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A infeliz “galambização” da sociedade

12-05-2023 - Francisco Pereira

O mais recente episódio, supremo exemplo, da esturdia governeira, que envolveu um ministro, um adjunto de ministro mais um computador por junto com o SIS mais a Polícia Judiciária, naquilo que foi mais um triste episódio da patética novela “TAP”, mais não foi do que um outro exemplo de uma galopante “galambização” desta nossa sociedade, olhando para alguns dos casos ocorridos, é notória essa “galambização” mais o completo desnorte que assola o nosso país.

Verdade seja dita que há muito que a nossa sociedade experimenta esta “galambização”, deixem-me antes de prosseguir explicar o que entendo por “galambização”. Actualmente vemos pulular pelos corredores do Poder ligados à política, pelos governos, pelo Parlamento, pelos municípios e pela administração pública, uma nova geração de “miudagem”, todos com muito menos de 50 anos, todos partilhando mais ou menos o mesmo percurso, a maioria, oriundos das juventudes partidárias, fizeram carreiras nessa realidade, possuem zero experiência de trabalho no Mundo real, possuem zero experiência da realidade, vivem, como viveram sempre numa redoma, outros singram, atingindo os almejados lugares graças às “políticas” do compadrio, do amiguismo mais do nepotismo que continuam a fazer dos processos de escolha, processos vergonhosamente mafiosos aos quais ninguém põem cobro, seja lá a cor política que for.

A “galambização” da sociedade, é então por mim entendido, como um fenômeno, em que miúdos, mal formados, egocêntricos, falhos de qualidades humanas essenciais, birrentos e pouco tolerantes à frustração, tomam de assalto os esconsos corredores do Poder, através das “mafiosas” relações de nepotismo oligárquico e demais esquemas de que os partidos políticos se socorrem para assegurarem que os “seus” entram de certeza para os lugares certos, isto consegue-se com concursos públicos martelados, que é a maioria, com nomeações “ad hoc” de assessorias, regiamente pagas, em que miúdos acabados de sair das Universidades fazem de conta que trabalham, com promoções dos apaniguados legalmente fundamentadas no actual sistema de avaliação dos funcionários públicos, o famoso SIADAP, que não passa de um embuste, para beneficiar o lambebotismo e os “amigos”, garantindo desse modo uma rede de “favores” que irá fortalecer e favorecer os decisores politiqueiros.

Assumo que toda esta conversa possa passar por meras palavras ressabiadas, inconsequentes e quiçá maldosas de um “velho”, que como todos os “velhos” tem a tendência de demonizar e maldizer as gerações mais novas, asseguro-vos de que não é assim, baseio esta minha convicção apenas na constatação de meros factos que observo há mais de uma trintena de anos, sendo que alguns desses factos, como sejam as redes de “amiguismos”, o nepotismo e por aí adiante, são “instituições” que sempre existiram, a fraca qualidade das gentes é que não, claro que generalizo, e que haverá gente boa e capaz pelo meio desta maralha toda, sem dúvida que sim, mas o jóio é cada vez mais e de mais fraca qualidade como bem o demonstram todos estes recentes casos ocorridos com o actual governo.

Mas não julguemos que o simples acto de trocar de cor política fará desaparecer esta “galambização”, infelizmente não, o rebotalho parece ser hoje um factor hegemónico no seio da classe política, fornadas de cachopos birrentos oriundos das várias juventudes partidárias perfilam-se, lutando arduamente por obter o tal “lugar ao Sol”, gente que nunca trabalhou, que vive numa redoma, que tem sempre dinheiro, que nunca aprendeu a fazer sacrifícios, nem teve de os fazer.

E tanto assim é que Sua Excelência o Presidente da República quando confrontado com a armadilha do senhor Primeiro-ministro, que misteriosamente, ao segurar um ministro medíocre (1), quis dar ao Presidente a jugular para que este o imolasse, viu no entanto o mesmo Presidente evitar essa armadilha, invocando várias causas para a não dissolução do Parlamento, entre todas essas causas apareceu aquela que na minha perspectiva me pareceu mais desoladora, foi a de o Presidente de Portugal, concluir que não tem alternativa, nem à Esquerda nem à Direita, preferindo assim o menor dos males. É pavoroso verificarmos que efectivamente o Governo actual não tem oposição, nem nós temos alternativa, apenas quando for tempo, iremos trocar uns galambas por galambas de outra cor é esta a nossa infeliz realidade.

Vivemos pois numa sociedade cada vez mais “galambizada”, prenhe de gentalha arrogante, mal formada, medíocre, apesar do muito currículo académico, uma sociedade de cachopos birrentos, mimados, sem tolerância, sem respeito, falhos de empatia, falhos de capacidade de sofrimento e sem sentido de Estado, os partidos políticos, os governos, o parlamento, os municípios e serviços públicos estão cheios disso, dessa tralha, a própria sociedade está cheia dessa tralha, não admira pois que um Presidente da República se veja na contingência de ter de se resignar com o miserabilismo a que este infeliz país chegou, nem sequer se coibindo de admitir essa resignação perante os seus concidadãos nos ecrãs da televisão .

1- É absolutamente misterioso que o senhor Primeiro-ministro se tenha agarrado e feito finca pé na manutenção no cargo de um ministro medíocre como Galamba, mediocridade que já tinha demonstrado como secretário de Estado do Ambiente. Não consigo perceber esta atitude birrenta, tendo em conta que o senhor Costa, foi sempre lesto a deixar cair outros membros do seu governo, bem mais capazes que Galamba, é pois um mistério.

Francisco Pereira

 

 

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