Edição online quinzenal
 
Terça-feira 7 de Maio de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

MADRUGADA

26-04-2024 - Fernando Pacheco

Obrigado Eduardo Milheiro, pelo desafio ao uso livre, do poder terrível da palavra libertária; a nossa aliança, contra a servidão, junta-nos de novo para o combate. Amigos do peito e do coração.

Nesta festa da memória da alegria, ofereço a todos o meu testemunho sentimental, porque acredito, que a Grande Política, nunca pode afirmar-se inteiramente, quando despida da força poderosa dos afetos.

Nessa data Gloriosa eu corria pelas ruas do Porto para chegar depressa a Lisboa, a tempo da Revolução; banhado em lágrimas de felicidade incontrolável, pressentia, que a sublevação militar, noticiada na rádio, anunciava o inadiável fim da ditadura. De súbito, na lateral poente da Praça do Município, com a Avenida da Liberdade à vista, esbarrei na tragédia, o linchamento de um soldado da nossa Guarda Nacional Republicana. - Incrível! Um bando de pessoas normais, destilava violência, sobre um farrapo humano. Num impulso de compaixão, sem medo, imagino eu, elevei-me acima de mim mesmo, e do alto dos meus 20 anos de revolucionário utópico radical, enfrentei a turba e ralhei com eles! gritei-lhes na cara, qualquer coisa séria e irrecusável, sobre a abissal diferença, entre a culpa da ditadura e a dos homens anónimos obrigados a servi-la.

Por milagre a agressão parou, as pessoas atordoadas consigo próprias, regressaram ao mundo e levantaram aquele homem do chão; o soldado olhou-me com fraternidade, sangrando aprumado e sumiu no primeiro beco, de arma à cintura sem nunca lhe tocar.

Neste episódio grotesco, salvámo-nos todos, reabilitando connosco, a nobreza indeclinável, da nossa humana condição. Não sei quem era ninguém, cada um seguiu o seu caminho e o seu sonho, que é o que a vida manda; entrei na Avenida da Liberdade tranquilo e perdi a pressa de chegar à Revolução. Tinha acabado de tropeçar nela!... Ali mesmo!

Não podia ter havido melhor prenúncio, para o que aconteceu a seguir;

a Revolução explodiu, magnífica na sintonia entre Povo e Armas, e o Cravo Vermelho, no cano da espingarda, deslumbrou o Mundo!

O turbilhão dessa incrível liberdade torrencial, redimiu toda a possibilidade de ressentimento, não dava para acreditar! Eramos tão felizes, que a sede de vingança, pelos crimes da Ditadura, morreu ali! Foi lindo, até às lágrimas! Um Povo Inteiro, num Abraço Comovente, reencontrado consigo próprio e em paz com os seus Demónios.

Sem esse Gesto Grandioso, de vital fraternidade, Abril nunca teria acontecido. - Os que tiveram o privilégio, de protagonizar esse instante surreal inesquecível, sabem que falo de coisas do Outro Mundo… que aconteceram de Verdade!

Desgraçadamente, obediências obscuras inconfessáveis, induziram Portugal ao coma profundo, sem farol de rumo soberano.

O Rei vai nu…, mas já ninguém se atreve (pelo menos) a organizar um peditório que seja, para oferta de camisas (de forças) aos Vasconcelos. Não apaguem da memória os Conjurados, precisamos deles!...que os mecenas agiotas, são capazes de tudo e não brincam em serviço.

“Nesta noite solene, vamos acabar com o Estado a que Chegámos! quem quiser vir comigo, seguimos para Lisboa e acabamos com Isto! Todos os 240 Homens, formaram de imediato à sua frente, e marcharam sobre a Ditadura.” Salgueiro Maia.

nunca haverá sonhos impossíveis quando nos atrevemos a Sonhar!

O Cravo Vermelho, continua – Vivo… na nossa mão!... de Pé!

25 de Abril - Sempre!

Fernando Pacheco

Santarém, Casa do Brasil - 2015

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome