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O Guião que não guia!

15-11-2013 - Francisco Pereira

A semana passada, essa grande luminária da política nacional, esse irrevogável e sapientíssimo farol da direita “soft”, o grande timoneiro do partido do táxi ou da lambreta, veremos nas próximas eleições, arrastou a sua pobre carcaça e o sorriso branqueado aos monitores da televisão para com a pompa e circunstância grave que esta gente adora colocar nestas questões de nenhuma importância, e com aquele ar de betolas sacrista apresentou um documento a que pomposamente chamou “Guião para a reforma do Estado”.

Lemos e relemos a composição do Portas, confrontamos a nossa com outras opiniões e infelizmente chegámos à mesma conclusão que outros, todos aqueles que não estão capados nem se vergam à ilusória estupidez colectiva que assola a política nacional, sobre a ineficácia e a estultice que ali está pespegada, uma criança de seis anos não faria pior. Chamar aquilo um documento oficial para trabalhar num governo é insultuoso, aquilo é uma composição liceal, sobre o que um bando de adolescentes estouvados, de cabeças no ar esgrouviadas e de diletantes boémios talvez sob o nefasto efeito de substâncias da perdição e eflúvios etílicos concebe como seja o necessário para efectivamente reformar o Estado.

Nem uma palavra sobre a necessária e útil reforma da Constituição, do poder político e do modelo de governação, acabe-se de vez com este sistema caduco, evoluamos para um sistema presidencial, ao contrário de outros não advogamos um sistema bi-camaral, seria duplicar os custos, podemos aproveitar o Tribunal Constitucional e o Tribunal de Contas, se deles expurgarmos a politiquice rafeira no que às nomeações diz respeito e teremos órgãos que actuarão com verdadeira isenção e produzirão um muito melhor trabalho que a instituição de uma outra câmara, por exemplo o proposto Senado, que enfermaria dos males inconfessáveis da actual Assembleia da República, podendo perfeitamente emular as funções de uma segunda câmara e com a grande vantagem de os elevados conhecimentos técnicos de um e de outro órgão servirem eficazmente o desgraçado povo deste país.

Nem uma palavra sobre a redução de deputados, sobre a extinção da obscena Lei de Financiamento dos Partidos, nem uma palavra sobre os círculos uninominais cuja implementação são condição essencial para uma nova abordagem à tão gasta democracia que temos. Nem uma palavra sobre os exagerados custos de manutenção de um Estado político que engorda a expensas do erário pública, da tão necessária extinção de acumulação de cargos de uma legislação séria em relação às actividades dos deputados, uma necessária extinção de senhas de presença, de subsídios de viagem de carros e de telemóveis e toda a panóplia de gastos completamente supérfluos, há dia salguem falava de despesas ínfimas que não são substantivas, discordamos, neste período de miséria material, tudo conta, tudo ó que for esbanjamento do parco pecúlio de que somos detentores faz a diferença pois pode ser aplicado ao serviço da população necessitada, mas quanto a isso o tal “Guião” disse nada.

Sem reformarmos verdadeiramente o modelo político, o Estado político, as gordas alcavalas e prebendas que as patas chocas da política foram concedendo a si mesmas durante estas quase 40 anos de vida, em pseudo democracia, nada desta actual tormenta fará qualquer sentido, regressaremos aos mercados sim sem dúvida, para quê? Para sermos soberanos? Como poderemos ser soberanos se continuaremos a alimentar a voraz criatura o Estado Político, esse monstro insaciável que desmonta orçamento atrás de orçamento, ou acaso algum de vós achará que todos orçamentos sejam seguidos de opções rectificativas?

O papelucho parece-nos portanto um espúrio exercício de demagogia política, servindo apenas para mostrar que se fez alguma coisa não fazendo verdadeiramente nada. Como exercício não vale sequer as 112 folhas do papel em que foi redigido, é um mero e muito torpe testamento neo liberal que trará apenas mais miséria e desgraça, menos Estado não significa melhor Estado, sendo que actualmente nos questionamos para quê pagar impostos a este Estado, aliás, actualmente para que serve este Estado?

Francisco Pereira

 

 

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