Universidade de Aveiro investiga forma de potenciar mais e melhores vinhos
26-02-2016 - N.A.
“Com a nova ferramenta ganha o produtor, que tem menos encargos com o processo tecnológico, ganha o consumidor, que bebe um vinho com menos coadjuvantes enológicos adicionados, e o ambiente, pela diminuição da necessidade do uso de químicos na vinha e no lagar”, defende uma nota divulgada pela Universidade de Aveiro (UA).
A autora do estudo explica que este pretende ser uma ferramenta que ajude a fortalecer o sector vitivinícola em Portugal, “criando oportunidades para alcançar mercados mais exigentes, que primam pela qualidade e diversidade”.
Sílvia Petronilho realizou a investigação no âmbito do seu doutoramento em Química, sob orientação científica dos professores Manuel A. Coimbra e Sílvia Rocha.
O trabalho englobou o estudo de sete castas, brancas e tintas, estudadas ao longo de três anos em vários tipos de ambientes e localizações.
Ainda que tenha sido circunscrito, para já, à herdade do Campolargo da Região Demarcada da Bairrada, a investigadora assegura pode ser extrapolado para qualquer zona de produção vinícola nacional.
A investigação destaca ser importante perceber qual é o potencial enológico de cada casta, ou seja, “quais as características físico-químicas de cada casta nos diferentes locais de cultivo já que estas, ainda que sejam do mesmo tipo, podem variar consoante as características naturais do local em que são produzidas”.
Assim, conforme o vinho que se quer produzir, o produtor pode decidir qual o binómio casta/local que melhor lhe interessa, explica a cientista.
“A definição deste binómio é uma ferramenta fundamental para os produtores de qualquer zona do país”, garante Sílvia Petronilho.
No entanto diz que “o estudo tem que atender às especificidades de cada região”, já que as condições das vinhas na Bairrada são “completamente diferentes das vinhas por exemplo do Douro ou do Alentejo”. “Para as diferentes regiões é fundamental perceber qual é o potencial enológico de cada casta, nomeadamente em termos de aroma, adstringência e cor, visto que a composição das uvas, ainda que pertencentes à mesma casta, variam consoante as características do local em que se encontram”, explica a investigadora.
A UA refere que já estão a ser estabelecidas parcerias com produtores de várias regiões demarcadas do país para a aplicação do conceito de qualificação e valorização das castas na produção de vinhos brancos, tintos e rosés.
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