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É nosso dever cívico criticar

04-03-2022 - Joaquim Jorge

Pessoas como eu, que gostam de criticar e chamar à atenção do que acham que é incorrecto e está mal, levam-nos a ter mais inimigos do que amigos.

Todavia ao longo dos anos muita gente que não me entendida e chamava-me agressivo, excessivamente frontal e que há coisas que não se podem dizer, mas somente pensar, tem vindo a aproximar-se de mim e a dar-me razão.

O problema para quem escreve, opina, intervém publicamente, tem que ver entre uma linha de se incomodar e uma linha de não se incomodar, não ligar, ser manso, dócil e tudo aceitar. A tentação de nada fazer, por vezes, é mais forte e cómoda do que actuar e intervir.

Os políticos, essencialmente quem está no poder, tudo fazem para que acreditemos nas suas boas intenções, especialmente perto de eleições. O que é que eu pretendo ao intervir das mais variadas formas: escrita, debates, rádio e televisão ( agora não me convidam)? Informar, denunciar, alertar,comunicar, noticiar, participar, revelar, demonstrar, mostrar e, por vezes, acusar quando tenho provas evidentes. No fundo procurar melhorar a vida pública.

Mas, por vezes, sinto-me cansado de estar a pregar no deserto. Nada se modifica e ninguém faz o menor caso. Porém, não posso ser pretensioso ao ponto do que faço consiga mudar o curso dos acontecimentos. No fundo, sinto que não tenho nenhum papel (apesar de me dizerem que tenho). Daí, achar que caio no ridículo por não me calar e conter, não tendo a mínima influência em nada.

Critico muitas vezes o governo, a oposição, presidentes de câmara e nada muda. Deste modo, tenho que dar razão a quem acha que não vale a pena insistir e que não passo de um sonhador, que caio no ridículo e acusado de querer protagonismo.

Digam o que disseram os cidadãos, ora escrevendo, ora queixando-se, ora reclamando nada se modifica ou altera. Na cabeça dos governantes nacionais ou locais, está a sua vitória nas eleições e têm quatro anos para fazerem o que lhes apetece.

Não importa, nem conta, não cumprir promessas eleitorais, rasgar compromissos assumidos, enganar e trair os cidadãos e causar danos irreparáveis e hipotecar o futuro.

Todavia pensando bem, não consigo conter-me e deixar de denunciar abusos de poder, injustiças, denunciar gente sem escrúpulos e atrocidades constantes neste país.

É importante tratar de abrir os olhos a quem os têm fechado, procurar que as pessoas reparem no que se passa à sua volta e quem detém o poder, argumentar contra as arbitrariedades, denunciar práticas ditatoriais exercidas em democracia, protestar contra decisões tomadas, abuso dos direitos e liberdades e advertir como forma menos lícitas de actuar e governar.

Seria mais cómodo, nada fazer e dizer, mas ser “livre” é uma opção política e de vida. Se falamos caímos no ridículo e julgam-nos por segundas intenções. Se nos calamos e nada fazemos , portámo-nos como cobardes e mansos à espera de algo.

Acredito que a influência é mínima ou zero, mas de uma coisa estou certo que são incomodarmos um pouco e estivermos atentos ao que se passa seria ainda pior.

Os políticos e quem governa querem aplausos, vénias e reverência. A única prova que tenho que não é uma absoluta inutilidade intervir, apesar de aparentemente não fazerem caso e encolherem os ombros, perante as denúncias e gritos revoltosos. Tenho a certeza que gostariam que desaparecêssemos, mas ao não conseguirem fazê-lo não nos querem como inimigos declarados.

Devemos e temos que ter a ousadia e a determinação de incomodar, chamando à atenção, fazer pensar quem nos lê, escuta e vê, ter uma visão diferente do poder instalado. É importante assinalar os abusos, imbecilidades, cinismo, desfaçatez, as suas razões grotescas, por fim, exigir que nos prestem contas e que expliquem as suas decisões.

Joaquim Jorge

Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores

 

 

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