrbio infecto deste país e que fica agarrado a um contrato verdadeiramente criminoso, é um luxo possuir uma habitação em Portugal, mesmo com a miserável qualidade de construção existente neste país de fadas.
Ter emprego, produzir, possuir qualquer actividade em que se tenha efectivamente de trabalhar é em Portugal um luxo, tal é a carga de impostos que com um afã quase persecutório recai sobre as actividades de quem trabalha, donde resulta que ser trabalhador em Portugal, até por mercê da destrutiva actividade do excelso governo que ora possuímos seja verdadeiramente um luxo, e dos muito caros, não é pois de admirar que tantos e tão diligentes madraços existam nesta terra, para os quais o velho “vergar a mola” seja tão avesso.
Francisco Pereira
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