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Cortes D’Almeirim e VINICOOP-Cooperativa de Trabalhadores Vinícolas, Scarl e os Macacos de Imitação

09-08-2024 - Eduardo Milheiro

Os macacos de imitação sempre existiram, vão continuar a existir porque a esta gente falha de ideias e de inteligência, para tentar ser gente com grandes ideias não passam de macacos de imitação como o povo diz, vivendo copiando o que outro faz e para o qual não têm o mínimo jeito para executar nada.

Para que se saiba, antes se existir uma escola de condução e agora a Unidade de Saúde Familiar Cortes D’Almeirim, existiu uma empresa que iniciou a sua actividade em 1971, empresa essa de nome Milheiro & Filho, do qual eu era sócio, que se dedicava à produção e comércio de vinho engarrafado, como se pode ver na imagem abaixo.

Assim, a ideia desta marca não foi nem da escola de condução, nem da Unidade de Saúde Familiar, foi minha. Fui eu que tive esta ideia quando foi preciso arranjar uma marca, pensei na marca Cortes D’Almeirim e por acaso descobri que uma das pinturas que está ou estava numa das salas de audiência do Tribunal de Santarém era uma pintura das Cortes D’Almeirim.

Com a imagem e a ideia, fui a uma empresa de design gráfico e publicidade, empresa essa onde por acaso trabalhava o poeta Ary dos Santos, para estudarem e fazerem o rótulo para as garrafas de vinho reserva, o que resultou no rótulo apresentado nesta garrafa, fruto da minha ideia e sem ser ter copiado a ideia de ninguém, mas que por desconhecimento não foi feito o registo no Registo de Marcas e Patentes, ficando deste modo à disposição dos labregos que a queiram usar.

Já agora e a propósito do aparecimento da VINICOOP, ela aparece a seguir ao 25 de Abril e como?

Não foi por causa do 25 de Abril que muitas empresas de vinhos encerraram ou faliram, mas porque o Ministro das Finanças Manuel Cota Dias do governo em que Marcelo Caetano era o Presidente do Conselho de Ministros, verificaram mais letras que vinho por volta de Setembro de 1973, proibindo os bancos de descontarem letras comerciais a comerciantes de vinhos.

Isto originou a falta de liquidez dos comerciantes de vinhos resultando no não pagamento das respectivas letras sendo a grande maioria debitada nas contas de depósitos à ordem dos sacadores, o que deu origem a que a empresas ficassem sem fundo de maneio, inclusive sem caixa para as despesas correntes.

A Milheiro & Filhos, Lda. Engarrafadora e distribuidora dos vinhos Cortes D’Almeirim, com grandes dificuldades, lá se foi aguentando, mas em 1975 a solução era o fecho da empresa.

Na iminência de cerca de 20 trabalhadores irem para o desemprego, reuni com os mais esclarecidos e disse-lhes: “meus amigos, vou fechar a empresa, a outra possibilidade será vocês ocuparem a empresa e formarem uma cooperativa, têm tudo para trabalhar, vinho branco para engarrafar, não há vinho tinto mas eu arranjarei, (como arranjei) para vocês continuarem a actividade e garantirem os vossos ordenados, mas sem utilizar a marca Cortes D’Almeirim”.

E assim foi, formaram a Cooperativa com o nome de VINICOOP-Cooperativa Trabalhadores Vinícolas, Scarl, conseguiram ainda trabalhar uns anos até que por volta de 1979/81 acabaram por fechar.

É mais uma história na minha vida.

Eduardo Milheiro

 

 

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