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Economia - Inflação e taxas de juro

31-03-2023 - Mário Jorge Ferreira

É normalmente teoria dominante no seio dos economistas de formação clássica e neo-clássica e sem raciocínios e pensamentos autónomos não constantes nos livros que lêem e estudam, que, o aumento das taxas de juro tem como consequência a baixa da inflação.

Tal teoria tem essencialmente como pressupostos a diminuição da procura de dinheiro e ainda uma diminuição da procura de bens e serviços, por via de um acréscimo da poupança, face às expectativas de rentabilidade de futuras aplicações financeiras em função do aumento dessas taxas de juro.

Ora, em primeiro lugar, creio que a presente situação inflacionista não resulta de um excesso da procura sobre a oferta, face ao empobrecimento cada vez mais generalizado da maioria das pessoas, mas antes de um aumento dos custos de produção por via dos grandes aumentos dos custos das matérias-primas, como consequência da guerra na Ucrânia.

Ora, apenas isto, de si e per si, seria suficiente para destronar as teorias e práticas vigentes.

No entanto, partindo do pressuposto erróneo que a presente situação inflacionista resulta de um excesso da procura sobre a oferta, vejamos em que medida os aumentos das taxas de juro estimulam a poupança e contribuem para a diminuição da procura.

É evidente que caso as taxas de juro passivas (relativas a depósitos a prazo e outras aplicações financeiras a prazo) aumentassem na mesma proporção que os aumentos generalizados das taxas de juro, tal contribuiria para incentivar as poupanças, diminuindo assim a procura de bens e serviços e consequentemente uma baixa da inflação.

Mas, a prática não demonstra nada disso. O que sucede é que esse aumento das taxas de juro apenas provoca taxas de juro activas especulativas (para quem tem empréstimos ou os pretende obter), em pouco ou mesmo nada mexendo com as taxas de juro passivas, aumentando tão somente as margens financeiras das instituições de crédito e sociedades financeiras.

Sucede ainda que, para o cálculo da taxa de inflação (na minha opinião erroneamente e propositadamente) entra um conjunto de cabaz de compras de determinados bens e serviços, nos quais se exclui o preço da habitação.

Assim pergunto, embora não contribua para esse cálculo, o aumento das taxas de juro que faz com que as prestações dos empréstimos à habitação e por arrastamento as rendas de habitação se tornem mais onerosas, isso não será mais inflação?

Por outro lado, o aumento das taxas de juro em termos empresariais, provoca que os custos dos empréstimos obtidos pelas empresas se tornem mais onerosos, forçando ao aumento dos preços dos seus bens e serviços para fazerem face ao aumento desses seus custos. Por outro, conduz ainda à não realização de investimentos empresariais em função do aumento dos custos de financiamento, contribuindo assim não só para um desaceleramento do crescimento económico como para um decréscimo da oferta.

Face a todos estes considerandos, apenas pergunto: a quem serve o aumento das taxas de juro?

Parece-me óbvio que apenas serve às instituições de crédito, sociedades financeiras e ainda aos grandes investidores e especuladores do mercado de capitais.

Mário Jorge Ferreira

 

 

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