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A INFORMAÇÃO MARTELADA

23-05-2025 - Pedro Pereira

Na entrada dos anos 90, os grandes meios de informação, numa aparente ofensiva concertada, começaram progressivamente a ser manipulados, tendo como objectivo o controlo da formação da opinião do grande público.

Actualmente, estes, são detentores pela experiência, de que o método mais simples para manter o povo ignorante relativamente aos princípios básicos dos sistemas que geram as sociedades, é levá-lo à confusão, à desorganização, distraindo-o dos temas de real importância, para a sua vida, com a profusa difusão de notícias irrelevantes, difundindo-as até à náusea, tal como programas e concursos televisivos perfeitamente idiotas.

Assim, os telejornais dos vários canais televisivos, principais veículos de informação/desinformação, embora funcionando, encontram-se cada vez mais, esvaziados de conteúdos sérios e honestos.

Um jornal televisivo contém no máximo, três a dez minutos de informação verdadeira. O resto é constituído por reportagens ligeiras, notícias anedóticas, micro historietas e reality shows sobre a vida quotidiana, intercalando as poucas notícias sérias e importantes com reportagens desportivas (sobretudo futebol em quantidades industriais) e outras «distracções» que tais, de forma a baralhar a mente do telespectador.

As análises dos jornalistas especializados, assim como as reportagens de informação aprofundada são truncadas pelos comissários políticos e comentadeiros ao serviço do poder político e outros interesses, ao “despique” em fim de telejornais, que por sua vez controlam o poder empresarial que detém os canais televisivos. No caso datêvê estatal, o panorama é semelhante.

A informação mais ou menos credível, reduz-se cada vez mais à imprensa escrita, lida por uma minoria de pessoas, que a maioria, quando muito, fica-se pela leitura apressada dos títulos dos periódicos, mesmo os desportivos, que são os que tem maior tiragem.

Neste aspecto, é de levar em consideração as formas de mensagens subliminares sofisticadas, desconhecedoras da maioria dos cidadãos,sobretudo bastante assanhadas em tempos de campanhas eleitorais por banda de alguns partidos. No caso português, desconheço que exista legislaçãoque controle e/ou proíba esta matéria.

Os responsáveis do poder económico são quase todos do mesmo meio social. Conhecem-se e reproduzem-se entre eles através de casamentos e outras alianças, reencontram-se frequentemente, são portadores da mesma visão e dos mesmos interesses.

Entre eles acordam, evidentemente, sobre as estratégias e sincronização dos seus objectivos e acções comuns,quanto a um mundo ideal futuro moldado aos seus desejos pressupondo situações económicas favoráveis fundamentais, a saber:

Enfraquecimento dos Estados, fragmentação do poder político; desregulamentação e privatização dos serviços públicos; descomprometimento total dos Estados na economia; alienação progressiva a privados dos sectores da educação, da pesquisa científica e dos planos de reforma dos cidadãos, bem assim como, a colocação das polícias e das forças armadas ao serviço de empresas privadas.

Nesta conjuntura, os Estados ficam à mercê dos agentes de corrupção, dos trabalhos públicos inúteis, da doação de subvenções a empresas sem contrapartidas, ou das despesas militares sem controlo. Desde então, uma montanha de dívidas vai-se acumulando, os governos são forçados às privatizações e ao desmantelamento dos serviços públicos.

Quanto mais um governo é controlado pelos «donos do mundo», mais aumenta a dívida externa do seu país.

A precarização dos empregos e a manutenção de um nível de desemprego elevado são sustentados graças às deslocalizações, às emigrações, às imigrações, à mundialização do mercado de trabalho, à implementação da flexissegurança, ao trabalho temporário, ao aumento dos horários de trabalho e à redução dos direitos dos trabalhadores.

Estes factores aumentam a pressão económica sobre os assalariados, que a partir de então se encontram prontos a aceitar qualquer remuneração ou condições de trabalho, bem assim como a redução das ajudas sociais.

Como as ajudas sociais minimamente condignas reduzem o índice de desemprego, importa então, fazer pressão eficazmente sobre o mercado de trabalho. Impedir a escalada das reivindicações salariais, graças à manutenção de regimes de democracias musculadas ou corruptas, que de resto, continuam «vivos e de boa saúde».

Actualmente, vem-se assistindo a cenários idênticos nas chamadas «democracias ocidentais» incluindo Portugal.

As organizações multinacionais privadas têm-se dotado progressivamente de todos os atributos concernentes aos dos Estados como seja: domínio das comunicações satélite, serviços de informação sofisticados, cruzamento de dados sobre a vida dos cidadãos com a elaboração de ficheiros sobre os indivíduos e controlo das instituições judiciais (esta “moda” recente já chegou a Portugal) entre outros.

A etapa seguinte – e última – para essas organizações, será obter a parte de poder militar e policial que entendem corresponder-lhes enquanto novas potências. Em criando as suas próprias “forças armadas”, as polícias nacionais e as forças armadas nacionais, não se encontrarão mais, adaptadas à defesa dos seus interesses no mundo.

A breve prazo, os exércitos tornar-se-ão empresas privadas, prestadores de serviços que trabalharão sob contrato com os Estados, independentemente de servirem um cliente privado capaz de pagar os seus serviços. Numa etapa final do plano, estes exércitos privados servirão os interesses das grandes multinacionais, e atacarão os Estados que não se vergarem às regras da nova ordem económica. Este papel tem sido assumido pelos Estados Unidos da América, o país melhor controlado pelas multinacionais. Não obstante, nos dias em curso, após a reeleição de Donald Trump, a hegemonia dos EUA neste (e outros aspectos) está posta em causa face à ascensão cada vez mais evidente em termos geopolíticos, geoestratégicos e militares de potências como a Rússia, a China e a India, muito embora a guerra de tarifas encetada por Trump. Temos assim, o velho mundo em mudança.  

Pedro Pereira

 

 

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