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A DESVALORIZAÇÃO DA MERITROCRACIA DOS TRABALHADORES

12-05-2023 - Pedro Pereira

A questão dos salários miseráveis dos trabalhadores em Portugal é como que uma doença endémica. Um flagelo nacional.

Nos dias de hoje, uma vez mais, acrescidamente, em comparação com a última década, os trabalhadores enfrentam problemas que resultam, primordialmente, em dificuldades para satisfazer as suas necessidades básicas. Além disso, cresce o coro de críticas de que a meritocracia, ou seja, a valorização do mérito e do desempenho dos trabalhadores, nem sempre é levada em conta na determinação dos salários, quer no sector privado, quer na função pública.

A maior parte dos trabalhadores portugueses auferem salários mínimos ou escandalosamente baixos, nomeadamente na função pública, comparativamente ao custo de vida e aos padrões dos trabalhadores dos restantes países comunitários.

Grande parte dos trabalhadores enfrentam no quotidiano, desafios para conseguir arcar com as despesas básicas, como a alimentação, habitação, saúde e educação.

Além disso, são do domínio e comentário público, as críticas em relação à falta de uma verdadeira meritocracia no sistema de remuneração em Portugal. Muitos argumentam que, em alguns setores públicos e empresas, a progressão na carreira e a determinação dos salários não são baseadas apenas no mérito e no desempenho dos trabalhadores, mas sobretudo em outros fatores, como nepotismo, amizades, favorecimento pessoal ou mesmo discriminação.

Essa falta de meritocracia é geradora de insatisfação e desmotivação entre os trabalhadores, que se sentem desencorajados para se esforçar e procurar desenvolve a excelência no seu trabalho, visto que as suas remunerações não se encontram diretamente relacionadas com o seu desempenho laboral. Além disso, podem contribuir para a desigualdade salarial, onde trabalhadores com as mesmas qualificações e desempenho recebem salários diferentes devido a fatores não relacionados com o mérito, o que sucede, por exemplo, entre trabalhadores autárquicos e empresas municipais.

É importante referir que a questão dos salários miseráveis e a falta de meritocracia são questões complexas, que envolvem múltiplos factores, acrescidos ao atrás referidos, como a situação económica do país, a competitividade do mercado de trabalho, as políticas de remuneração das empresas e as relações laborais. A solução para esses problemas não é simples e requer uma abordagem abrangente e holística, envolvendo ações dos governos, das empresas e dos próprios trabalhadores.

É fundamental que os trabalhadores sejam valorizados de forma justa e que a meritocracia seja levada em consideração na determinação dos salários, para que possam ser adequadamente recompensados pelo seu esforço e desempenho. Políticas de transparência e equidade na remuneração, assim como incentivos para a formação e capacitação dos trabalhadores, podem contribuir para uma maior justiça salarial e uma sociedade mais justa e equitativa.

Em Portugal, a questão dos aumentos salariais tem sido desde há vários anos, um tema de grande preocupação, especialmente nas classes profissionais dos médicos, enfermeiros e professores. Muitos criticam justamente, os aumentos salariais considerados miseráveis, que não acompanham a inflação e não refletem adequadamente o valor e a importância das classes laborais na sociedade.

Os médicos, enfermeiros, e outros profissionais de saúde, para além dos professores, são considerados pilares fundamentais do sistema de saúde e educação em Portugal. São profissionais essenciais para o bem-estar da população e para o desenvolvimento do país. No entanto, esses profissionais têm enfrentado, sobretudo, nesta última década, uma série de desafios, incluindo baixos salários e condições de trabalho precárias.

Por isso, muitos médicos, enfermeiros e outros agentes de saúde, queixando-se dos salários baixos e das más condições de trabalho, incluindo a falta de pessoal e a sobrecarga de trabalho, têm emigrado em grande quantidade nos últimos anos para outros países em busca de melhores condições salariais e de trabalho, o que tem impactado negativamente no sistema de saúde português.

Os professores por sua vez, também vem enfrentado dificuldades no que diz respeito aos aumentos salariais e valorização das suas carreiras. Estes profissionais têm reclamado da falta de atualização salarial e do desfasamento entre os seus salários e o custo de vida, a que acrescem desafios adicionais, como a crescente carga de trabalho, a burocracia excessiva e a falta de recursos nas escolas.

Em resumo, a questão dos salários miseráveis dos trabalhadores portugueses e a falta de meritocracia na determinação dos mesmos, são temas relevantes, que requerem atenção e acção por parte das autoridades, empresas e sociedade como um todo. É necessário um esforço conjunto para promover a justiça salarial e garantir que os trabalhadores sejam adequadamente valorizados pelo seu mérito e desempenho.

A retenção de talentos, a garantia de uma força de trabalho motivada e qualificada, e a promoção de serviços de qualidade para a população dependem de uma valorização justa e adequada das várias classes profissionais. É essencial e urgente investir na valorização dos profissionais de saúde, de ensino e de outros sectores laborais, como forma de evitar a hemorragia/emigração de trabalhadores especializados e capacitados para desenvolverem o bem-estar dos seus concidadãos e o desenvolvimento do país.

Pedro Pereira

 

 

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