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FRANÇA – BARÓMETRO DO FUTURO DA EUROPA

07-07-2023 - Pedro Pereira

Os recentes tumultos um pouco por todas as cidades francesas, com destaque para Paris, a que o mundo assistiu ao vivo e a cores, trouxe-nos a nós, europeus, em particular, uma inquietação maior, dada a “invasão” a que este continente continua a assistir, de centenas de milhar de gentes provenientes de países do norte de África e da Ásia, que em nada se identificam com a matriz cultural europeia, com os idiomas e hábitos bem distintos dos povos europeus e que, de um forma geral, não se integram ou querem integrar nas sociedades dos diversos países europeus, agrupando-se em guetos, primando, muitos deles, por crimes avulsos de todo o tipo.

No caso de França, em particular, esta estória começa com a independência da Argélia em 1962 e o acolhimento maciço de argelinos, uns, fugidos ao novo regime, outros, a maior parte, na busca de trabalho e procura por melhores condições de vida, tanto mais que nos anos 60 a França registou um crescimento económico elevado e necessitava de um ror mão-de-obra.

Assim, este país, abriu as portas não só a centenas de milhar de argelinos, mas de igual modo a portugueses, espanhóis e italianos, por exemplo.

Como era de calcular, os nacionais imigrantes tenderam na maior parte, a agrupar-se por nacionalidades em bairros. Em Marselha, desde décadas anteriores que se vinha registando. No caso dos portugueses, em bairros de lata (os bidonville), como o dos arredores de Paris, em Champigny (que se tornou famoso por ter constituído o maior da Europa) porto de arribação onde mais de quinze mil portugueses viveram até conseguirem habitações condignas, promovidas pelo departamento do Val-de-Marne.

O ciclo da emigração portuguesa para França teve início em finais dos anos 50 e acelerou notavelmente nos anos 60, devendo-se em parte à fuga à pobreza crónica de Portugal, estimulado pelo processo de reconstrução gaulesa do pós-guerra, com a participação de um enorme contingente de mão-de-obra portuguesa pouco qualificada, que encontrou sustento, sobretudo, na construção civil e obras públicas, mas também, com jovens que fugiam ao destino certo da guerra colonial.

Sessenta anos se passaram e a comunidade de portugueses e de luso descendentes em França, conta hoje com cerca de 2 milhões indivíduos (há organizações que referem um número superior) constituindo Paris a “terceira cidade portuguesa” à frente dos residentes em Lisboa e Porto, sendo que a emigração de portugueses para esse país tem continuado como mais ou menos fluxos ao longo das décadas, até aos dias de hoje.

Não obstante, a comunidade portuguesa de nascimento e luso descendente em França, é reconhecida como ordeira, trabalhadora e empreendedora, pelo que existem portugueses a ocupar o topo dos mais variados sectores económicos/empresariais, políticos e outros.

Ao longo das décadas da vivência dos portugueses em França, não há registo de participarem em motins, ataques em massa a outros cidadãos, atentados e depredações de património…. Enfim, aquilo em que são useiras outras comunidades de outras nacionalidades ou e/ou os seus descendentes, como vimos de vez em quando e nestes últimos dias.

Os portugueses são europeus, com uma longa tradição histórica e cultural, com raízes bem fundas no espaço europeu. Por isso, adaptam-se com facilidade a trabalhar e viver não só em outro país europeu, como a Grã-Bretanha, mas até noutros países de outros continentes onde existem comunidades numerosas, como nos EUA, Canadá e outros, porque os portugueses, por tradição, respeitam os usos e costumes dos países que os acolhem e, mais, integram-se neles com facilidade, sendo gratos a quem os acolhe.

O mesmo se poderá dizer de outras comunidades residentes em França, como a espanhola ou italiana, por exemplo, porque, como acima referimos, são povos europeus com uma sólida cultura, entrelaçadas com as dos restantes povos dos países do continente.

Para melhor elucidação do leitor, de acordo com a revisão mais recente das estimativas sobre as migrações internacionais da ONU, existem atualmente mais de 2,6 milhões de portugueses a residirem no estrangeiro.

As razões de fundo dos recentes tumultos de arruaceiros em algumas das cidades francesas, protagonizadas por jovens com o intuito evidente de saquear estabelecimentos, destruir viaturas, incendiar edifícios e agredir cidadãos, vão mais fundo do que é possível explanar no espaço de um artigo neste periódico. Recordemo-nos que ainda há pouco tempo, podemos assistir às manifestações por justas reivindicações de trabalhadores em Paris e em outras cidades, relativamente ao aumento do tempo para as reformas decidida por Macron, tendo as mesmas sido aproveitadas por bandos de jovens facínoras, para cometerem actos de puro banditismo e terrorismo, sendo que não eram trabalhadores e com décadas de vida pela frente para se reformarem.

Desde os últimos séculos, que os acontecimentos políticos em França de grande envergadura influenciam os regimes e as mudanças políticas dos restantes países europeus, sobretudo os do Sul. Recordemos por exemplo, a Revolução Francesa ou o Maio de 1968, como evidência desses acontecimentos. Por isso, o que se passa em França, deve ser motivo de reflexão e até de preocupação, por banda de todos os cidadãos europeus.

Pedro Pereira

 

 

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