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Guerra de agressão Israel ao Irão (quem tem razão)

20-06-2025 - Eduardo Milheiro

Num dos pontos mais voláteis do Médio Oriente, a tensão entre Israel e o Irão tem vindo a escalar, transformando-se num conflito complexo com raízes profundas na história, religião, política e ambições geoestratégicas. Ao tentar analisar "quem tem razão" neste embate é uma tarefa quase impossível, pois ambas as partes apresentam argumentos que consideram válidos e que são moldados pelas suas próprias perspectivas e experiências.

As Perspectivas de Israel:

Do lado israelita, a principal preocupação é a sua segurança existencial. Israel vê o Irão como uma ameaça directa e multifacetada, baseada em vários pilares:

Israel considera o programa nuclear iraniano uma ameaça existencial, temendo que o Irão possa desenvolver armas nucleares que seriam usadas contra si. A retórica anti-Israel de algumas figuras iranianas apenas reforça este medo.

O Irão apoia e financia grupos como o Hezbollah no Líbano e o Hamas em Gaza, que Israel classifica como organizações terroristas. Estes grupos lançam ataques contra território israelita e representam uma ameaça constante nas suas fronteiras.

Israel vê as acções iranianas na Síria, Líbano, Iraque e Iémen como tentativas de estabelecer uma "lua crescente xiita" que cercaria Israel e ameaçaria os seus interesses.

A retórica oficial iraniana, que por vezes apela à destruição de Israel, é vista em Israel como prova das intenções hostis do Irão.

Para Israel, as suas acções são defensivas, visando neutralizar ameaças percebidas e proteger a sua população. Argumentam que têm o direito de se defender de um regime que abertamente expressa desejo pela sua aniquilação e que financia grupos que perpetram actos de terrorismo.

As Perspectivas do Irão:

Por outro lado, o Irão também apresenta os seus próprios argumentos e percepções de ameaça:

O Irão vê as acções de Israel e dos seus aliados (especialmente os EUA) na região como uma ameaça à sua própria segurança e soberania. A presença militar ocidental no Golfo Pérsico e as sanções económicas são vistas como actos de agressão.

O Irão alinha-se com a causa palestiniana e vê a existência de Israel como resultado da "ocupação" de terras árabes e da expulsão de palestinianos. Esta é uma posição apoiada em grande parte do mundo muçulmano.

O Irão vê a sua política externa como uma resistência à hegemonia ocidental e, em particular, à influência dos EUA e de Israel na região. Considera-se um actor independente que busca desafiar a ordem estabelecida.

A aposta do Irão no seu programa nuclear é frequentemente justificada como uma medida de ter energia nuclear para fins pacíficos segue os princípios do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.

Irão argumenta que as suas acções são defensivas e visam proteger os seus interesses e influenciar a região de uma forma que desafie o que consideram ser a hegemonia israelita-americana.

Um Conflito sem "Razão" Clara:

Em última análise, o conflito entre Israel e o Irão é um ciclo vicioso de desconfiança e escalada. Ambas as partes operam sob uma lógica de segurança que as leva a ver as acções da outra como provocadoras e ameaçadoras.

O que Israel vê como legítima defesa, o Irão pode ver como agressão e vice-versa. As narrativas históricas e religiosas de cada lado reforçam estas percepções.

A rivalidade é exacerbada por outros atores regionais e globais, cada um com os seus próprios interesses e alianças.

As diferenças ideológicas profundas entre a teocracia iraniana e a democracia israelita (que se define como um estado judeu) tornam a conciliação ainda mais difícil.

Não há uma resposta simples para "quem tem razão" neste conflito, mas na verdade quem agrediu e começou a guerra foi Israel. Ambas as partes têm queixas legítimas e medos genuínos. A tragédia reside no facto de que a busca pela segurança de um lado muitas vezes leva à insegurança do outro, perpetuando um ciclo de violência e instabilidade que tem consequências devastadoras para a região e para o mundo. A resolução deste conflito exigiria um nível de confiança, compromisso e reconhecimento mútuos que, actualmente, parecem inatingíveis.

Eduardo Milheiro

 

 

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