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SEIS A ZERO, OU SERÁ ZERO A SEIS?

31-03-2023 - José Janeiro

A propósito do jogo de futebol no Luxemburgo, existe uma masturbação histérica colectiva com o resultado de seis a zero. Nunca entendi a importância anormal que dão ao futebol em detrimento de coisas mais importantes para a sociedade, assim como nunca entendi o endeusamento de jogadores de futebol. Quiçá sou eu que estou errado, ou talvez não!

Os meus ídolos são outros, que não futebolistas, são cientistas, policias, bombeiros e todos os que contribuem positivamente para o crescimento da humanidade, tipos que dão uns pontapés na bola são totalmente indiferentes para mim.

Não deixa de ser surpreendente a alienação colectiva que um jogo de futebol provoca e o quanto os nossos (des)governantes numa tentativa de cativação popular vão gastar uns milhares do erário publico para irem ver um jogo como foi este, não se coibindo das palhaçadas habituais tudo em prol do populismo.

Pelos vistos dizem que “demos” seis a zero àquele país, principado, e economicamente um dos mais ricos da Europa, coitados só prestam para a economia e não para o futebol, são uns incompetentes caramba, não sabem jogar á bola, que tristeza.

Vejamos os 6 a zero que o Luxemburgo nos dá sem os malabarismos que por cá se fazem e onde é mais importante um jogo de futebol que a vida das nossas gentes:

Comecemos pelo PIB per capita que em Portugal é de 24000 usd e nos incompetentes dos luxemburgueses que não sabem jogar futebol é de 133000 usd, quase, quase 6 vezes mais;

Salario medio no país dos 6 a zero é de 1400 euros e naquele país pouco competente em futebol é de uns estonteantes 6500 euros, ui muito pouco, e aquém dos 6 a zero;

O salario mínimo em Portugal é hoje de 760 euros, por lá é de 2800 euros a roçar as 4 vezes mais;

Como se não bastasse estes 6 a zero que nos dão, ainda temos as despesas mais baratas, como: a gasolina, o kw/h, uma grande variedade de alimentos e acima de tudo aqueles que o governo quer reduzir o IVA, são genericamente muito mais baratos que em Portugal, alguns como referencia: ovos, azeite, leite, etc, mesmo com a redução do IVA que se prevê de forma provisoria.

A goleada do Luxemburgo a Portugal, não é de 6 a zero, nada disso, é de muitos mais a zero no contexto económico.

E agora ainda conseguem gozar com os luxemburgueses? Ou afinal são os luxemburgueses que nos devem gozar e demonstrar a incompetência dos nossos governantes? Afinal qual é a goleada que importa? Os 6 a zero do futebol, ou os muito a zero na economia que eles nos “dão”?

Seria bom pensarmos maduramente nisto e não nos futebóis que não servem para a qualidade de vida das pessoas. Os nossos governantes deveriam deixar-se de bestialidades e em vez de ir a correr assistir a jogos de futebol deveriam pensar mais como atingir o nível dos incompetentes futebolísticos dos luxemburgueses. Que tristeza esta gente que pensa mais depressa num jogo de bola do que na vida das pessoas.

Mas ainda não ficamos por aqui na desgraça dos 6 a zero, ou não fossemos nós uns habilidosos nestas coisas da economia e andarmos distraídos com o fabuloso resultado dos futebóis, coisa mais importante que a vida real, pelos vistos.

Foi penoso assistir por estes dias a um novo “fait divers” com as contas apresentadas por agentes económicos genericamente denominados por grandes superfícies. O esforço hercúleo que fizeram para fazer acreditar a populaça que afinal aquele lucro de 729 milhões dos dois intervenientes, pingo doce e continente, que são uns crescimentos fabulosos de 27,5% para o primeiro e 17% para o segundo, era afinal uma ilusão de um qualquer passe de mágica, foi um fartote de rir para quem entende destes assuntos. Mas pelos vistos, isto não foi conseguido por aquilo que todos sabemos e que tem um nome: especulação, mas sim por razões que afinal a razão desconhece. Mas coitados, eles até disseram que absorveram parte dos aumentos dos preços dos fornecedores, não sei se ria, porque não é para rir mas para reflectir, no estado a que o descaramento chega.

Mas se foi assim nestes agentes económicos, e se a coisa passou algo despercebida pela euforia dos 6 a zero, já na TAP deu sim, que falar pelo lucro de 65,6 milhões de euros que espremido deu zero, ou seja metade foi uma “borla” fiscal e o restante cortes salariais. Foi triste de ver, o governo a embandeirar em arco, onde se ouviram frases como: “recorde histórico”, ou “passo solido nas perspectivas para o futuro da empresa”, e paralelamente terem despedido a menina com um tracinho no nome, para limpar a borradas das figuras centrais desta barracada toda, numa tentativa de segurar o governo, mas com um bónus de 600 milhões a que a moçoila tem direito, e mais se verá adiante, pois a procissão vai ainda no adro. A pancada da forma como trataram este assunto vai sair ainda muito mais caro do que já foi.

Sim tudo isto é a tristeza do 6 a zero, porque é mais do que evidente, que quem nada nu na maré baixa, vê-se o que não se quer.

Até á próxima

José Janeiro

 

 

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