Credibilidade
29-08-2014 - Francisco Pereira
Mercúrio arrastava já o anel de fogo para longe do horizonte, os seus últimos raios davam corpo aqueles tremendos ocasos mediterrânicos, que são de tal modo extasiantes que nos põem a pensar, em quão triste é um país com toda este beleza e potencialidades ser habitado por tal súcia de rebotalho.
Nos copos, estupidamente gelado, como diz um grande amigo, o branco frutado da Companhia das Lezírias, estagiava, enquanto se discutia a credibilidade dos políticos nacionais.
- Mas tu não acreditas em fulano, sicrano e beltrano – atirava um amigo olhando para mim – são pessoas de muito crédito!
Olhei para ele e desatei a gargalhar, primeiro com os nomes que alumiara, depois com a certeza que o declarava, este meu amigo, pessoa inteligente e capaz, talvez toldado pela sua militância social-democrata, ainda acredita em histórias da carochinha, já está melhor, já o oiço dizer cobras e lagartos de AJJ o ogre despesista da ilha, uma melhoria assinalável, ainda assim ainda longe da realidade desta país de miseráveis e bandalhos.
A conversa continuava, a temática girava à volta da credibilidade dos políticos nacionais, a dada altura já as esposas participavam e traziam visões diferentes de problemas comuns, passadas umas horas estávamos todos de acordo, com muito poucas excepções, fomos, somos e seremos governados por bandalhos ineptos e incapazes vigaristas!
É vergonhoso verificar, que as supostas elites deste país, são afinal a fina flor do rebotalho que somos enquanto sociedade, eivadas dos mesmos vícios e taras, e predispostas até ao tutano a todo o tipo de vigarices e trafulhices de esbanjamento dos dinheiros públicos, e isto atestasse pela simples consulta da historiografia financeira dos últimos 300 anos, é ver o fartar vilanagem que tem sido, é ver as vigarices e trafulhices várias, os compadrios e nepotismo a vergonhosa oligarquia dos poderosos a subserviência ao dinheiro e a sempre presente ganância.
Actualmente não reconheço credibilidade em nenhum político nacional, até prova em contrário claro está, aliás a grande maioria desconhece completamente o que significa ser honesto, leal, honrado e decente. A grande maioria é de uma falta de pudor assombrosa, possuindo igualmente uma capacidade de mentir inaudita e prodigiosa, ludibriando com mestria, todos os lorpas, que se queiram iludir com cantos de sereia.
Depois basta ir seguindo as notícias, trafulhices com património predial, com acções de bancos falidos, com casas de férias, com estadias em capitais europeias, com empresas que viviam dos subsídios europeus, enfim é escolher que há de tudo para todos os gostos, até gente a quem chamam “doutor” e que tirou a licenciatura por equivalência, tudo vale neste país de bandalhos, tudo é lícito e tudo é justificado com a maior cara de pau.
Somos governados por inúteis incompetentes, que tem a mania que percebem muito daquilo que supostamente deviam saber, mas como prova o dia a dia nacional, não sabem, e não só não sabem como vão acumulando disparate em cima de disparate, estupidez em cima de estupidez, cientes de que nunca serão incomodados pelas decisões estúpidas que tomam, e esse é o outro grande problema deste pretenso Estado de Direito, desta Democracia, a completa desresponsabilização das muitas bestas quadrúpedes que passam pela política e pelas posições de Estado.
Francisco Pereira
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