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DOIS FILHOS DO «BLOCO CENTRAL» E O «CAVAQUISMO TÓXICO» (PARA QUE A MEMÓRIA NÃO PEREÇA)

26-09-2014 - Alfredo Barroso

Foram ambos, nos respectivos partidos, responsáveis pela organização, com o controlo total dos aparelhos partidários – e quem conhece bem esses partidos por dentro sabe o que é que isso significa, em termos de poder e influência, a todos os níveis…

Foram ambos ministros. Um deles, terá mesmo chegado a telefonar à progenitora para lhe anunciar: «Mãe, sou ministro!». O outro, foi a um programa de humor bastante duvidoso fazer uma figura ridícula, desfigurando a bela canção «Only you»…

Ambos fizeram das suas carreiras político-partidárias e dos seus cargos governamentais os trampolins de onde saltaram para o sector privado das empresas e dos negócios…  
Um, enriqueceu rapidamente e chegou a estar ligado, entre outros negócios e empresas, a um banco que a corrupção levou à falência e foi desastradamente nacionalizado…  

O outro, foi administrador executivo (CEO) do maior potentado português da construção civil e obras públicas, proprietário da empresa que detinha a «concessão» do terminal de carga do porto de Lisboa, «oportunamente» renovada por muitos anos e bons…

São almas gémeas, filhos queridos do «bloco central» de interesses que nos governa. Um, pontificou no PPD e não se lhe conhecem outros antecedentes políticos. O outro, no PS, onde caiu de pára-quedas depois de passar pela UDP e por Macau. Bons rapazes, inteligências fulgurantes, golpes de vista geniais – e a fortuna sorriu-lhes…

O «fim das ideologias» é com eles! As suas carreiras edificantes são exemplos para uma juventude que ambicione enveredar pela política – no PSD ou no PS, tanto faz! – para, a seguir, dar o salto para o mundo do negocismo infrene e do enriquecimento fácil…

Não será difícil adivinhar o lema que os guiou: «Loureiro & Coelho, a mesma luta!».

No fundo, são resíduos do «cavaquismo tóxico» que impregnou todo o«bloco central». 

Como se sabe, o cavaquismo dominou ao país durante dez anos (1985-1995), e alguns dos seus resíduos mais tóxicos infectaram gravemente a paisagem política portuguesa.

Mas, infelizmente, o povo já se esqueceu dos escândalos que então rebentavam semanalmente nas primeiras páginas dos jornais, cheios de exemplos edificantes.

Sempre pensei que o cavaquismo era assim uma espécie de salazarismo democrático, em que o seu mentor era um poço de virtudes morais, o seu aparelho político um «saco de gatos» e boa parte dos seus apoiantes mais firmes e mais ilustres uma cambada de oportunistas e arrivistas em busca de sucesso material rápido e a qualquer preço.

A rigidez autoritária do poço de virtudes morais sufocou o espírito crítico e deu asas ao negocismo infrene como emblema de progresso, afinal efémero e ilusório. A verdade é que o «monstro» nasceu e começou a alimentar-se no seio do cavaquismo e que a «má moeda» prosperou no interior das suas hostes. A memória do povo é que é curta e, por isso, convém refrescá-la.

Os resíduos tóxicos do cavaquismo perduram. Contaminaram todo o «bloco central».

Os interesses sobrepuseram-se às ideias e aos programas abrindo a via ao pragmatismo sem princípios e à política sem alma. Nos partidos do «bloco central» continuam a vicejar eucaliptos que criam o deserto à sua volta. Por isso não espanta que Manuel Dias Loureiro (PPD) e Jorge Coelho (PS) sejam evocados, ainda hoje, como uma espécie de expoentes do sucesso da coisa.

Alfredo Barroso

 

 

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