A DISFUNÇÃO LABORAL EM PORTUGAL
16-05-2025 - Pedro Pereira
Continua a hemorragia de portugueses para trabalhar no estrangeiro, sendo Portugal, o país da Europa com mais emigrantes proporcionalmente à sua população, com cerca de 20% da população nascida no país a viver no estrangeiro, segundo dados do Observatório da Emigração.
Os principais factores para esta “fuga”, são a busca por melhores oportunidades de emprego, de salários, de habitação e, em suma, de qualidade de vida e de futuro.
Os principais países para onde emigram os portugueses, são o Reino Unido, a França, a Alemanha e os países do Norte da Europa, para além de outros em outros continentes.
De acordo com o "Consumer Sentiment Survey 2024", 37% dos portugueses continuam a ter interesse em abandonar o país.
Desde há pouco mais de 20 anos, que o número de licenciados nos mais diversos cursos, tem vindo a aumentar exponencialmente. Assim, e como amostragem, refira-se que e ntre 2011 e 2019, a população portuguesa com ensino superior aumentou ao ritmo de 71 mil por ano. Já entre o final de 2019 e meados de 2022 este número terá passado a 180 mil licenciados por ano!
Sucede, porém, que boa parte desses jovens se veem compelidos a emigrar, dado os baixos salários que lhes são oferecidos, com contratos precários e sem vislumbre de evolução de carreira, o que lhes tolhe quaisquer perspectivas de estabilidade profissional que lhes permita vir a constituir a sua própria família, com a agravante da dificuldade em adquirir habitação, esta - em maré evolutiva de especulação - sem possibilidade de recorrerem ao crédito bancário. Logo, o sonho de um futuro estável, é desfeito pela realidade da conjuntura económica/financeira do país, cujos governos acordam com as associações patronais/empresariais, em continuar a manter baixos salários, em contraste com a quase totalidade dos países parceiros da União Europeia. Acresce que a carga fiscal penaliza fortemente todos os trabalhadores que fazem horas extraordinárias na actividade laboral por conta de outrem – que abarca a função pública - o que desmotiva ao aumento da produtividade. Quanto mais horas extraordinárias, maior a carga fiscal. Logo, o trabalhador constacta que trabalhar mais horas que as obrigatórias por contrato, é assim a modos que um castigo e por isso se desmotiva.
Trabalhadores desmotivados, sem vislumbre no horizonte de “passarem da cepa torta”, encontram como única solução, aquilo que gerações de portugueses ao longo dos tempos, sobretudo nos séculos XIX e XX fizeram: emigrar.
Acontece, no entanto, que enquanto a maioria dos antepassados eram profissionalmente pouco qualificados, ao contrário, os portugueses deste primeiro quartel do século XXI, são maioritariamente qualificados e especializados. Ou seja, as famílias dos jovens e o Estado - no caso das instituições de ensino superior – investem centenas de milhões de euros a formar milhares de cidadãos, que, ao invés de colocarem ao serviço do país a mais valia dos saberes adquiridos, vão aplicá-las em outros países que os acolhem de braços abertos, como no caso dos profissionais de saúde, enfermeiros e médicos, por exemplo, enquanto que o Estado tem forçosamente de continuar a contratar profissionais estrangeiros com essas mesmas formações, porque assim pode continuar a manter a “epidemia” de salários terceiro-mundistas no sector da Saúde, como aliás, aos demais sectores.
Mas a mesma receita também é aplicada a outros sectores que não exigem especializações aprofundadas. Aqui, muitos empresários e especuladores, empregam mão-de-obra de gente provinda à martelada de países asiática, como a Índia, Paquistão, Bangaladesh e por aí fora, em detrimento de portugueses, que estes, exigem por direito o salário mínimo, como base e o cumprimento dos horários de trabalho. Acontece que, ao empregarem mão-se-obra asiática, na sua maior parte indocumentada e indiferenciada, essa gente, distantes dos seus países de origem, onde as regras laborais são arbitrárias, sujeitam-se docilmente a trabalharem as horas que os empregadores/especuladores portugueses e dos seus países de origem, entenderem, sem acréscimo de salário, sem contratos de trabalho, com remunerações abaixo do salário mínimo, alojados que ficam em buracos – literalmente – em casebres minúsculos, à molhada, em condições insalubres, infra-humanas, como tem vindo noticiados na comunicação social.
Face a este cenário, agravado nos últimos dez anos, durante os governos do PS de António Costa e associados (a geringonça), o país transformou-se num verdadeiro albergue espanhol, onde as forças policiais e de investigação são desautorizadas e o crime campeia. Onde o número oficial de imigrantes anda na ordem de 1 milhão e setecentos mil, sem contar com as centenas de milhar de indocumentados. Todos, sem excepção, têm entrado sem controlo do seu cadastro, sem que com isto signifique que a maioria possua cadastro. Acresce que a maior parte deles vive de subsídios e até, tem direito ao SNS, conduzem sem carta de condução válida ou falsificada, não falam português nem se esforçam por aprender.
Os Censos de 2023 registaram uma população de nacionais, de 10,58 milhões. Logo, face ao número de imigrantes em Portugal - cerca de 2 milhões – a percentagem destes em Portugal andará nos 20% da população. É demais, é escandaloso, é insuportável.
Haja decoro, cumpram-se as leis que devem ser aplicadas com rigor. Exige-se ordem no país e respeito pelos portugueses e demais estrangeiros que vivendo e trabalhando, cumprem as leis e respeitam a cultura do país.
Pedro Pereira
Voltar |