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As JMJ pelos olhos de um Ateu

25-08-2023 - Francisco Pereira

Deixem-me em primeiro dizer que aprecio bastante o Papa Francisco, reconheço ali um ser humano de eleição, um homem de fina capacidade intelectual, um ser humano integro, a não ser sacerdote teria certamente enveredado por uma qualquer posição de destaque na política do seu país de origem, projectando posteriormente essa qualidade de excelência para uma carreira política internacional, disso não tenho nenhuma dúvida, confirma essa minha convicção o facto de Jorge Mario Bergoglio ter ascendido enquanto sacerdote ao mais alto cargo da hierarquia da Igreja, tal ocorreu certamente devido em grande parte à sua grande dimensão humana, é pois com uma enorme satisfação que vos digo que admiro o homem.

Dito isto, vamos então às Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), que como é sabido decorreram em Portugal, mais concretamente em Lisboa. Para mim aquilo foi uma espécie de festival de Verão para “ratos de sacristia”, descontem-se lá as patranhices exotéricas, o resto é tal e qual, os festivais de Verão, sim, talvez com menos sexo, drogas e rock, ainda assim para mim aquilo não passou de uma enorme palhaçada despesista, patrocinada por, uma alegada Republica laica, foi lindo ver, por exemplo uma militar fardada da GNR a transportar uma cruz de madeira, nada tenho contra as manifestações de fé, mas acho de péssimo gosto ser permitido a militares fardados da tal alegada Republica laica prestar-se a tais figuras, mas pronto, desde que o mais alto magistrado da Nação fez a figura ridícula que fez, aquando da notícia da escolha de Portugal como local das JMJ, o mote estava dado.

Apesar de pessoalmente abominar religiões, não há uma pior que a outra, são todas igualmente medíocres além de absolutamente desprezíveis, são todas sistemas políticos hierarquizados que mais não pretendem do que escravizar os que lhes caem nas garras, aceito perfeitamente que as pessoas necessitem de acreditar, de aceitar e frequentar tais quimeras, aceito pacificamente aquilo a que chamam manifestações de Fé, é porém minha convicção, que tais manifestações, das mais extremistas às mais inócuas mais não são que demonstrações patéticas de distúrbios psicológicos, acrescento aliás, de que estou absolutamente convicto de que acreditar em religiões, é demonstrativo de uma qualquer patologia psíquica, aliás as religiões são elas próprias uma prova de quão mentalmente alienada é a sociedade humana.

O Papa Francisco, que como já disse e repito pois não é demais repetir, é pessoa que muito admiro, nas suas várias locuções à turma da benzilhice, proferiu afirmações plenas de significado, mas que mais não são do que óbvias constatações do homem inteligente, cheio de bom senso, portador de valores éticos humanistas e cívicos que Francisco é, aplicando toda essa saudável humanidade a uma instituição que apesar de tanto apregoar “valores cristãos” na prática é de uma velhacaria atroz, e Francisco bem o sabe, aliás a prova disso foram precisamente o foco constante nas coisas que foi dizendo, Francisco sabe perfeitamente, a podridão que por ali grassa, como homem lúcido, atento e inteligentíssimo, tentou que o “povo da Igreja” o ouvisse, disso porém tenho muitas dúvidas.

Sustento essas minhas dúvidas, na exaltação quase histérica com que fomos ouvindo múltiplas entrevistas televisivas feitas a participantes das JMJ, onde as simples palavras vindas da bondade genuína, do profundo humanismo, da erudição e bom senso do Papa Francisco, ressoavam como se fossem novidade, como se aqueles vários entrevistados de vários sexos e idades, se tivessem confrontado com aqueles conceitos, pela primeira vez, como se aquelas palavras cheias de inteligência, bondade e sapiência fossem algo inovador, quando na realidade muito do que Francisco disse, é há séculos apregoado pela Santa Madre, sendo o resto produto do bom senso de qualquer ser humano equilibrado, isto meus caros para mim foi pavoroso de constatar, que os ratos de sacristia não só não conhecem os ditames da sua casa, como também não põem nada do que o Papa disse em prática, são apenas uma corja medíocre de hipócritas eu bem o sei, já fui um deles.

Para concluir, que não desejo estragar-vos as férias estivais, aquela coisa das JMJ, foi uma palhaçada balofa, para entreter catequistas sexualmente frustradas, infelizmente, como se viu, pelas atitudes, as JMJ não vão mudar nada, isto apesar do enorme esforço e no foco que o Papa colocou nessa necessidade mais do que urgente de mudança, sinceramente duvido que a maioria o tenha sequer ouvido quanto mais praticar aquilo que o homem advoga.

Findo o espectáculo, resta-nos a nós, aos descontentes, descrentes, chateados e até aos revoltados, arcar com as despesas, a factura está aí, duvido que alguma vez venhamos a saber quanto é que toda aquela orgia religiosa nos custou, como sempre acenaram-nos com a cenoura da recuperação de uma zona degradada e de um mítico “retorno” económico, argumentos usados até à exaustão por aquele títere pateta que manda na capital para justificar as suas decisões, e pronto como dizia o Porky Pig “Th...th...that´s all folks”!

Francisco Pereira

 

 

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