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CAVADELAS E MINHOCAS - MINERALIZAÇÃO EM PRO BONO

17-07-2020 - José Janeiro

O para-ministro já entregou o primeiro relatório a que chamou: Visão Estratégica para o Plano de recuperação Económica e social de Portugal 2020-2030. Fui ler.

Não costumo ser “velho do Restelo” nestas coisas da evolução, quando se trate de evolução obviamente, a primeira coisa que nos salta á vista é o que já se sabia, após a entrevista concedida em Junho: betão, alcatrão e betão e alcatrão.

Na primeira pagina da introdução ainda havia uma réstia de esperança que iria tocar na ferida aberta em Portugal: a problemática da desindustrialização e do desaparecimento dos meios de produção, nas “épocas de ouro” do Cavaco Silva, que sem visão estratégica decidiu destruir o que a Europa achava superfulo a troco de milhões que originaram a maior concentração de Ferraris da Europa e umas quantas maisons PEDIP. Mas não. Nas 120 paginas, 58 são ocupadas com uma pseudo radiografia contextual, cheia de lugares comuns e gráficos em abundância, truque que se usa nestes documentos quando não se sabe o que dizer e temos que fazer a coisa a metro. Na introdução diz o Antonio Costa II: “ O pós-pandemia deverá ser acompanhado por um reposicionamento das sociedades relativamente ao seu modo de organização, comportamentos e estilos de vida e pela transformação da economia nacional, evoluindo para um modelo de crescimento mais justo, próspero e eficiente, no uso regenerativo dos recursos e dentro dos limites dos sistemas naturais. ” Fiquei esperançado.

Mais à frente aflora a temática da “ reconversão industrial e a reindustrialização ”, nova esperança, mas quando vamos ver as ideias sobre este desígnio, encontramos então os ditos eixos:

Ferrovia - aflora o eixo Sines - Madrid projecto já em fase de execução e umas quantas modernizações e a melhoria do eixo Lisboa-Porto em alta velocidade para combater o avião nesse percurso! Mas a TAP afinal não é estratégica? E o resto do país como fica? Possivelmente desconhece, o estudioso, que a bitola Portuguesa não “casa” com a Europeia e irá haver mais movimentações de carga num qualquer hub Madrileno. Não se entende! Defendo uma linha dedicada de bitola Europeia para escoamento por ferrovia de materiais e Matérias Primas, mais uma vez seremos votados á extremidade da Europa.

Reindustrialização - fiquei animado, pensava que vinham novidades. Realmente vieram chama-se produção de Hidrogénio e exploração de minério, ou não fosse ele Engenheiro de cavadelas mineiras. A produção de Hidrogénio além de cara e consumidora de energia pelo uso da eletrolise, já em Nov de 2019 se falava disso, não sei que novidade é esta. Acresce a proposta de rotulo de marca portuguesa com a menção: “Estes produtos portugueses foram produzidos no país que tem 57% da eletricidade gerada por fontes renováveis” , a serio?

Reconversão industrial - voltei a ter esperança. Pensei: vai propor que se utilize a rede de centros tecnológicos e o retorno de industrias deslocalizadas, enganei-me! Afinal é a aposta na industria automóvel e reconversão para a nova era dos electricos. Mas o homem não sabe que temos 3 unidades de fabrico automóvel: Auto Europa, Renault e grupo PSA? E que as decisões sobre a tecnologia automóvel são tomadas nos grandes conglomerados produtores de veículos? Mas isto é o quê? Um flop? Para ser moderno (atrasado claro) chama-lhe criação de um cluster. O Porter já enriqueceu com a teoria e já passou de moda.

Recapitalização das empresas - Finalmente algo útil e uma boa ideia pois tenta jogar com ideias de coinvestimento para ganho de escala.

Banca - propõe a continuação da reestruturação do sector, não diz como, baseia-se apenas “tax losses carry foward”, ou seja a plurianualidade da imputação de perdas para gestão de rácios de capital. Deixa de fora o papel da banca na recapitalização da economia, não é surpresa alguma.

Estado - Nem uma palavra sobre o emagrecimento da maquina estatal, limita-se a pedir uma espécie de “loja do cidadão” para as empresas. O facto do Estado ser uma maquina monstruosa consumidora de recursos não merece um reparo estratégico. Temos um, senão o pior rácio, de custo do estado por habitante, mas isso iria mexer no queijo do António Costa PM e há que calar a boca.

Turismo - Cá vamos nós. Verificámos o problema existente com o suporte económico muito centrado no Turismo e menos nas industrias produtivas e não se aprendeu nada. Há que equilibrar a economia nos diferentes sectores de actividade. A ideia peregrina de aumentar o vector de turismo com maior poder económico esbarra numa realidade que ele não mediu: a percentagem de potenciais turistas com elevado poder económico que nunca substituirão o Mónaco, por exemplo, por Portugal. É apenas estúpido.

Transicção energética - umas quantas generalidades sobre a captura de carbono via a floresta, falta saber se floresta de eucalipto ou de espécies autóctones.

Saúde - construção de novos hospitais e deixar cair de podre os existentes, parece ser a melhor leitura que se pode fazer. Nada de importante dali se retira.

Social - o destaque vai para a habitação social para jovens tendo em vista a estabilização da vida, mas como quer ele que isto seja feito se não haverá emprego por falta de medidas objectivas em todo o resto do plano?

Sempre disse que o “pro bono” e ir buscar uma pessoa apenas porque mandou umas bocas, não daria resultado e a prova está á vista: uma mão cheia de nada.

Aqui no nosso jornal fiz um artigo: http://noticiasdealmeirim.pt/opiniao_completa.asp?id=11316 em que explicava quais as linhas a ter em atenção, não critico por criticar dou soluções objectivas.

Até para a semana

José Janeiro

 

 

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