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O PAPA VAI NU

03-02-2023 - José Janeiro

No momento em que escrevo esta cronica, está em polvorosa a aberração que são os custos das Jornadas Mundiais da Juventude. Gostamos de fazer tudo, á grande e á francesa, seja lá o que isso seja. Previamente, faço uma declaração de interesses: Sou convictamente ateu e sei porquê, talvez os crentes não saibam porque não o são.

Paradoxalmente, esta confusão dá cá um jeito ao governo para desviar as atenções das outras broncas, que não sei se repararam, continuam a aparecer, como cogumelos em dias de outono.

Convêm neste momento, lembrar dois grandes aspectos aos nossos excelsos decisores / governantes:

  1. Ainda que haja dúvidas sobre o laicismo da Republica Portuguesa, é aceite implicitamente tal facto, e há um patamar de igualdade entre confissões religiosas, que deve ser respeitado, não se devendo beneficiar especialmente nenhuma. Quando outros quiserem fazer festanças religiosas como ficam?
  2. Mas se isto não fosse suficiente, recordaríamos a razão do Papa ter escolhido o nome Francisco, segundo ele, em homenagem a Francisco de Assis, conhecido por ter fundado a ordem mendicante dos Frades Menores e o seu célebre voto de pobreza. E agora vai aceitar estes luxos?

Posto isto, o disparate e a grandeza do que querem fazer e o choque em especial, num momento de extrema dificuldade para o povo Português, assume contornos de um provincianismo bacoco e condenável em toda a linha.

A pressa com que estão a decidir sobre uma obra que se sabia necessária desde 2019 e a falta de planeamento cronico em deixar tudo para a ultima hora, leva não só a um aproveitamento económico com custos acrescidos, mais que não seja, pela pressão de prazos e também por alargamento das horas de trabalho necessárias á sua execução. É dos livros de qualquer manual básico de gestão de um qualquer curso universitário logo no 1º ano.

Ouvir frases como: “Os portugueses querem ou não o papa em Lisboa?” e “toda aquela zona do trancão vai ficar para o futuro, acreditem que vai ser um evento extraordinário para Lisboa”, não sossega ninguém pelas experiencias passadas com a Expo e com os estádios do euro. Isto cheira tão mal quanto cheirava o Trancão há uns anos atrás.

Todos nos lembramos do histerismo do nosso selfies de estimação e apurador-mor, quando foi conhecida a decisão do evento para Portugal, todos sabemos da inercia dos decisores, mais ou menos ocupados em contratos duvidosos para os amigalhaços, como os que estão a ser destapados na CML e agora o Senhor Troquinhos, que acordou para a vida em Dezembro de 2022, ou seja mais que um ano depois de ter sido eleito, levou a uma solução: ajustes directos para tapar a burrice, tudo a coberto de uma excepção no Orçamento Geral do Estado.

O menino Carlinhos, esteve mais ocupado a ir aquela aberração do Cristina Talks e nem a nossa senhora do sapato e do chulé num Louboutin, o tal sapatinho de Cinderela mais caro que um salario, o protegeu da incongruência da decisão tomada.

Mas seja como for, e não colando aqueles cálculos projetados para a justificação do disparate, ainda menos cola, que perante as dificuldades conhecidas no SNS e na Educação, se estoire mais de 81,5 milhões, ou será segundo outros, mais de 160 milhões, num evento que não diz respeito pagar num estado enquanto laico.

A divisão de referencia, de que 36,5 são a cargo do governo, 35 milhões da Camara de Lisboa e 10 milhões da camara de Loures, como se os financiadores destes tipos fossem outros que não o contribuinte Português, é no mínimo estupido e fazer-nos de parvos. Ganhem vergonha nas ventas caramba.

Se quisermos olhar em prespectiva para a estupidez diria: é mais de 20% que o orçamento em infraestruturas hospitalares e são 10,9 vezes o custo de uma escola como a decidida para o Parque das Nações. É disto que estamos a falar.

Mas se isto não bastasse, para olhar a tamanha estupidez deste histerismo Papal, temos outra questão base: Cristo, o tal pseudo fundador desta Igreja, que diria disto? E Francisco de Assis o inspirador Papal que diria? Todos, crentes e não crentes, quiçá sabem a resposta.

Ver agora o passa culpas entre os que tomam estas decisões, é de uma pobreza de espirito a toda a prova: o bispo auxiliar diz que são decisões do governo, o governo diz que foram exigências do vaticano, o vaticano diz que não, e o selfies como não podia deixar de ser, tirou uma selfie no local com todos os idiotas que agora nada sabem.

Entretanto no meio de toda esta palhaçada ficámos a saber que afinal há mais palcos e que os custos agora são mais do dobro do que se estimava e já se fala em mais de 160 milhões de euros, tudo isto por 5 dias de regabofe Papal e de uns imberbes que cantam umas hossanas e que querem assim ganhar o céu, que só pode ser o dos pardais que é a barriga dos gatos, porque o tal Deus, ou o tal Cristo sempre reprovariam esta sumptuosidade e é certo para o céu não vão.

Pelo caminho os custos do alojamento disponível já aumentaram 600%, fala-se numa semana a custar mais de 5000 euros, deve ser este o retorno económico que o Troquinhos falava para justificar a estupidez, quem sabe. Entretanto soubemos que os salários se degradaram desde 2015 em mais de 20%, vivam os idiotas e os que votaram nesta pandilha estão todos de parabéns… só que olhando para as contestações de rua, por certo ninguém votou nesta gente, vá-se lá saber como ganharam a maioria.

A acreditar na Bíblia, Cristo pregava num monte com Oliveiras, os seus ignóbeis pseudo sucessores e seguidores, não lhe seguem o exemplo e fazem um altar-palco e festividades sumptuosas de 81,5 milhões ou sei lá de 160 milhões, segundo dados mais recente e que incluem uma profusão de altares-palco, como agora lhes chamam. E a Igreja onde fica neste imbróglio? Quanto paga?

Ah espera fica permanente para novos eventos, talvez para as Cristinetes Talks, ou talvez para uns concertos da Maria Leal, ambas berradoras profissionais. No futuro lembrem-se do que estes tipos disseram e depois cobrem.

Soube-se agora que para adaptar aquele palco junto ao trancão ainda haverá mais custos, que regabofe nisto se tornou e a populaça toda caladinha porque demonstrar descontentamento dá muito trabalho e está cá um briol que não apetece sair do sofá.

Sim, o Papa vai nu e a decisão mais logica, deveria ser um monte, uma oliveira e uma cadeira, talvez demonstrasse o que valia, e acima de tudo, o dinheiro era melhor empregue na sociedade e nos nossos habitantes, aqueles contribuintes que pagam estes luxos aberrantes.

Até para a próxima

José Janeiro

 

 

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