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Francisco Assis, direita volver

28-11-2014 - Francisco Louçã

Numa esclarecida entrevista ao Observador, Francisco Assis argumentou a “necessidade de um governo de coligação (que) terá de ser à direita”. Foi ainda mais enfático: o PSD é o parceiro ideal para uma coligação e “para garantir a devida estabilidade política”. Excluindo a esquerda pelas diferenças sobre as questões europeias, Assis acrescentou no entanto que incluía entre os coligáveis com o PS o “Partido Livre ou com qualquer outra formação” que se enquadre nas “linhas matriciais do PS”, como bem se compreende.

Assis foi o candidato da linha socratista em congresso anterior, tendo então tido o apoio de Costa. Foi agora, no recente processo das primárias do PS, apoiante de Seguro, embora procurando manter pontes com Costa. E é certo que Costa se pronunciou nos últimos meses contra a hipótese de coligação com o PSD e CDS, pedindo antes uma maioria absoluta, em que se manifesta igualmente disponível para integrar essas “formações” que se enquadrem “nas linhas matriciais do PS”.

Pode-se portanto perguntar porque desencadeia Assis esta campanha de opinião. Em primeiro lugar, homenagem devida, porque é o que tem dito desde sempre. Em segundo lugar, porque toma posição num debate futuro que se arrisca a ser menos sobre quem incluir no governo mas muito mais sobre o que quer o novo governo, e só então sobre quem o vai ajudar a cumprir esse programa.

Ora, foi ao discutir o que deve fazer o governo que Assis entendeu radicalizar o seu discurso, em resposta a um jovem do PS do Porto, Tiago Barbosa Ribeiro. Dizia Ribeiro:

“Eu quero um PS concentrado na recusa do tratado orçamental, numa reforma fiscal que pese mais no capital do que no trabalho, numa revisão profunda do Código do Trabalho, na recuperação da iniciativa estatal, na regulação económica sobre sectores-chave, na renegociação da dívida impagável. E isto não é retórica, é mesmo para ser feito.”

Assis reagiu, aqui no PÚBLICO, citando este texto (mas sem a delicadeza de escrever o nome do seu crítico, limitando-se a chamá-lo de “jovem dirigente socialista portuense destinado a exercer a muito curto prazo altíssimas responsabilidades no plano local”), para o acusar de “pulsão inquisitorial” e “insuportável arrogância moral”, alegando que Ribeiro o acusaria de “desvario mental”, ao mesmo tempo que submetia posições alheias às do PS e mesmo um “ataque descabelado” ao Tratado Transatlântico que a União Europeia está a negociar com os EUA.

Ao ler esta polémica, percebemos evidentemente que a proposta política de Ribeiro é diferente da de Assis (que pretende uma aliança com o PSD) e da de Costa (que se compromete com o Tratado Orçamental e afasta a renegociação da “dívida impagável”). Mas o verdadeiro problema é: o que quer então Assis? Qual é a base para a sua proposta de governo com o PSD, que não é coisa pequena? A que chama de “estabilidade política”? O que deve fazer o seu governo coligado com a direita? Como resolve o problema financeiro? Como recupera o país da maldição da austeridade? Como cumpre o Tratado Orçamental?

Ao rejeitar à bombarda a posição do seu crítico, que apresenta um modelo de acção e de objectivos políticos, Assis acha que basta dizer que tudo fica na mesma ou, pelo menos, que qualquer mudança deve ficar um segredo bem guardado.

A pergunta que se pode então fazer é se esta estratégia é mesmo fazer de morto para ganhar as eleições ou se estas ideias morreram de morte matada porque aceitam que Portugal siga o seu triste destino de empobrecimento.

Fonte: Tudo Menos Economia

Por Bagão Félix, Francisco Louçã e Ricardo Cabral

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