País de bandalhos

19-12-2014 - Francisco Pereira

Esta semana Portugal mostrou mais uma vez ao mundo que é um país de terceiro mundo, cheio de bandalhos e vícios de uma qualquer “republica bananera”, um país sem credibilidade absolutamente nenhuma e um paraíso de gatunos oportunistas e vigaristas.

Refiro-me ao arquivamento do caso “submarinos” e da corrupção que existiu no processo, e digo corrupção e não alegada ou não provada corrupção, porque na Alemanha os corruptores, foram, detidos, julgados e condenados, no entanto por cá, no paraíso da bandalheira, não se passa nada e o processo é tranquilamente arquivado, depois de ter sido alegadamente investigado por três equipas diferentes de Procuradores, pasme-se, e mais um comissão parlamentar daquelas que como no caso do BPN e do BES, não concluiu nada que se aproveite. Pelo meio desapareceram documentos, mais um mistério do triângulo das Bermudas desta coisa que por cá se chama Justiça, desapareceram também uns milhões que ninguém parece saber onde estão.

Deste modo, Portugal inaugura também um precedente mundial fantástico, a corrupção unilateral, será um conceito difícil de entender, mas neste país, o mais surreal o mais desconchavado e o mais mirabolante é sempre possível e até perfeitamente normal, mérito da bandalheira institucional em que vivemos, e quanto a isso não existem argumentos que desmintam os factos.

E mesmo que por obra do divino, o processo seja reaberto, o que não acredito, nada se provará e tudo estará prescrito, os bandalhos estarão em casa a gozar os milhões, as fotocópias desaparecidas e tiradas à socapa, estarão ou destruídas ou muito bem guardadas, quiçá por alguém que até tinha acesso a tudo isso e nada nunca se provará, como aliás nada nunca se prova.

Não é por estar detido um ex primeiro-ministro que alegadamente terá vigarizado meio mundo, que faz com que deixemos de ser um país de bandalhos, como muito bem prova o arquivamento do caso dos “submarinos”, um andorinha não faz a primavera e no ninho onde ela está, deveriam lá estar muitos outros, acaso não fossemos o que efectivamente quase todos os dias demonstramos ser, um país de bandalhos!

Francisco Pereira

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