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O triunfo da “Era dos Burgessos”

17-04-2020 - Francisco Pereira

Mal habituados, durante as últimas duas centenas de anos a figuras políticas de qualidade, os cidadãos do Mundo desesperam, ou se calhar não, dada a curteza da memória, mais ainda neste tempo que é o tempo dos desmemoriados desmiolados digitais.

Onde estão aqueles velhos bastiões da política, onde estão os Richelieu, os Disraeli ou Passos Manuel, para citar apenas alguns exemplos, veja-se Portugal, a seguir ao bafio de um Estado que se quis novo mas mais não foi que uma reedição sacrista do despotismo feudal de antanho, vemos surgir figuras de excelência na esfera política, homens cultos e capazes, que goste-se ou não dos seus percursos ideológicos não podemos porém, se quisermos ser intelectualmente honestos, por de parte a elevada qualidade dessa gente, onde pontuam, Soares, Sá Carneiro, Freitas do Amaral e Cunhal entre outros, apenas para citar alguns dos mais mediáticos.

Também lá por fora se reconhecem as qualidades de um Roosevelt, de um Delors, de uma Indira, de um D’Estaing ou de um Schmitd, para não ser exaustivo que a lista é longa e distinta. Esta gente revelava uma bagagem cultural de excepção, uma verdadeira empatia com as suas sociedades o que por vezes significou tomar decisões quiçá duras, no entanto uma realidade é indesmentível, a grande qualidade e o tremendamente elevado sentido de Estado que toda esta gente revelava.

Infelizmente não durou muito porém esta casta de boa cepa, os anos 90 do século passado começaram a ver o triunfo daquilo a que chamo a “Era dos Burgessos”, era essa ainda inaugurada nos anos 80 pelo Reino Unido com a sua Dama de Ferro.

Portugal infelizmente não fugiu à regra, a partir dos anos 90 já vai longa a sucessão de analfabrutos burgessos que ocuparam os mais altos cargos desta miseranda Nação, personagens medíocres que saindo de sítios tão díspares como seja Boliqueime, Coimbra e passando obviamente por Lisboa se dedicaram alegremente a estropiar o que vai resistindo deste pobre e depauperado reino do estardalhaço que vulgarmente chamamos Portugal.

Mal habituados estávamos, ou talvez não, porque o quadro actual mais não é que um reflexo desta sociedade imediatista, voyeurista que se comporta como se estivesse num grande realty show ao estilo de uma casa de segredos onde todos se enredam numa imensa teia de putaria, baixo nível e intriga, um verdadeiro chiqueiro onde tudo é devidamente polvilhado por instantâneos partilhados por redes sociais onde muitos vivem em quase exclusividade, hoje para ser verdade tem de se publicar uma fotografia seja lá onde for.

Não admira pois, que pelo Mundo despontem tão excelentes exemplares desse novo paradigma societário o analfabruto burgesso, vejam-se os casos dos Estados Unidos ou do Brasil, são verdadeiros exemplos do triunfo da “Era dos Burgessos”, estaremos infelizmente condenados a esta miséria intelectual, a esta atroz pobreza franciscana intelectual, que mais não é do que o reflexo de uma sociedade que se demite, uma sociedade sem qualidade que não vive, apenas vegeta.

Francisco Pereira

 

 

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