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UM OLHAR SOBRE A ARROGÂNCIA

09-04-2021 - Francisco Pereira

Este tema surgiu em plena rua, durante uma conversa com um amigo, em que ambos concluímos, se calhar erradamente, que este Mundo está cada vez mais cheio de gente arrogante e muitas vezes, igualmente ignorante. Posteriormente depois de ter lido um «post» numa rede social da moda, que me pareceu supimpa para ilustrar isto da arrogância, avancei.

Ora, vamos lá então, a coisa conta-se rápido, para enquadrar, ele há um senhor que se intitula «Empresário», que ao que parece publicou uma vaga de emprego para preencher um cargo na sua empresa, um outro senhor respondeu, ou tentou, a essa vaga perguntando «sou professor é preciso currículo», despeitado o tal «Empresário» vai-se à rede social para zurzir no «Professor», declarando a dado passo que para ele «ser licenciado ou doutorado não lhe diz nada», este episódio não sendo mais que um quase fait diver de coscuvilheirice pateta, é um soberbo exemplo que bem revela, infelizmente, a realidade, que se prende com o facto de um e outro serem simplesmente dois tristes exemplos do miserabilismo intelectual que graça transversalmente na nossa sociedade.

Estes dois homens, são infelizes exemplos de uma espécie de pandemia de arrogância, que afecta o Mundo, são igualmente infelizes exemplos de uma atroz falência desta nossa Sociedade e da Educação, que a um e a outro não ensinaram nada, em especial a não serem arrogantes, a terem noção do ridículo, a demonstrarem respeito e demonstrarem humildade, coisa que é minha convicção, nenhum deles parece saber o que seja.

O homem que se intitula «Professor», revela que o nosso sistema de ensino teve no seu caso, um falhanço duplo, falhou a primeira vez ao não lhe conseguir ensinar que todas as profissões são dignas e podem ter especificidades, que nos obrigam, independentemente do nosso grau académico a porfiar com afinco para conseguir um bom desempenho, o menosprezo que demonstrou e arrogância, revelam mais uma vez que o sistema de ensinou voltou a falhar, porque alguém que demonstre aquelas pobres características pessoais não pode jamais aceder a tão nobre actividade pedagógica como seja essa de professor, indivíduo que se deve distinguir pela excelência dos exemplos, dos comportamentos e do saber, ora nada disto demonstrou o tal «Professor».

Igualmente mal na fotografia fica o tal «Empresário». Há um qualquer problema em Portugal que leva as pessoas a menosprezar o conhecimento, a menosprezar e a achincalhar os mais academicamente proficientes, é uma nossa característica cultural que não consigo entender, ou talvez consiga, se atentarmos à muita fanfarronice e arrogância que por vezes os detentores de graus académicos demonstram, poderá ser um qualquer complexo de inferioridade que se esconde no subconsciente só aparecendo em coisas como aquela delícia da labreguice pateteta que é alardear que como ensino se frequentou «a Universidade da vida» como se não frequentasse-mos todos essa universidade, só se for isso, ou então é apenas um simples demonstrar de ressabiamento invejoso, algo que é também uma muito nossa característica, seja lá como for, fica novamente demonstrado o falhanço desta nossa sociedade que não inculca nos cidadãos os bons exemplos.

Um empresário inteligente, sabe que um detentor de um grau académico superior, leia-se licenciatura ou superior, é regra geral, claro que existem excepções, uma mais valia para qualquer actividade, dado ter ferramentas que mais facilmente lhe permitem rentabilizar os exigentes processos do mundo actual, os conhecimentos informáticos ou de idiomas, são disso um bom exemplo, não reconhecer essa realidade é um nadita estulto, ainda para mais para quem alardeia qualidades empresariais, como o faz o dito «Empresário».

A arrogância com que os que possuem graus académicos por vezes presenteiam os «outros», faz com que exista uma grande e visceral reacção alérgica aos «doutores» que criam uma espécie de barricada onde uns de um lado e os outros do outro de enfrentam quantas vezes de dentuças, destilando pequenos ódios. Se a arrogância dos «doutores» me entristece, porque trai um dos objetivos do conhecimento que é permitir que nos tornemos pessoas melhores, o menosprezar o saber causa-me igual asco, ademais num país de analfabetos funcionais onde, fazendo fé nos dados da Pordata, apenas 21% da população possui ensino superior, tal menosprezo é absolutamente patético.

A arrogância é má conselheira, bem sei que todos individualmente, já fomos nalguma dada circunstancia arrogantes, faz parte da natureza humana, mas se o reconhecemos, se pedimos desculpas e se emendamos a mão estamos a ser bons cidadãos, estamos a ser civilizados e a demonstrar bons sentimentos estabelecendo um bom exemplo, existem no entanto pessoas que fazem da arrogância um estado de alma, nesses essa característica assume um aspecto patológico, por outras palavras é gente que se precisa de tratar.

Francisco Pereira

 

 

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