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“ACORDEM CIDADÃOS”
27-12-2014 - Joaquim Pisco
Em 14 de Novembro último, a Sumol/Compal comunicou ao mercado a mudança da estrutura accionista com a venda de 49,9% do capital a uma multinacional francesa. Sendo este um movimento normal e talvez até saudável para uma sociedade como a Compal, o que se seguirá, certamente, não determinará boas notícias para os funcionários da mesma e, consequentemente para a estabilidade económica laboral do concelho que me diz respeito que é Almeirim.
Sendo a Castel ou Castel Group uma das maiores, senão a maior operadora de bebidas a nível mundial, a sua base de investimento sempre foi em África e nos Estados Unidos. Tendo em conta que a Sumol/Compal já tem uma unidade operacional em Moçambique e vai avançar com igual investimento em Angola e contar com a presença de mercado do novo accionista na restante África, já se vê que o investimento irá ser canalizado para esse mercado e não tardará a acontecer o que aconteceu com a UNICER em Santarém, primeiro desinvestimento em funcionários e estruturas e depois o fecho total ou parcial da fábrica/empresa quanto a Almeirim.
A previsão acima exposta, por muito pessimista que pareça, vem ao encontro dos movimentos efectuados pela Sumol/Compal nos últimos anos (com a complacência do Estado Português, accionista através da Caixa Geral de Depósitos) e do modus operandi das multinacionais em geral e das francesas em particular, ou seja investir em mercados mais atractivos e em que os custos operacionais sejam menores, procurando e juntando-se a um “parceiro” que tenha facilidade de movimentação no mercado a atacar e know how de qualidade e que esteja em dificuldades económicas ou não possua capital próprio de alavancagem e após a implantação no novo mercado tornar o parceiro numa subsidiária ou em mera empresa participada sem capacidade de decisão ou autonomia financeira.
Ao que nos interessa, a Sumol/Compal tem um peso decisivo no concelho de Almeirim, quer quanto aos impostos que cá deixa, quer quanto aos postos de trabalho existentes, quer quanto às preocupações sociais e contribuições que a mesma efectiva todos os anos para inúmeras associações e causas meritórias do concelho. Por isso penso, afirmo e reafirmo que a acontecer alguma coisa que faça esmorecer a presença da empresa no concelho de Almeirim será o golpe final na já esquálida economia do concelho.
Como já referi em outra data, o desinteresse por Almeirim quanto ao investimento e implantação de novas empresas é claro e notório, sendo também clara e notória, a incapacidade do Município de inverter a situação ou de criar condições objectivas para que essa implantação aconteça. Tal incapacidade já vem de à algum tempo, mas, pensava eu que novas ideias e atitudes poderiam alterar a rota para o abismo o que, infelizmente, não está a ser o caso.
Almeirim detém uma taxa de desemprego estatística de 17% o que representa cerca de 4% acima da média nacional, e isto falando de estatística porque na realidade os especialistas afirmam que a esta taxa deverá ser acrescentado um valor de 3%, o que nos dá um valor nacional de 16,1% (terceiro trimestre de 2014) e para o concelho 20% (vinte por cento) de desemprego. Mais, excluindo grandes superfícies (que representarão no universo concelhio pelo menos 12% a 15 % dos postos de trabalho) não existem mais do que cinco empresas a ocupar 20 ou mais postos de trabalho e o nível de insolvências e dissoluções de empresas no concelho nunca esteve tão alto. E ainda mais grave, o número de insolvência particular é em Almeirim o mais alto, per capita, do distrito. Ora se isto não é grave, não sei o que será.
No entanto esta é uma altura de festas e de pensamentos positivos e os nossos dilectos eleitos preocupar-se-ão com outros assuntos, os nacionais com visitas a Évora, fotocopiar e fazer desaparecer documentos de ministérios e rezar para que o Dono Disto Tudo não ponha a boca no trombone e os locais… enfim, também não sei.
Boas Festas
Joaquim Pisco
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