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Gervásio o nobre chimpanzé

18-06-2021 - Francisco Pereira

“O Gervásio levou exactamente uma hora e doze minutos a aprender a separar as embalagens usadas…” Era assim que começava uma campanha televisiva inovadora lançada pela Sociedade Ponto Verde, no ano 2000, cujo objectivo era sensibilizar os habitantes deste infeliz lugarejo, muito mal frequentado, a que chamam Portugal a fazer reciclagem, uma tentativa para que a reciclagem se tornasse parte dos hábitos diários dos indígenas.

A estrela dessa campanha era o chimpanzé Gervásio, um primata evoluído de dedo oponível, animal inteligente e nosso primo directo, nesta coisa da evolução, que alguns macacos ainda teimam em negar, agarrados que ainda estão às patetices dos deuses e porcarias do género. Vinte e um anos depois que resultados terá tido essa campanha?

Na sua localidade, caro leitor ou leitora, não sei, mas vou contar-lhe, a realidade aqui deste pardieiro provinciano onde habito. É essa realidade triste, muito triste, a mais grossa fatia do indigenato local, no que à reciclagem concerne, não se qualifica como primata evoluído, por outras palavras, a maioria dos habitantes deste infeliz pardieiro, não chega a chimpanzé não possui as elevadas qualidades intelectuais que permitiram ao Gervásio, aprender em pouco mais de uma hora a fazer reciclagem, essa vasta maioria de primatas locais, estará ali entre o singelo sagui e o abrutalhado babuíno, estando eu seguro que o grosso da horda milita definitivamente no campo do babuíno, porque a observação atenta dos comportamentos leva-nos a rapidamente chegar à inevitável conclusão que, esta rapaziada é uma verdadeira corja de babuínos.

No que toca à reciclagem, esse comportamento babuinesco, tem um dos seus máximos expoentes, em querendo confirmar aquilo que ora afirmo sem pudor de erro, bastará ao inteligente leitor e ou leitora, dar uma volta aqui pela cidadelha, parando aqui e além para verificar o interior dos contentores do lixo, nem tem sequer de levantar a tampa, pois muitos não possuem tampa, enquanto que outros, estão escancarados porque os babuínos tem dificuldades em fechar tampas, podendo nós dessa forma, acercar-nos desses objectos fétidos, verificando então, que lá dentro estão depositados a granel todo o tipo de desperdícios mais ou menos repelentes e viscosos, por junto com plásticos variados, cartão, papel, vidro, lixo doméstico largado a esmo, enfim o que se queira, provando quão avessos à reciclagem são os habitantes locais, que nem conseguem chegar aos calcanhares de um chimpanzé.

Outro local, onde in situ, se pode constatar, a fraqueza destas gentes, é a zona industrial, aonde curiosamente não se vislumbra sequer a sombra de um ecoponto, lançando um olho aos contentores do lixo daquela zona, lá estão resmas acamadas, de plásticos, cartão, desperdícios industriais, embalagens plásticas com restos de produtos químicos, seguramente tóxicos, uma verdadeira orgia de porcaria, por ali campeiam os babuínos, reina a ganancia e o lucro, o resto que se lixe, ou que se lixo, os babuínos reinam.

No entanto, os poucos patetas que reciclam, triste maralha onde me incluo, conseguem encher os ecopontos, o que se traduz numa pavorosa conclusão, se nós os que reciclamos produzimos essa enormidade de matéria, quanto não estará a ser aproveitado, quanto não estará a ser pura e simplesmente atirado para as lixeiras para conspurcar ainda mais o nosso pobre martirizado planeta, quanta porcaria não está a poluir os aquíferos, a matar as espécies e a fazer seriamente perigar a nossa existência enquanto espécie, duvido que alguém saiba a resposta.

Gervásio o nobre chimpanzé levou exactamente uma hora e doze minutos a aprender a separar as embalagens usadas, vinte e um anos depois, uma vasta maioria de babuínos que habita por aqui onde vivo, ainda não conseguiu perceber como fazer o mesmo, e dizem-se eles animais racionais.

Francisco Pereira

 

 

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