Novo ciclo

01-11-2013 - Humberto Neves

Sempre afirmei que as eleições autárquicas do passado dia 29 de Setembro marcavam, por diversos factores, o fim de um ciclo político e, consequentemente, o início de um outro. Desde logo porque o paradigma de governação local que se viveu desde 1976 chegou ao fim. Almeirim encontra-se dotado das infraestruturas necessárias a um concelho, pelo que a aposta daqui para a frente terá que ser, forçosamente, no desenvolvimento económico do concelho e nos apoios sociais aos mais desfavorecidos.

Por outro lado, o início deste novo ciclo político está também relacionado com a saída de cena do ex-presidente Sousa Gomes. Dos quase 24 anos que esteve no poder, vinte foram com maioria absoluta que, muitas das vezes, se confundiu com poder absoluto. Talvez por isso mesmo, Pedro Ribeiro tenha afirmado, no discurso de tomada de posse que «as maiorias absolutas não podem ser poderes absolutos», marcando desta forma uma separação entre a actuação do seu antecessor e a sua.

No dia em que escrevo este artigo (30.10.2013), foi publicado pela “Transparência e Integridade, Associação Cívica” um estudo levado a cabo sobre o «grau de transparência das Câmaras Municipais através de uma análise da informação disponibilizada aos cidadãos nos seus web sites». Neste trabalho de investigação, o Município de Almeirim ficou em 263º lugar, com apenas 22 pontos em 100 possíveis. Ao nível dos 21 concelhos do distrito de Santarém, Almeirim quedou-se pelo penúltimo lugar (à frente de Mação), sendo o pior no âmbito da CIMLT.

Quem acompanha mais de perto da vida política local sabe da enorme resistência que, até agora tem havido, no que concerne à divulgação de informação por parte do Município de Almeirim, não só aos cidadãos mas, também, aos autarcas da oposição (nunca é demais recordar que o anterior presidente nunca deu a conhecer à Assembleia Municipal, apesar de ser uma obrigação, os processos judiciais em que o município era interveniente).

Apesar do partido no poder ser o mesmo e o actual presidente do município ter feito o seu aprendizado político com o anterior, estou convicto que a sua actuação será diferente. Mais dialogante e mais cooperante com a oposição e, sobretudo, mais transparente. Mas, para tal, é necessário que as palavras se transformem em actos e, isso, só o tempo se encarregará de demonstrar.

Humberto Neves

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