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TAP - Trapalhada à Portuguesa

14-04-2023 - Francisco Pereira

Contrariamente aquilo que muita gente inteligente e ponderada pensa, pessoalmente não acredito que tenhamos batido no fundo, se calhar sou um estouvado diletante com a mania das profecias, pois, se calhar sou, no entanto pessoalmente acredito que, algo já bastamente demonstrado pela nossa História, no que toca à bandalheira, no que toca a “bater no fundo”, em Portugal há sempre mais fundo e é sempre possível descer ainda mais baixo, acredito até que a bandalheira em Portugal é irremediavelmente auto sustentável e infindável.

Onde é que sustento essa minha convicção, ora meus caros, poderemos olhar para a nossa História, ou então olhar apenas para a actual trapalhada da TAP, um verdadeiro circo de horrores que encerra em si quase todos, senão mesmo todos os ingredientes que enquadram o “manual” da bandalheira nacional, que se podem ver replicados em municípios, juntas de freguesia e outras instituições públicas, que seguem os exemplos cimeiros, não pensem que isto, este quase permanente estado de bandalheira, é exclusivo de um determinado partido, apesar de parecer que um em particular tem mais apetência para a bandalheira do que os outros, não, a bandalheira é democrática e transversal às cores partidárias, por exemplo os três partidos hegemónicos que desde o 25 de Abril de 1974, mais tempo governaram Portugal, são três dos mais excelsos exemplos do quanto a bandalheira passou de um simples percalço, a uma quase norma instituída.

E para aqueles que se mostram surpreendidos com o estado de miserabilismo e bandalheira a que isto chegou, apenas vos digo meus caros que tendes andado muito distraídos em relação à realidade desta velha nação.

Por mais incrível que vos possa parecer, nada daquilo que até agora fomos sabendo, que acredito sejam apenas as minudências, tenho muita pouca fé nas qualidades das comissões parlamentares, dizia eu que nada daquilo que veio agora a público é novidade, nem a “nomeação” a martelo, da mulher do ministro para um “lugarzito” no ministério dirigido pelo amigo ministro, nem os milhões distribuídos a esmo em contratos, indemnizações e outras trapalhadas jurídicas, nem sequer a aparente irrealidade de continuar o governo a insistir em defender o indefensável como se nada fosse, portanto meus caros, nada destas muitas sucessivas trapalhadas ligadas à mui vasta bandalheira da TAP é novidade, a novidade reside somente na dimensão da coisa.

Acredito igualmente, que nem tudo nesta medíocre trapalhada, nesta vergonhosa bandalheira, é mau, ficam-nos várias lições, que poderão servir para os futuros politiqueiros colherem alguns ensinamentos, coisa que estou seguro não farão, no entanto essas lições estão aí para quem as quiser aproveitar, a primeira é a de ficarmos agora com a certeza de que a TAP, há muito que deveria ter sido alienada, concedo que se assim fosse o entendimento se mantivessem 10 ou 15 aviões, apenas, para mantermos o nome da companhia e voarmos para aquelas rotas que achamos importantes, os activos e passivos restantes, o grosso da operação, transitaria para a esfera do sector privado e eles que desenrascassem, sem mais um cêntimo de dinheiros públicos enterrados em semelhantes antros de bandalheira, infelizmente, governados como somos, fomos e seremos por indigentes intelectuais, nada mais nos resta que ter fé em melhorias, coisa em que não acredito.

Uma outra lição interessante foi a de percebermos que não precisamos de ministros para nada, porque eles nunca sabem de nada, nunca viram, nunca ouviram nem nunca falaram, substituam-se então os ministros por um conjunto daquelas estatuetas engraçadas dos macaquitos a taparem os olhos, a boca e os ouvidos, dá igual e ficam mais baratos os macacos de loiça. Isto porque dá a impressão que quem realmente manda nisto são os secretários de estado, os motoristas, as senhoras da limpeza e um ou outro director, de resto toda aquela tropa fandanga politiqueira que enxameia os ministérios, não serve para nada, bastam uns quantos secretários de estado, muito mais baratuchos, será pois mais que suficiente.

Ficámos igualmente a saber, pelos menos aqueles que ainda não o tinham percebido, distraídos provavelmente por problemas e urgências mais prementes, de que a teia da governança e os seus meandros, está prenhe de putarias, de esquemas de amigos, de nomeações de família, estou certo que famílias inteiras haverão em que todos os elementos se alimentam da teta do Estado, graças a estas redes tentaculares de nepotismo oligárquico, esta verdadeira Máfia politiqueira que distribui e redistribui os lugares mais convenientes às clientelas, à família e aos amigos, seja no governo central seja nas autarquias é um fartar vilanagem de esquemas mafiosos, de negociatas e trafulhices, se uma lição existe, importante que ela é que a bandalheira da TAP nos revelou é que Portugal está completamente podre, nem uma poda nem uma cura salvam esta terra.

Mas não desesperem, esperem antes é mais e pior, porque a seguir aos detentores actuais do Poder seguir-se-ão outros de outra cor, o que fará com que mude a cor do balde, já que o conteúdo terá a mesma cor acastanhada e o mesmo cheiro nauseabundo, habituem-se,e não o estiverem já.

Francisco Pereira

 

 

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